Pular para o conteúdo

Curitiba: segundo turno terá dois candidatos reacionários e o PCdoB aliado ao PSD

Por: Marcello Locatelli Barbato, de Curitiba, PR

Como na maioria das cidades do país, as eleições em Curitiba foram marcadas por uma votação que colocou no segundo turno candidatos reacionários comprometidos com a agenda política do presidente Michel Temer (PMDB) e do governador Beto Richa (PSDB). Ambos apoiaram e exaltaram nas suas campanhas as manifestações de direita que ocorreram em apoio ao impeachment.

Estão no segundo turno o ex-prefeito Rafael Greca do PMN e o deputado estadual Ney Leprevost do PSD. O PMDB de Requião Filho orientará voto nulo, o PDT do atual prefeito Gustavo Fruet apoiará Leprevost, enquanto o PP de Maria Vitória apoiará Greca. O PT de Tadeu Veneri ainda não declarou posição no segundo turno.

O petista Tadeu Veneri fez uma campanha completamente adaptada ao modelo tradicional que predominou no PT nos últimos anos, mesmo sem estar coligado com nenhum partido de direita, não conseguiu oferecer uma campanha classista aos trabalhadores, optou pelo discurso da colaboração de classes combinado a defesa pontual de pautas sociais, seu eixo foi defender um programa de natureza Democrático Popular, por isso não empolgou sequer a sua própria militância. Decepcionou muitos militantes que acreditavam poder ver o “PT das origens”. O resultado foi à derrota na Câmara Municipal, com redução de três para uma cadeira, com queda drástica dos votos em relação à última eleição.

A Frente de Esquerda (PSOL/PCB) teve o apoio do #MAIS. Fez uma bela campanha de resistência e contra ponto aos demais candidatos. Por muito pouco a Frente não elegeu um vereador, mas toda militância está de parabéns pela coragem na campanha, houve um crescimento dos votos na Frente de Esquerda e isso deve ser valorizado. O PSTU também se apresentou de maneira corajosa e saudamos sua participação como representante da esquerda socialista, porém, registramos que foi um erro não se incorporar à Frente e ser parte desta unidade nas eleições, o resultado deste isolamento foi uma redução significativa nos votos em comparação com as últimas eleições.

O governador Beto Richa é o grande vencedor no primeiro turno
Tanto Greca, quanto Leprevost pertencem a setores políticos que são próximos ao governador tucano Beto Richa. O partido do atual governador tem o candidato à vice na chapa de Greca e terá o apoio de Maria Vitória, filha da vice-governadora Cida Borguetti e do ministro da saúde Ricardo Barros. Leprevost tem o apoio de Ratinho Jr, atual secretário do governo Richa.

Ganhe quem ganhar no segundo turno, a classe trabalhadora de Curitiba terá um prefeito completamente comprometido com os projetos políticos de Michel Temer e Beto Richa, ambos contrários aos interesses e necessidades dos trabalhadores.

O PC do B/UJS está coligado com o PSD de Leprevost
Em várias manifestações pelo Fora Temer e em várias mobilizações dos estudantes secundaristas nos encontramos com os jovens que estão organizados ou são simpáticos à política da UJS. Saudamos e somos favoráveis à unidade para lutar contra os ataques, mas não sem registrar a nossa crítica e preocupação diante desta aliança entre PC do B e PSD.

A experiência dos últimos anos com os governos liderados pelo PT em âmbito nacional demonstraram o quanto a política de colaboração de classes, ou seja, de alianças com os partidos de direita, significam uma verdadeira traição a classe trabalhadora. Esta aliança anestesiou e paralisou os movimentos organizados dos trabalhadores e da juventude. Enquanto a burguesia teve seus interesses garantidos, tolerou um governo desta natureza, mas bastou os seus ganhos e lucros estarem ameaçados para que a classe dominante recorresse a um governo diretamente seu, de direita tradicional, sem alianças com partidos como PT e PC do B.

É fundamental fazer este balanço e encará-lo de frente. Os dirigentes do PT e do PC do B orientaram a sua militância a aceitar passivamente um governo de colaboração de classes, sob os argumentos da “governabilidade” e dos diversos “avanços” conquistados para a classe trabalhadora. Mas para onde essa política nos levou? Porque agora estamos retrocedendo com os ataques do governo Temer? Porque Dilma já vinha aplicando os planos da burguesa? Porque o PT perdeu apoio da maioria do povo e se distanciou da base dos movimentos sociais? Porque entrou no jogo do poder e da corrupção como os partidos de direita tradicionais?

O programa democrático popular defendido pelo PT e PC do B pressupõe alianças com a burguesia, abandona qualquer perspectiva estratégica de transformação revolucionária do capitalismo. Este programa alimenta a ilusão de que os trabalhadores podem avançar rumo a uma sociedade mais justa e igualitária pelo caminho das reformas nos marcos da democracia burguesa. A história está demonstrando mais uma vez que isso é impossível.

O PC do B e a UJS não podem oferecer uma saída política independente aos jovens que saem as ruas. Não podemos depositar confiança em quem está aliado ao inimigo. Não é possível lutar de maneira consequente e coerente contra os ataques de Temer estando aliado a Leprevost (PSD). Do mesmo modo não há como enfrentar a política de Beto Richa. Ney Leprevost é “coxinha” declarado, na sua campanha saudou as manifestações reacionárias, além disso, apoia as principais medidas proposta por Temer e Richa, por isso tem como principal aliado Ratinho Jr.

Marcado como:
eleições / greca