Retrocesso: surto de primeiro-damismo
Publicado em: 9 de outubro de 2016
Silvia Ferraro
Feminista e educadora, covereadora em São Paulo, com a Bancada Feminista do PSOL. Professora de História da Rede Municipal de São Paulo e integrante do Diretório Nacional do PSOL. Ex-candidata ao Senado por São Paulo. Formada pela Unicamp.
Silvia Ferraro
Feminista e educadora, covereadora em São Paulo, com a Bancada Feminista do PSOL. Professora de História da Rede Municipal de São Paulo e integrante do Diretório Nacional do PSOL. Ex-candidata ao Senado por São Paulo. Formada pela Unicamp.
Por: Silvia Ferraro, colunista do Esquerda Online
Não bastasse o discurso da Marcela Temer essa semana, anunciando o programa assistencialista ‘Criança Feliz’, agora vem esta entrevista com a primeira dama de São Paulo, a Bia, esposa de João Dória.
A entrevista é para revirar qualquer estômago saudável. Ela não conhece a cidade de São Paulo. Transita em carro blindado da própria galeria para casa, entre os bairros ricos da cidade. A referência de cidade são as ruas de Nova York, os parques de Sidney, ou as ciclovias de Cingapura. Aqui em São Paulo, ela acha tudo feio e perigoso. A referência de estética são os quadros coloridos de Romero Brito.
Realmente, o mundo colorido da Dona Bia é bem diferente do mundo cinzento, onde a maioria da população vive em São Paulo. Mas, o que mais me assustou na entrevista foi a postura de Sinhá da Casa Grande. “No Morumbi tem aquela favela, né? Paraisópolis. Ali é a Etiópia, mas eles respiram o mesmo ar, sentem o mesmo frio que a gente. Essa desigualdade tem que diminuir. Não adianta ter uma funcionária que chega no ateliê e tem problemas de nutrição”.
A conclusão da Dona Bia é de que os pobres respiram o mesmo ar e sentem o mesmo frio, apesar de morarem na Etiópia, no caso, Paraisópolis, um lugar que ela nunca colocou o salto alto. Frases carregadas de preconceito racial do tipo “São gente diferente de nós, mas coitados, são seres humanos também. E a grande preocupação é com a nutrição das empregadas, porque, afinal de contas, seres humanos desnutridos não trabalham bem. Qualquer semelhança com a preocupação que os senhores e sinhás tinham com a saúde dos escravos não é mera coincidência.
Olha, pra quem achava que já tínhamos chegado no fundo do poço, infelizmente, parece que não tem fim.
Foto: Reprodução Facebook
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