Por: Eliana Nunes*, de São Paulo, SP
No segundo turno em Guarulhos, São Paulo, se apresentam dois candidatos e um único programa, governar a cidade para os ricos e poderosos. Ambos se gabam por terem boas relações com Alckmin e Temer. É verdade. Seja quem for eleito, Guti do PSB, ou Eli Correa Jr., do DEM, tentará acelerar a privatização na cidade, o avanço na precarização dos servidores públicos e condenar ainda mais as péssimas condições de vida e o povo pobre da cidade. Isto porque o ajuste fiscal apresentado por Temer precisa de parceiros nos estados e municípios para dar certo.
Eli Correa Jr. votou alegremente a favor da PEC 241, a mesma que retira verbas dos serviços sociais, como saúde e educação. O partido do Guti, o PSB, também votou contra os trabalhadores neste projeto. São, portanto, farinhas do mesmo saco.
A segunda cidade mais rica do estado serve um farto banquete para os poderosos, com uma série de vantagens aos negócios. Farta mão de obra, população com mais de um milhão e trezentos mil habitantes, o maior aeroporto da América Latina, localizado ao lado da capital e cortada por três grandes rodovias.
Guarulhos foi comandada pelo Partido dos Trabalhadores (PT) desde 2000. Elói Pietá se elege na esperança de um povo que vê uma cidade tão grande e tão abandonada por governantes ligados ao comércio, mercado imobiliário e de exploração do solo.
Assim como no resto do país, as urnas expressaram um rechaço ao PT. Fruto da grande pirotecnia das denúncias seletivas da Lava Jato, o tema da corrupção acelerou o sentimento de desilusão com o governo de colaboração de classes. Não é possível servir a dois senhores. Ou se governa para os ricos, ou se prioriza os trabalhadores.
Assim, após 16 anos de governo petista, a sensação da população na cidade é de abandono. Hospitais e postos de saúde sem médicos, medicamentos e equipamentos, falta de vagas nas creches, obras inacabadas, transporte caótico e caríssimo, ruas esburacadas e mal iluminadas, falta de água e saneamento precário, entre tantos outros problemas. O atual prefeito, Almeida, se apoia no argumento de que a cidade está endividada e que, por isso, não consegue linha de crédito. Só ao Governo Federal, o município alega dever R$ 400 milhões.
Esta situação serve tanto para o PT, como para o futuro governo seguir justificando a política de privatizações, terceirizações e de arrocho sobre os servidores municipais, que têm feito fortes mobilizações, passando por cima do sindicato dirigido pela Força Sindical, que opera contra a base.
Ganhe quem ganhar as eleições, o novo prefeito irá passar esta e outras dívidas para o bolso dos trabalhadores. Irão se apoiar na teoria de que o PT destruiu a cidade e que todos terão que cortar na carne para tirá-la da atual situação.
Isso tudo é uma grande mentira. Não serão todos os que terão que cortar na carne. A carne cortada será a dos mais pobres que moram nas ruas do Presidente Dutra, do Bairro dos Pimentas, Cabuçu, São João, Bom sucesso. Carnes negras, pobres e LGBTs. A carne cortada será a dos servidores públicos e da população que, a cada dia, têm 50 novos demitidos segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
A Saída é à esquerda
Os trabalhadores têm um desafio central neste momento. Impedir que nossa classe pague pela crise e barrar o pacote de ajuste fiscal que vai significar, na prática, o fim das aposentadorias, com a Reforma da Previdência, a piora na qualidade da Educação através da Reforma do Ensino Médio, a Reforma Trabalhista que significará transformar nossa juventude em mão de obra semiescrava, com jornadas de 12 horas diárias, sem direitos trabalhistas, privatizações, entre outras medidas. Guarulhos não pode estar a serviço deste projeto. Por isso, nem Guti, nem Eli nos representam. Chamamos os trabalhadores a votarem nulo e dar um passo adiante.
A saída é a nossa organização e unidade. É preciso seguir o exemplo dos professores e estudantes do Paraná, dos estudantes que ocuparam a Câmara Municipal de Guarulhos e construir uma forte greve geral.
No primeiro turno das eleições, o #MAIS apoiou a candidatura do companheiro Albertão do PSOL. Fizemos um chamado à necessidade de se construir nas lutas e nas eleições uma alternativa de lutas, unificando o #MAIS, o PSTU, o PSOL e o PCB. Não foi possível. A direita, os partidos dos ricos e poderosos, saiu vitoriosa. Mas, a luta ainda está em curso. O jogo só acaba quando termina.
É preciso lutar e é possível vencer. É preciso arrancar alegria ao futuro.
*da Coordenação Regional do #MAIS
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