Em Campinas, a única mulher eleita para Câmara é de esquerda e socialista

Por: Luma e Travesti Socialista*, de Campinas, SP
Na cidade de Campinas, infelizmente tivemos a reeleição logo no primeiro turno de Jonas Donizette com 65,43% dos votos válidos. Ele foi o candidato do PSB em uma coligação com outros 22 partidos e tinha como principais concorrentes Arthur Orsi do PSD (15,43%) e Marcio Pochmann do PT (15,04%). Dentre as candidaturas à esquerda, a que teve maior destaque foi Marcela Moreira, do PSOL, com 3,07% dos votos. Os candidatos do PSTU e do PCO somaram apenas 0,2% dos votos válidos.

Jonas diz que vai dar continuidade ao seu governo. Ou seja, será mais um mandato de privatizações dos serviços públicos, descaso com as regiões mais pobres e afastadas, aumento do lucro da máfia dos transportes e muitos outros ataques. A população não apoiou seu primeiro mandato, mas também percebeu que o PT e os outros partidos não representam uma alternativa na cidade. Somados, os ausentes, brancos e nulos superam o número de votos em Jonas. Por outro lado, a esquerda combativa sofreu com o processo antidemocrático da campanha eleitoral, não pôde nem aparecer nos debates televisivos. É uma pena que uma frente de toda a esquerda não tenha se consolidado.

A Câmara de Vereadores de Campinas manteve a cara conservadora e elegeu uma grande bancada de fundamentalistas e de representantes dos grandes empresários da cidade. Infelizmente, perdemos um ponto de apoio importante que foi o mandato de Paulo Bufalo (PSOL), que não conseguiu se reeleger, mesmo tendo sido o sétimo candidato mais votado. Apesar disso, tivemos uma votação expressiva em outros candidatos da esquerda, como os 1020 votos na ativista trans Amara Moira e os 1009 na campanha anticapitalista de Danilo Magrão (MRT).

A melhor notícia para os que defendem a estratégia socialista foi a eleição de Mariana Conti (PSOL), que ficou em quarto lugar. Mariana é socialista, feminista, funcionária da UNICAMP, esteve à frente das mobilizações que barraram o aumento do salário dos vereadores em 2012, dos atos contra as privatizações dos serviços públicos da cidade e denunciou o Projeto de Lei que proibia a discussão de gênero e orientação sexual nas escolas.

Mas, Mariana tem um longo desafio pela frente. É a única mulher eleita para a Câmara. Sua eleição significa que, apesar do grande avanço dos setores conservadores, existe um setor expressivo da população com disposição de luta. Acreditamos que o mandato de Mariana pode cumprir um papel importante nesse sentido. Tem que ser um mandato a serviço das lutas e pela unificação da esquerda na luta contra a bancada conservadora da Câmara, o governo Jonas, o governo ilegítimo de Temer e os ajustes fiscais que querem implementar no país.

Assista ao Vídeo da entrevista da Victoria Ferraro, do MAIS, com a Mariana Conti, do PSOL, recém eleita

*Luma e Jéssica são militantes do MAIS em Campinas. Jéssica é colunista do Esquerda Online

Foto: Reprodução Facebook