Pular para o conteúdo
EDITORIAL

Uma semana turbulenta

Brasília – A Polícia Federal prendeu policiais legislativos suspeitos atrapalhar a Operação Lava Jato (José Cruz/ Agência Brasil)

Após um momento de estabilidade, o cenário político voltou a navegar em águas turbulentas.

A prisão de Eduardo Cunha, a economia em persistente marcha ré, a onda de ocupações de escolas e universidades e a acirrada disputa pela prefeitura do Rio, provocam desequilíbrios e tornam mais incertos os movimentos no tabuleiro político.

Num contexto de contundente ofensiva da classe dominante, expressa recentemente na vitória da direita nas eleições municipais e na aprovação da PEC 241 em 1º turno, é necessário construir a resistência aproveitando as brechas abertas pela classe dominante e o ímpeto de luta da juventude.

 Brasília sob tensão
A prisão de Eduardo Cunha produz, de imediato, um duplo efeito. A nova investida da Lava Jato, que nessa semana, além de prender Cunha, fez uma operação no Senado que resultou na detenção de 05 policiais legislativos, reforça o curso de fortalecimento do Judiciário e de suas medidas autoritárias.

Por outro lado, o avanço de Moro provoca abalos na cúpula do Congresso e do governo Temer. Os temores em relação à possível delação de Cunha e a aproximação da Operação do núcleo duro do PMDB (Renan Calheiros, Romero Juca, Sarney, etc.) deixaram o ambiente em Brasília carregado.

Economia em marcha ré
Outro fator de preocupação do governo Temer se refere aos números da economia. Ao contrário das expectativas estimuladas pelos analistas de mercado, a economia segue em queda e não há perspectivas de melhoras no curto prazo.

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) registrou queda de 0,91% em agosto.  Esse foi o maior recuou mensal desde maio de 2015 (-1,02%). As projeções apontam que a retração do PIB (Produto Interno Bruto) deve seguir pelo menos até o fim desse ano. O desemprego, por sua vez, seguirá em alta em 2017.

O tenebroso cenário econômico intensifica a pressão burguesa para a aprovação das contrarreformas de Temer.

A juventude e a onda de ocupações
O processo mais avançado de resistência localiza-se hoje na juventude. Já são mais de 1.200 escolas e universidades ocupadas pelos estudantes em protesto contra a PEC do Fim do Mundo e a Lei da Mordaça. Em diversos lugares, como no Paraná, cresce a unidade entre alunos e professores na luta em defesa da educação pública.

A expansão e fortalecimento das mobilizações estudantis e a construção da unidade com as lutas dos trabalhadores é vital nesse momento.
 
Freixo versus Crivella
No Rio de Janeiro, trava-se a principal batalha do segundo turno das eleições municipais. De um lado, o reacionário bispo da Igreja Universal, de outro, o candidato da esquerda socialista numa campanha de rua que há muito tempo não se via.

A disputa é acirrada: Crivella (PRB) está caindo e Marcelo Freixo (PSOL) subindo nas pesquisas. Há também uma divisão na elite que se manifesta nas ferozes denúncias da Veja e das organizações Globo contra o candidato da Universal.

Por outro lado, aumenta a pressão pra que Freixo domestique seu programa e assuma compromissos com a burguesia carioca, num movimento semelhante ao que foi feito com Lula em 2002.

 Aproveitar as brechas e fortalecer a resistência
Os choques entre as distintas frações da classe dominante e as instituições do Estado devem ser aproveitados no sentido de fortalecer a resistência social contra a ofensiva burguesa.

As escolas e universidades ocupadas sinalizam o caminho. A unificação das lutas e a disputa da opinião pública em relação ao significado dos ataques em curso é central nesta conjuntura.

No dia 25 de setembro, ocorrerão manifestações em todo país contra a PEC 241. Para o mês de outubro, está prevista uma jornada unificada de luta entre as centrais sindicais e os movimentos sociais.

Vamos à luta, os inimigos dos trabalhadores não estão de brincadeira!

Foto:José Cruz/ Agência Brasil