Por: Carolina Burgos, da Redação
Em pesquisa do IBOPE, divulgada nesta terça-feira (04), o presidente Michel Temer (PMDB) continua com desaprovação alta entre os brasileiros. Jovens e região Nordeste são os mais descontentes com o Governo Federal. Ainda, temas como educação, impostos, saúde e desemprego são citados como problema pelos entrevistados, que apontaram majoritariamente a Reforma da Previdência, além de manifestações contra o governo como temas mais lembrados da gestão. A pesquisa, encomendada pela Federação Nacional das Indústrias (CNI) foi realizada em 143 municípios, com 2.002 pessoas, no período de 20 a 25 de setembro deste ano.
Entre os temas destacados na pesquisa está a avaliação do governo. Dos entrevistados, 14% consideraram ótimo ou bom, 34% consideraram regular e 39% ruim e péssimo. Ainda, 12% não souberam ou não quiseram responder. Não houve muita mudança em relação à pesquisa apresentada em junho, quando 13% afirmaram ser o governo ótimo ou bom e o mesmo número, 39%, disseram ser ruim ou péssimo. Dados apresentados estão dentro da margem de erro, o que significa que impopularidade de Temer continuou alta, mas não aumentou.
Pessoas com mais de cinco salários mínimos são os que mais aprovam governo
A melhor avaliação está entre os com maior renda, com renda familiar acima de cinco salários mínimos. Desses, 20% avaliam o governo como ótimo ou bom e 35% aprovaram a maneira de governar do presidente. Ainda, 32% afirmaram confiar no peemedebista. Mas, mesmo entre eles, o índice ainda é menor se comparado à insatisfação com o governo, que totaliza 33% afirmações de que consideram péssimo ou ruim, 49% que apresentam desaprovação e 64% que afirmaram não confiar em Temer.
Metade do Nordeste acredita que governo é ruim ou péssimo
A região Nordeste é a que mais apresenta insatisfação com o governo. Ao todo, 50% acreditam que o governo de Temer é ruim ou péssimo e 48% afirmaram que o governo Temer está sendo pior que o governo Dilma, enquanto apenas 14% disseram estar sendo melhor.
Popularidade de Temer aumenta no Sul, mas continua baixa
O número contrasta com a região Sul, onde o presidente apresenta maior popularidade e índice aumentou 9% da última pesquisa para a apresentada nesta terça, passando de 12% para 21% os que avaliam o governo como ótimo ou bom na região. O número dos que avaliam o governo melhor do que o de Dilma é superior, totalizando 36% em oposição a 24% que avaliam que está sendo pior.
Aumenta insatisfação entre os jovens, mas quase metade considera governo igual ao de Dilma
Os dados por faixa etária também apresentam resultado interessante. Os jovens de 16 a 24 anos, apesar de serem a maioria entre os que desaprovam Temer, não acreditam que este seja diferente do governo da Dilma. Pesquisa revela que 49% afirmaram serem iguais os dois governos, maior do que os 26% que disseram estar sendo pior. Mas, está longe de significar aprovação do governo de Temer. Ao todo, 38% consideram o governo ruim ou péssimo. Índice cresceu 5%, apontava 33% em pesquisa anterior. A maneira de governar do presidente também tem grande rechaço na juventude. São 60% de desaprovação, maior do que os 54% anteriores.
Cresce número dos que acreditam que governo Temer é pior do que o de Dilma
O levantamento também abordou a comparação entre os governos Dilma Rousseff e Michel Temer. A maioria, 38%, identifica que ambos seriam iguais. Para 31% seria pior e a minoria, 24%, indicou que Temer seria melhor do que a petista. Em junho, apenas 25% consideravam o governo Temer ser pior, o que significa um aumento de 6%.
Minoria vê boa perspectiva para os próximos anos de governo
Os brasileiros, segundo o levantamento, têm em maioria péssima ou ruim perspectiva em relação ao que poderiam ser os próximos anos com o governo peemedebista. A perspectiva de 38% com relação ao restante do governo é ruim ou péssima e para 30% é regular. Índice dos que acham ótimo ou bom, no entanto, é bem superior aos 14% que fazem boa avaliação do governo. Somaram dez pontos a mais, 24%, o que pode indicar expectativa desses de que as coisas podem vir a melhorar.
Mais da metade desaprova maneira de governar de Temer e 68% não confiam no presidente
A maneira de governar do presidente foi criticada amplamente. No total, 55% desaprovaram, enquanto a aprovação apresentou 28%. Em junho de 2016 a aprovação era de 31% e a desaprovação de 53%. O índice de insatisfação cresce em relação à maneira de governar quando se fala de confiança em Temer, 26% afirmaram confiar, enquanto 68% indicaram não confiar no peemedebista. Em junho, 27% confiavam e 66% não confiavam.
Reforma da Previdência e protestos são temas mais citados
Dos entrevistados, 17% souberam citar alguma notícia sobre as medidas anunciadas pela gestão do PMDB, ou que estão em discussão para serem levadas à frente. Desses, 10% lembraram a Reforma da Previdência, 7% as manifestações contra o Temer em geral, seguido por 5% que falaram sobre a participação de Temer no G20 e 4% que lembraram a Reforma Trabalhista e 3% a Reforma do Ensino Médio.
Fora os 7% que lembraram manifestações, 3% também lembraram protestos especificamente pelo “Fora Temer”, por Novas eleições e Contra o “golpe” político, 2% apontaram manifestações pelo Brasil, sem especificar quais, 2% lembraram as vaias para o presidente Michel Temer no desfile militar de 7 de setembro e na Olimpíada e 1% as greves pelo país, mesmo índice que falou sobre corrupção no governo, cassação do mandato de Eduardo Cunha, ajuste de contas públicas no Governo Temer e limitação dos gastos, crise econômica, impeachment, entre outros temas.
As manifestações a favor do Impeachment da presidente Dilma foram lembradas também por 1%, assim como operação Lava Jato, investigação de corrupção na Petrobras e Petrolão juntos.
Juros, saúde e segurança são temas com maior desaprovação
A pesquisa do IBOPE também tratou de temas estratégicos para o país, como educação, saúde, combate ao desemprego, segurança pública, combate à fome e à pobreza, à inflação, taxa de juros, impostos e meio ambiente. A maior insatisfação ficou por conta da taxa de juros e impostos, ambos com 77%, seguidos por saúde (72%), segurança pública (70%), combate ao desemprego (67%), combate à inflação (64%), combate à fome e pobreza (64%), educação (62%) e meio ambiente (56%). A maioria desaprovou a política implementada por Temer nas principais áreas. A maior aprovação foi meio ambiente, com pouco menos de um terço dos entrevistados. Totalizou 32%, seguido por educação (31%), combate à fome e à pobreza (29%) e combate ao desemprego (27%).
De Sarney a Temer
Dos governos Sarney, em 1986 a Temer, em 2016, as pesquisas IBOPE apontaram como período de maior crescimento positivo em avaliação do início ao fim do mandato o governo de Lula, que passou por crescimento econômico, somando mais de 70% de avaliação positiva, índice comparado ao início do governo Sarney, que ao contrário do petista, viu despencar a avaliação até o término da gestão. Os governos de Collor e Dilma, que também foram depostos apresentaram a mesma movimentação, com mais insatisfação ao final do mandato, seguidos de Fernando Henrique que apresentou menos de 30% de avaliação boa ou ótima ao final da gestão. Mas, Temer, ainda no início do governo, apresenta satisfação comparada ao período em que Dilma apresentou ainda em março de 2015, quando começou a apresentar os piores índices.
Em se tratando dos que avaliam o governo como péssimo ou ruim, o número apresentado no governo Temer é superior aos apresentados antes de março de 2015 por Dilma. Nos últimos 20 anos, os que atingiram maior percentual de desaprovação foram Dilma, Sarney e depois Collor ao final do mandato, respectivamente.
Comparação Temer x Dilma
Se comparados os dados apresentados com as pesquisas à época do governo Dilma, índices nos primeiros meses de governo da petista são superiores em avaliação positiva em relação ao início do mandato de Temer. No entanto, ao final do governo de Dilma, a avaliação despencou em todos os quesitos, fato aproveitado pelo PMDB e partidos aliados da direita tradicional para orquestraram o golpe parlamentar que colocou Temer no governo. Apesar de índices baixos de popularidade de Temer, a insatisfação ainda não superou o apresentado ao final do governo de Dilma Roussef. Veja comparação no quadro abaixo, da pesquisa de junho e setembro de 2016 do governo peemedebista de Michel Temer e de março de 2011 e março de 2016 do governo petista de Dilma Rousseff.
De acordo com o instituto, a pesquisa tem margem de erro de 2% e nível de confiança de 95%.
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