Por: Michele Dias Forão, de Santo André, São Paulo
As duas últimas eleições municipais na região do grande ABC apresentou um cenário preocupante. Foi resposta de uma disputa ideológica muito bem feita pela direita e seus aliados, incluindo o apoio das grandes emissoras de TV que têm agido tendenciosamente na propagação dos males da operação Lava Jato, desvio de verbas públicas, gastos exorbitantes e má gestão, culpabilizando em desigual peso o Partido dos Trabalhadores, como se estivéssemos vivendo numa monarquia.
Sabemos que isso não é verdade. O PSDB, PMDB, PP, DEM, PR, entre outros, também cometeram esses crimes e estão envolvidos nesse lamaçal. Não há um único culpado. O PT fez escolhas, se coligou com os próprios inimigos, deu o pontapé no pacote de maldades (ajustes fiscais), legalizou a criminalização dos movimentos sociais e não fez o enfrentamento no combate ao desemprego desenfreado gerado pela crise. De janeiro a junho aconteceram 18.557 demissões no grande ABC, de acordo com publicação do Diário do Grande ABC de 26 de outubro de 2016. Isso demonstra para quem governou o Partido dos Trabalhadores.
Mas, desta vez, os ‘aliados’ golpistas do PT o apunhalaram, e a disputa ideológica tem ganhado força nas urnas e na consciência das pessoas. A degeneração do partido, o descontentamento da classe trabalhadora com este governo e a tática da direita em propagar falácias sobre a esquerda, tomando o PT como exemplo, fortalece ainda mais a ideia de capitalizar as necessidades humanas, demonizando o público e enaltecendo o privado como saída para esta crise.
A derrota do PT deu início nas eleições passadas, em 2012, no município Diadema e triplicou nestas eleições. São Bernardo, Mauá e Santo André serão governadas pelo PSDB e PSB nos próximos quatro anos. No município de Santo André, a vitória é esmagadora. Com 78,21%, Paulo Serra do PSDB vence Carlos Grana no segundo turno.
Cansados com o descaso do governo do PT, a população e os servidores públicos realizaram denúncias e protestos contra o mal uso dos recursos públicos, referente aos gastos exorbitantes nas pinturas das ciclovias e ao recolhimento indevido de R$ 28 milhões da Fundação Santo André – FSA que deveriam ser pagos à Receita Federal, o que acarretou a crise na universidade. O partido também não interveio no aumento da tarifa. Já o aumento dos equipamentos públicos na política de Assistência Social sem estrutura física adequada e recursos humanos e material para atendimento às necessidades da população usuária, levou os servidores da Política de Assistência Social a realizarem um dia de paralisação em maio de 2015. Além de denunciar situações de assédio moral, agravo no sucateamento dos equipamentos, questionamento do uso da verba, propuseram um canal de diálogo com a gestão, que utilizou da falsa democracia para escuta e não resolutividade das propostas.
A resposta nas urnas de alguma maneira expressa indignação e descontentamento da população Andreense. Mas, é ilusório acreditar que o PSDB irá corresponder aos interesses da classe trabalhadora. Paulinho Serra nada fez quando a convite de Grana assumiu por dois anos e meio a Secretaria de Mobilidade Urbana. Os serviços continuam precarizados.
A representação do PSDB nas figuras de Aecio, Serra e Alckmin nos remete à lembrança de quando estiveram à frente, pelo desmonte na educação pública, através da reorganização escolar barrada pelos estudantes. Na CPI das merendas, na Operação Lava Jato, nas fortes repressões dos movimentos populares, na parceria desenfreada do público e privado e nos votos favoráveis à PEC 55 e no projeto Escola Sem Partido. Entre outros elementos, Paulinho já reafirmou o compromisso com incentivos fiscais ao patronato, na Sabatina de 17 de agosto de 2016.
Frente a esses resultados, devemos ter uma única certeza: as verdadeiras mudanças virão das ruas.
Foto: Reprodução Facebook
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