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Porto Alegre: Marchezan surpreende e vai ao segundo turno com Sebastião Melo

Por: Matheus Gomes, de Porto Alegre, RS

O resultado eleitoral na capital gaúcha confirmou a vitória da velha direita nas urnas. Nelson Marchezan Jr (PSDB), deputado federal ativo nas manifestações do Parcão e filho de um dos líderes da ARENA no Rio Grande do Sul, chegou no primeiro lugar com 29,84%, despontando como surpresa nessas eleições. Sebastião Melo (PMDB), representante da Prefeitura de José Fortunati (PDT), ficou em segundo lugar, com 25,93%.

É a primeira vez que ocorre um segundo turno sem a presença do PT em Porto Alegre. Raul Pont ficou em terceiro lugar com 16,37%. Maurício (PTB) ficou em quarto lugar com 13,68%. Já Luciana Genro (PSOL), que liderou as pesquisas durante boa parte da campanha, ficou em quinto lugar com 12,06% dos votos, reflexo direto das desigualdades no tempo de TV, onde a candidata tinha apenas 11 segundos. Na sequência vieram Fábio Ostermann (PSL e líder do MBL) com 0,99%, Marcelo Chiodo (PV) com 0,60%, Júlio Flores (PSTU) com 0,36% e João Rodrigues (PMN) com 0,17%.

A abstenção em Porto Alegre foi de 22%, pouco mais de 230 mil votos. Além disso, os votos brancos e nulos somaram quase 16%, mais de 120 mil votos, expressando o crescente desinteresse da população jovem e trabalhadora com as eleições – aparente durante todo o processo eleitoral.

Direita cresce, PT e PCdoB perdem espaço, e PSOL aumenta 50% sua bancada na Câmara de Vereadores
Apesar de Fernanda Melchionna (PSOL) ter sido a vereadora mais votada da cidade, é nítido o crescimento da direita. Os partidos que governaram juntos a cidade durante os últimos 12 anos fizeram 28 das 35 vagas na Câmara de Vereadores. Figuras políticas diretamente vinculadas às manifestações reacionárias da direita ganharam espaço, como Felipe Camozzato (Partido Novo), Ramiro Rosário (PSDB) e Ricardo Gomes (PP). Por outro lado, o PT e o PCdoB perderam duas cadeiras em relação às últimas eleições, em que elegeram 6 vereadores, marcando, dessa vez, um dos piores resultados eleitorais na cidade. O PSOL cresceu, elegendo três vereadores (Melchionna, Roberto Robaina e Prof. Alex Fraga), aumentando uma cadeira ante o resultado de 2012.

Marchezan e Melo são farinha do mesmo saco: a partir de segunda-feira, é voto nulo
Não temos alternativa no segundo turno em Porto Alegre. PMDB e PSDB governaram juntos a nossa cidade. São eles os responsáveis pela ampliação das privatizações de espaços públicos, como o Largo Glênio Peres e o Araújo Vianna. Se depender deles, o Cais do Porto virará um mega empreendimento comercial. Em aliança, administraram as obras da Copa do Mundo, que removeram milhares de famílias nas periferias.

A “Máfia do Transporte” certamente está comemorando: a licitação fraudulenta que vigora desde o início desse ano vai perdurar, enchendo os bolsos da ATP com os aumentos abusivos. Melo e Marchezan são base do governo Sartori e apoiam o ilegítimo Michel Temer.

É a hora de denunciar ambas candidaturas. O voto nulo nesse momento é a afirmação de um projeto que negue essas duas alternativas burguesas. É a hora fortalecer as lutas da classe trabalhadora gaúcha, que se movimentou nos dias nacionais de luta de 22 e 29 de setembro rumo à greve geral; articular as mobilizações da juventude nas escolas e universidades contra a Reforma do Ensino Médio; impulsionar a construção de um novembro negro que denuncie a crescente violência policial nas comunidades. A partir daí, podemos construir um programa e uma alternativa de organização que fortaleça o embate aos governos e patrões.

Os trabalhadores não têm opção nesse segundo turno: é voto nulo!