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OPRESSÕES

Mais uma vítima do machismo: mulher é assassinada por ex-companheiro, em Canoas, RS

Ato contra Cunha e o PL 5069 Nesta sexta, acontece um ato, em São Paulo, contra Cunha e contra o PL 5069, projeto de lei que criminaliza as mulheres vítimas de violência sexual e profissionais da saúde. O ato é organizado por vários coletivos de mulheres, inclusive a CUT SP. São Paulo, SP, 30 de outubro de 2015. Fotos: Roberto Parizotti/secomCUT.

Por: Francisco da Silva, de Canoas, RS

Na manhã desta terça-feira (18), em um bar, no Centro de Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre, mais uma mulher foi vítima de machismo. Edivaldo (35 anos) e Marilei (21 anos) eram companheiros, mas ele não aceitou o término do relacionamento e começou a persegui-la. Apesar de haver registro policial de agressão sofrida pela companheira e mesmo tendo medida protetiva com base na Lei Maria da Penha, Marilei foi assassinada.

Entrevista com dono do estabelecimento veiculada pela imprensa local afirma que Marilei chorava muito. Que era visível o fim do relacionamento. O proprietário contou que o assassino se levantou, foi para cima dela e deu um tiro. Ela se encolheu e ele deu um segundo disparo e depois atirou em si mesmo.

Diferente do que diz a grande imprensa, este caso não é um fato isolado, ou uma simples tragédia. Em 2015, no Brasil, uma mulher sofreu algum tipo de agressão a cada sete minutos. Os casos de violência contra mulher no país cresceram 44,74%, em 2015, se comparado ao ano anterior. Certamente, os números são bem maiores, já que muitos agressores não são denunciados. Em 2016, a Lei Maria da Penha completou dez anos. Mesmo assim, uma mulher é assassinada a cada duas horas. A falta de investimento para delegacias específicas, casas abrigo e fiscalização das medidas protetivas torna a lei pouco eficaz. E se com Dilma o investimento já era pouco, com todos os cortes produzidos por Temer os investimentos serão ainda menores.

Esse caso terrível de violência à mulher chocou a população de Canoas e região. “É extremamente lamentável nos depararmos com notícias envolvendo estupro e feminicídio, ambos crimes motivados pela relação de poder e sentimento de posse que há no sexo masculino em relação às mulheres. Não somos donas do nosso corpo, nem do nosso direito de ir e vir. Estar vulnerável, seja em decorrência de drogas ou bebidas, é uma das grandes motivações de atos covardes. Relacionamentos abusivos são grandes responsáveis por crimes que atentam contra a vida das mulheres. É preciso estarmos atentas e  mobilizadas antes que seja tarde”, defendeu Jenifer Severo, moradora de Sapucaia do Sul, militante do PSOL e do coletivo Esteio da Esquerda.

A opinião é compartilhada pela também ativista Juliana Bimbi, militante do #MAIS “Tanto o que aconteceu com a Marilei em Canoas, como o que aconteceu com a Lucia na Argentina nos choca muito, pois é a expressão material da ideologia machista que nos cerca. Muitas vezes nós somos silenciadas, ridicularizadas e menosprezadas quando falamos de feminismo e da opressão, mas esses acontecimentos nos lembram que nossa luta é, concretamente, pela vida das mulheres. É importante pensar que não são casos isolados e sim fruto de uma cultura do estupro propagada pelo capitalismo. As mulheres e os homens precisam se indignar e buscar soluções para destruir essa cultura machista”, completou.
O caso aconteceu justamente quando ao lado do Brasil, na Argentina, ocorre uma onda de protestos pela campanha #NiUnaMenos (Nenhuma Mulher a Menos), em função do bárbaro assassinato da jovem Lúcia Perez, mostrando que o problema não é só no Brasil, mas mundial. Dia 25 de novembro é dia de luta contra a violência à mulher e várias mobilizações já estão sendo agendadas.

Foto: Roberto Parizotti/secomCUT