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EDITORIAL

A Primavera Carioca

Domingo, 30 de outubro, o dia amanheceu nublado no Rio de Janeiro. No coração dos milhares de ativistas que se moveram nesta campanha tem esperança, expectativa e um pouco de apreensão. Hoje, no país inteiro, todo militante de esquerda é um pouco carioca.

Há muitos anos não se via uma campanha de rua, que mobiliza pessoas, enche comícios, tem apoio de categorias inteiras, move mulheres, negros, lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. Envolve artistas, estudantes, coletivos das favelas, organizações de cultura.

Os mais velhos, que viveram os anos 80, lembram das campanhas do PT. Os jovens, se recordam de junho de 2013, lembram das primaveras.  Muita gente retomou a esperança na possibilidade de resistência.

Foram 14 mil doadores, cada um contribuiu em média com R$ 100 reais, arrecadou-se cerca de um milhão e 800 mil reais. Muitos entenderam q ficou provado que juntos os trabalhadores têm força. Sim é possível fazer grandes campanhas sem os empresários e sem o financiamento das empreiteiras e dos bancos. 

Freixo enfrenta Crivella. Não é apenas um representante da velha política, ou do “bloco do impeachment”. Marcelo Crivella representa o preconceito contra os oprimidos, a manipulação da fé e da religião, representa o lado mais conservador da política brasileira.

O segundo turno em nível nacional
Se olharmos para o segundo turno a nível nacional, veremos que o contexto é bastante difícil para os trabalhadores.  

Em 18 capitais e outras 39 cidades haverá segundo turno. No total haverá eleição em 57 municípios. O “bloco do impeachment” disputa entre si na grande maioria das cidades.

O PT disputa 1 capital e outras 6 cidades: Recife, Santa Maria (RS), Anápolis (GO), Juiz de Fora (MG), Santo André (SP), Mauá (SP) e Vitória da Conquista (BA).   O PC do B disputa em duas cidades: Aracaju e Contagem. Coligados com os partidos da direita tradicional e com os agentes do golpe parlamentar as campanhas do PT e do Pc do B são incapazes de oferecer qualquer esperança para aqueles que buscam uma saída pela esquerda.

O PSOL disputa em 3 cidades: Rio de Janeiro, Belem e Sorocaba. Há uma expectativa de que um resultado positivo possa fortalecer um ponto de resistência ao duríssimo ajuste fiscal que está sendo implementado contra os trabalhadores. Isso sem dúvida seria muito importante. Mas independente das urnas a luta coletiva de resistência terá que ser construída. Unificar a classe trabalhadora e ganhá-la para mobilizar-se contra os ataques é o principal desafio da esquerda.

Os estudantes apontam o caminho
Escolas, Universidades e Institutos Federais ocupados pelos estudantes são neste momento a principal expressão de resistência. São 995 escolas e institutos federais ocupados, 73 campi universitários, 3 núcleos regionais de Educação e a Câmara Municipal de Guarulhos, isso totaliza 1.072 locais. A greve dos servidores também pode ganhar fôlego e apoio popular. Uma nova geração de ativistas está se formando. A juventude luta pelo seu futuro. A primavera carioca mostrou que existe uma nova esquerda se formando. É possível resistir. Que a esperança vença o retrocesso nas ruas e nas urnas. 

Foto: Comício na Lapa. Mídia Ninja.