UFAL sofre ataque de grupo fascista e militar armado pode ter participado de ação

Da Redação

Na última terça-feira (4), estudantes e educadores da Universidade Federal de Alagoas presenciaram situação que remete à época da Ditadura Militar. Um grupo adentrou às dependências da universidade e arrancou cartazes com conteúdos de esquerda, feministas e de sindicatos. Entre eles, estava indivíduo supostamente armado e vestido de Exército Brasileiro.

De acordo com relatos de estudantes, o grupo ameaçou e agrediu verbalmente estudantes e professores. Chegaram a afirmar que jogariam explosivo no Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Artes da universidade (ICHICA/UFAL), para onde concentraram a ação.

ufal_descricaoApós o ato, grupo continua desferindo ameaças e ofensas de conteúdo racista, machista e LGBTfófico por meio das redes sociais. Um dos que aparece em foto com militar na universidade, identificado nas redes como Caio David, chega a afirmar que a pessoa com farda do Exército é militar de carreira e que estava armado. “O militar presente é de carreira, estava armado no momento, afinal, minha integridade física é mais importante, por isso não identifiquei por maiores consequências”, afirma.

Junto às ações, se misturam homenagens a Enéas e ao deputado Jair Bolsonaro, do PSC, conhecido por incitar a violência contra negros, homossexuais, mulheres e militantes de movimentos socais. O deputado chegou a exaltar o Carlos Alberto Brilhante Ustra na Câmera dos deputados.

De acordo com os estudantes, não é a primeira vez em que casos desse tipo acontecem na UFAL e se tornam frequentes. “Em abril, uma semana após Bolsonaro homenagear a ditadura e o torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra na Câmera dos deputados, a sala do Centro Acadêmico de Medicina apareceu com os dizeres ‘Morte ao Comunismo e as demais ideologias vermelhas'”, afirma nota do Movimento Por uma Alternativa Independente e Socialista em repúdio à ação do grupo. “Isto gerou uma grande movimentação na UFAL e a frase passou a ser escrita nas paredes de diversos banheiros e blocos”, completa a nota.

Abaixo, um dos relatos nas redes sociais incita violência contra esquerda na universidade: declaracao


Leia nota da juventude do Movimento Alternativa Independente e Socialista, divulgando o caso e exigindo posicionamento da reitoria da universidade:

nota

Nós da juventude do Movimento por uma Alternativa Independente e Socialista – MAIS – em Alagoas, viemos a  público mostrar total repudio aos atos ocorridos na terça-feira, dia 4, no Instituto de Ciências Humanas Comunicação e Artes da Universidade Federal de Alagoas (ICHICA/UFAL) em que um grupo, incluindo um indivíduo com vestes do Exército Brasileiro e armado, arrancou cartazes com conteúdos de esquerda, feministas e de sindicatos. Além de ameaçar e agredir verbalmente estudantes e professores, chegando a dizer que jogaria um explosivo no Instituto. Após o ato, o grupo divulgou a ação nas redes sociais junto de homenagens a Jair Bolsonaro do PSC e desferiu uma série de ofensas racistas, LGBTfóbicas e machistas.

Nós defendemos a apuração dos fatos e dizemos que é preciso que a Reitoria tome as devidas providências. Esta prática de ódio e discriminação é inaceitável, as ideais fascistas não cabem dentro de uma Universidade e em lugar nenhum da sociedade. Saudamos a iniciativa de estudantes de se auto-organizarem em reunião contra atitudes fascistas na UFAL.

Infelizmente, estes atos são cada vez mais frequentes. Em abril, uma semana após Bolsonaro homenagear a ditadura e o torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra na Câmera dos deputados, a sala do Centro Acadêmico de Medicina apareceu com os dizeres “Morte ao Comunismo e as demais ideologias vermelhas”. Isto gerou uma grande movimentação na UFAL e a frase passou a ser escrita nas paredes de diversos banheiros e blocos.

Vemos o avanço e fortalecimento da direita e de setores cada vez mais conservadores e que dialogam com o fascismo, mas isso não vem do nada. Com o acirramento da crise econômica, também se acirram as contradições entre os interesses das classes, cada qual tenta colocar seu modelo de sociedade, assim, abrem-se espaços para discursos mais radicalizados. Em âmbito mundial temos nos Estados Unidos Donald Trump disputando a presidência, na Grécia o Aurora Dourada, na França Le Pen é a voz da xenofobia, na Inglaterra a UKIP, na Alemanha o AFD conquistou em setembro uma vitória histórica, sem falar da Hungria onde o governo já é nacionalista, ultraconservador e anti-imigração. Aqui no Brasil temos um congresso reacionário, conservador, machista e LGBTfóbico, que junto do governo golpista de Temer, irá implementar uma série de ataques aos trabalhadores e em especial aos setores oprimidos.

O terreno no nosso país está mais fértil para o crescimento de ideias conservadoras após o golpe parlamentar. Mas não podemos esquecer que as sementes desta árvore reacionária foi de certa forma semeada pelo próprio PT e sua política de conciliação de classes, que permitiu alianças com o PMDB, com a bancada evangélica, com Eduardo Cunha e etc. A influência da família Bolsonaro aparece com importantes pontuações nas pesquisas eleitorais presidenciais para 2018, a frente inclusive da esquerda socialista. Não podemos deixar de notar os 424 mil votos que Flavio Bolsonaro conseguiu no Rio de Janeiro. Este setor reacionário conseguiu influenciar setores da classe média que foram as ruas em 2015 e 2016. Pessoas como Feliciano, Cunha, Malafaia, Bolsonaro, são figuras repulsivas, que merecem o nosso nojo e asco, porém, apesar de serem figuras caricatas, não podemos subestimá-los na disputa da consciência da classe trabalhadora.

É urgente a construção de uma Frente de Esquerda Classista e Socialista, para combater o avanço das ideias conservadoras e fascista no País e apresentar uma alternativa para a situação política e econômica. A organização e mobilização permanente dos trabalhadores é a única maneira de barrar a retirada de direitos, o avanço da direita e da extrema direita e derrotar o governo golpista.

Por fim, gostaríamos de dizer que o fascismo e os fascistas não merecem respeito, pena ou compreensão. São fascistas, são o que há de pior no mundo.

Não podemos terminar este texto sem deixar aqui nossa memória a Diego Vieira Machado, estudante negro e LGBT da UFRJ assassinado em Julho por grupos fascistas. Em memória de Diego e de tantos outros dizemos:

NÃO VAMOS DEIXAR PASSAR!