Pular para o conteúdo

Quatro motivos para fuga de Marcelo Crivella

Por: Pedro Silveira, do Rio de Janeiro, RJ

As eleições municipais de 2016 certamente ficarão marcadas como uma das mais anti-democráticas do nosso país desde o período de redemocratização. A contrarreforma eleitoral, aprovada no Congresso ano passado e sancionada por Dilma (PT), reduz pela metade o tempo de campanha, diminui drasticamente o tempo de televisão para os partidos da esquerda socialista, com pouca ou nenhuma representação parlamentar a nível nacional, assim como restringe ainda mais a participação desta nos debates.

No Rio de Janeiro, foi uma grande vitória a presença de Marcelo Freixo (PSOL) nos debates após a repercussão de sua ausência no debate da Band, apesar da não-obrigatoriedade de convidá-lo. Mas, como o jogo só acaba quando termina, Marcelo Crivella (PRB) quer agora no segundo turno fugir dos debates, o que resultaria na prática no cancelamento destes. Ou alguém acha que a Globo vai abrir espaço na sua programação para uma sabatina com o Freixo? O que leva Marcelo Crivella, líder com folga segundo as pesquisas, a temer o debate? Quem não deve não teme, mas esse não parece ser o caso de Crivella. Listamos abaixo quatro possíveis motivos para a sua fuga:

1. Crivella fecha com Garotinho
Por mais que ele desconverse do assunto, o PR de Anthony Garotinho, envolvido em sucessivos escândalos de corrupção durante seu mandato como governador do estado, está na chapa de Marcelo Crivella. Este inclusive indicou o vice-prefeito, Fernando Mac Dowell.

2. Crivella representa os interesses econômicos da Igreja Universal
O respeito à liberdade religiosa não pode ser confundido com a defesa econômica e ideológica dessa Igreja e suas doutrinas como política de Estado, uma séria ameaça à separação entre Estado e Igreja, um dos pilares do Estado moderno. Tampouco é por acaso que a Record, emissora ligada à Igreja Universal, cancelou o debate alegando uma mudança de sede da emissora, o que, segundo tentou justificar, inviabilizaria o debate.

3. Crivella apoiou o impeachment, apesar de ter sido ministro do governo Dilma
Seu partido, o PRB, esteve na chapa que reelegeu Dilma Rousseff em 2014 e fazia parte da base de apoio até algumas semanas antes do impeachment. Quando este acusou Marcelo Freixo no último debate de estar junto com “os partidos do Petrolão”, por conta do apoio declarado por PT e PCdoB à candidatura de Freixo, ouviu como resposta que enquanto este era oposição de esquerda ao governo Dilma, Crivella era ministro da Pesca, escancarando toda a sua hipocrisia.

4. Crivella fecha com Temer e os seus ataques
Como consequência lógica do seu apoio ao impeachment, Crivella e o PRB estão juntos com o governo ilegítimo de Michel Temer e apoiam todos os seus ataques. Da entrega do pré-sal ao Escola Sem Partido, da ‘PEC do Fim do Mundo’ à Reforma do Ensino Médio, Crivella e o PMDB são como unha e carne.

Esses são apenas alguns dos motivos para Crivella fugir do debate, varrendo pra debaixo do tapete as contradições de quem diz querer “cuidar do povo”. Como corretamente disse Marcelo Freixo, “O candidato que não tem compromisso com a democracia e com o debate não está pronto para governar o Rio de Janeiro”. Assim como ocupamos a praça exigindo a presença de Freixo nos debates, devemos ocupá-la novamente exigindo que os debates nas grandes emissoras aconteçam nesse segundo turno com, ou sem a presença de Marcelo Crivella. É desse jeito que o Rio de Janeiro pode ter Freixo prefeito.

Marcado como:
eleições / freixo / psol