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Belo Horizonte: direita vence, mas esquerda se fortalece nas proporcionais

Por Bernardo Lima e Izabella Lourença, de Belo Horizonte

As eleições de Belo Horizonte não saíram do script das eleições para prefeito pelo país .  As urnas confirmaram as últimas pesquisas e foram eleitos para o segundo turno os candidatos João Leite (PSDB), com 33,4% dos votos  e Kallil (PHS), com 26,5% dos votos. Apesar da diferença no discurso, os dois candidatos são empresários, ligados ao mundo do futebol e apresentam para a cidade um programa de direita. Kallil afirma que “não é político” e ilude muitos trabalhadores dizendo que é uma candidatura independente. Mas o ex-cartola do Atlético era dono de uma empreiteira e não tem nenhuma intenção real de fazer um governo independente dos políticos corruptos e dos patrões.

O grande derrotado das eleições foi o Partido dos Trabalhadores. Reginaldo Lopes obteve apenas 7,2% do total de votos, muito pouco para uma capital onde o PT já teve a prefeitura e atualmente governa o estado. Essa derrota não se deve apenas à falta de carisma do candidato, mas também ao profundo desgaste que o PT sofre em todos os setores da sociedade depois de governar o país com banqueiros e empresários e sofrer um golpe parlamentar de seus próprios aliados.

A vitória eleitoral da esquerda socialista
A eleição de dois candidatos da direita para o segundo turno não impediu a esquerda socialista de obter vitórias nas eleições proporcionais. Áurea Carolina, ativista negra da Muitas, surpreendeu e foi a candidata mais votada da cidade, com mais de 17 mil votos. A coligação PSOL/PCB obteve quase 46 mil votos, superando o PT no total de votos e elegeu também Cida Falabella. Uma vitória contundente da esquerda que não embarcou na estratégia petista de conciliação de classes, como foi a campanha que levou Márcio Lacerda à prefeitura em 2008. É possível vencer com uma campanha sem financiamento de empresários e com um programa independente.

Fez falta uma frente com todos os partidos de esquerda
Se tivesse uma frente entre PSTU, PSOL e PCB,  a esquerda estaria mais fortalecida hoje. Através da campanha da Carine Martins, o MAIS defendeu a conformação de uma Frente de Esquerda nessas eleições. Infelizmente, o PSTU entendeu que deveria sair sozinho, lançou Vanessa Portugal para prefeita e uma chapa própria de vereadores.

O resultado demonstrou que foi um erro optar pela divisão da esquerda e que seria melhor para todos se tivéssemos apresentado candidaturas comuns. Hoje poderíamos eleger mais vereadoras, entre elas Vanessa Portugal, que faria um mandato importante de apoio às lutas dos trabalhadores, principalmente da educação pública de BH.

Foto: Flirck PSDB, cedida para reutilização.