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EDITORIAL

Apesar de tudo, avança o levante nacional estudantil

No último domingo (30), os resultados das eleições municipais confirmaram a tendência do fortalecimento do bloco golpista do governo Temer. Esse venceu em 46 das 57 disputas eleitorais de segundo turno. No resultado final, irão comandar nada menos que 81% do leitorado brasileiro.

A vitória política do bloco de sustentação do governo é inegável. Na contracorrente desse momento político, nessa segunda (31), o movimento das ocupações estudantis avançou, em especial, nas universidades.

Para exemplificar, na UFRGS 18 novos cursos foram ocupados. Na UFMG, a onda de ocupação chegou a 11 cursos. Na UnB, em uma assembleia com 1.200 estudantes, foi aprovada a ocupação da reitoria. Na UFRPE, a assembleia estudantil deflagrou greve por tempo indeterminado. Na UFRJ, ocorreram as primeiras ocupações no IFCS e no Instituto de História. E a lista segue.  

Ao todo, são 1155 instituições de educação ocupadas, sendo 105 universidades e cerca de 800 escolas no Paraná. Esse movimento é hoje o principal foco de resistência ao governo Temer e seus ataques.

Pode ENEM com ocupação? Pode!
Diferente da mentira em que o governo quer que a população acredite, as ocupações devem e podem continuar sem prejuízo para a realização da prova. Por exemplo, o segundo turno das eleições municipais aconteceram sem que os estudantes tivessem que desocupar. Os TREs decidiram por alterar locais das votações em quatro estados, Espírito Santo, Goiás, Paraná e Pernambuco, totalizando em nove cidades, do total de 57 em que ocorreram eleições de segundo turno. Em seis, Maceió (AL), Vitória da Conquista (BA), Vila Velha (ES), Belo Horizonte e Juiz de Fora (MG), as votações ocorreram nos próprios locais em que há ocupação, resultado de acordo entre alunos e Justiça Eleitoral. No restante das cidades não ocorreu coincidência entre locais de votação e ocupações, ou são cidades onde não há ocupações.

Isso mostra que os ultimátuns intransigentes do governo exigindo a desocupação das instituições de educação não passam de uma chantagem para tentar jogar a opinião pública contra as ocupações. Além de não ser um empecilho para a realização das provas, em várias ocupações estão sendo organizados ‘aulões’ preparatórios para os estudantes que irão concorrer à tão sonhada vaga no Ensino Superior.

O único entrave para que a juventude alcance e possa usufruir do direito à educação é o próprio governo e seus ataques. O movimento das ocupações está disposto a fazer de tudo para garantir a realização das provas, a começar por reivindicar que o governo remaneje os locais de provas, ou negocie com as ocupações a realização nas próprias escolas ocupadas.

As ocupações irão continuar e vai ter ENEM sim!

Negocia, Temer!
Ao invés de partir para a chantagem e intimidação, o governo Temer e o Ministério da Educação – MEC devem receber as pautas das ocupações. Entre os primeiros itens estão a retirada da PEC do Fim do Mundo (agora PEC 55) de tramitação no Congresso, o recuo da MP 746 da Contrarreforma do Ensino Médio, que sequer foi debatida pela população e o fim das investidas com a Lei Escola Sem Partido, mais conhecida como Lei da Mordaça.

Nossa pauta está na mesa. Enquanto isso, o governo segue acusando nosso movimento de radical e intransigente, mas não são eles que se negam a receber e ouvir nossas pautas? Sabemos quem o MEC gosta de receber, não esquecemos que o primeiro a ser consultado sobre os rumos da educação foi o estuprador confesso Alexandre Frota.

Para apresentar as pautas dos movimentos é preciso construir um Comando Nacional das Ocupações e Mobilizações estudantis, tal como foi proposto pelos estudantes do Paraná. É urgente avançarmos em nossa luta por meio da atuação em rede das centenas de ocupações por todo o país.

Vamos firmes, pois não há tempo a temer!

Foto: Reproduão Facebook