Mulheres argentinas vão realizar paralisação nacional contra o feminicídio, nesta quarta
Publicado em: 19 de outubro de 2016
Por: Gê Freitas, de Belém, PA e Thaís T, de São Paulo, SP
Lucía Pérez, 16 anos, drogada, estuprada, torturada e assassinada em Mar del Plata na Argentina. O crime ocorreu no último dia 8, mesmo final de semana em que 70 mil mulheres se reuniam em Rosário para debater temas relacionados à violência contra as mulheres e desigualdades de gênero.
A brutalidade deste crime retomou um debate que tem ocorrido em todos os países latino-americanos sobre o feminicídio em índices epidêmicos. Em 2015, outro crime bárbaro, o assassinato realizado pelo namorado de Chiara Páez, uma adolescente de 14 anos, grávida, foi o estopim para a reunião de dezenas de organizações, partidos e grupos feministas que se levantaram em uma multitudinária marcha conhecida como #NiUnaMenos. Mais de 500 mil pessoas pelo país e 300 mil na capital argentina se reuniram em frente ao Congresso Nacional. Em agosto de 2016, outras 500 mil marcharam no Peru sob o mesmo lema “Nenhuma a menos”.
Desta vez, além das manifestações pelo país, está sendo convocada pela internet uma paralisação das trabalhadoras e trabalhadores a partir das 13h desta quarta-feira (19), que já conta com a adesão e apoio de vários sindicatos. Entre eles, o importante sindicato dos docentes da Universidade de Buenos Aires. Essa iniciativa é inspirada, assim como a greve polonesa realizada recentemente, em uma histórica greve geral na pequena ilha europeia, Islândia, que em 1975 parou 90% das mulheres do país, protagonizando uma das maiores mobilizações feministas já realizadas.
Paralisar a produção, as aulas, os transportes, ou seja, cruzar os braços e sair em marcha é fundamental para mostrar à sociedade que quem gera essa riqueza são as mulheres e homens trabalhadores e que para estas deve ser, no mínimo, garantido o direito à vida.
Dados divulgado pela organização do #NiUnaMenos afirmam que na Argentina, em 2015, 286 mulheres morreram apenas pelo fato de serem mulheres. Por isso, muitos dos grupos organizadores deste ato denunciam o Estado como culpado. A Argentina, assim como o Brasil, passa por diversos ataques do governo que estão restringindo as verbas para os serviços públicos. A má qualidade nos transportes, nos serviços de assistência às vítimas de agressão, na saúde, aprofunda as chances dos feminicídios acontecerem e as maiores vítimas são aquelas que dependem de atendimentos gratuitos, como as trabalhadoras e pobres.
Faz falta uma forte primavera feminista na América Latina. Chile, México, Bolívia e Honduras já se uniram às manifestações. Aqui no Brasil é preciso unificar as lutadoras e sair às ruas em solidariedade às nossas irmãs argentinas, para lutar contra a ofensiva reacionária e os ataques que o governo Temer quer impor às mulheres trabalhadoras.
Foto: Wikipedia
Top 5 da semana

brasil
Prisão de Bolsonaro expõe feridas abertas: choramos os nossos, não os deles
colunistas
O assassinato de Charlie Kirk foi um crime político
brasil
Injustamente demitido pelo Governo Bolsonaro, pude comemorar minha reintegração na semana do julgamento do Golpe
psol
Sonia Meire assume procuradoria da mulher da Câmara Municipal de Aracaju
mundo