Quatro motivos para não votar em Link (PT) e Arlênio (PMDB) em Sapucaia do Sul (RS)

Por Bruno Cordeiro e Francisco da Silva, de Sapucaia do Sul.

Estamos a menos de dois dias das eleições e chegou a hora de decidir. Expomos aqui quatro motivos para não votar na chapa encabeçada por Link (PT).

  1. Alia-se a todos para manter-se no poder, inclusive ao PMDB;

Dilma sofreu impeachment com a liderança e apoio de Eduardo Cunha e Michel Temer, ambos do PMDB.

Para derrotar Temer é necessário também derrotar o PMDB e os demais partidos burgueses. O problema é que ao aliar-se ao PMDB para as eleições, Link fortalece este partido. Cada voto no candidato a prefeito do PT é um voto no Arlênio, do PMDB, para vice. Aliás, o Link não fica com receio de sofrer impeachment também?

Além do PMDB, estão na chapa do PT o PR de Magno Malta, líder do projeto Escola sem Partido, que visa proibir o debate político nas instituições de ensino no país, o PRB da Igreja Universal, que transforma seus templos em currais eleitorais no Brasil inteiro e o Solidariedade de Paulinho da Força, um dos nomes mais fortes do golpe parlamentar e um reconhecido inimigo da classe trabalhadora.

As eleições poderiam ser um importante momento de fortalecimento e aglutinação dos trabalhadores e forças progressistas. Entretanto não é possível crer que os partidos citados sejam aliados para transformar a sociedade. Para barrar a direita e os responsáveis pelo golpe no Brasil é imprescindível a independência de classe. Nenhuma aliança deve ser feita com partidos burgueses, nenhum financiamento dos empresários deve ser aceito e nenhum conchavo com os patrões pode ser realizado.

  1. PT fortaleceu as instituições de classe dos patrões;

O atual prefeito, Vilmar Ballin (PT) governou a cidade por oito anos fortalecendo instituições como a ACIS e CDL. O Partido dos Trabalhadores em Sapucaia do Sul seguiu o caminho de suas gestões nacionais, apostando em uma aproximação com a classe empresarial.

As duas maiores representantes desta classe estão muito fortalecidas após os dois mandatos do prefeito Ballin. É notório o crescimento estrutural e de importância política destas instituições.

Por outro lado, não houve nenhuma política de crescimento dos organismos representativos dos trabalhadores, ocorrendo o contrário no caso dos funcionários do município, como os professores.

  1. Ballin extinguiu a Secretaria de Cultura em 2014

O setor cultural sofreu grandes perdas nos últimos oito anos. A maior derrota foi a extinção da Secretaria de Cultura, em 2014. Um governo popular deve ter como diretriz o avanço na consciência social da população, e a cultura é a ferramenta básica para este avanço.

O PT mais uma vez rendeu-se a lógica da austeridade, cortando em um setor imprescindível para um governo popular, enquanto isto mantém secretarias em funcionamento que tem a única função de acomodação política.

Após a extinção da Secretaria de Cultura, Ballin e a base governista tentaram a extinção da obrigatoriedade do investimento no museu da cidade, que custa só 0,02% do orçamento. Boa parte da população nem sabe que ele existe, pois este está fisicamente colocado ao lado da Biblioteca Municipal, sem ao menos uma placa que o identifique.

  1. Ballin atacou a educação municipal;

Em sua primeira campanha ao executivo municipal, o atual prefeito Vilmar Ballin fez diversas promessas aos servidores de educação, como implementar plano de carreira, plano de saúde, municipalização da merenda escolar, vale-refeição, eleição para diretores, planejamento, valorização dos servidores e incentivo a formação dos profissionais. Oito anos depois, nenhuma das promessas foi cumprida.

Não cumprir nenhuma promessa de campanha foi um vexame para um governo comandado por um partido surgido das lutas sindicais e que durante muito tempo teve como seu grande nome na cidade um professor, o Edson Portilho. Sobre o Edson, ele era o secretário de educação quando em 2013 o governo Ballin teve um momento crítico. O sindicato dos trabalhadores em educação realizou uma greve de quase trinta dias com uma longa pauta de reivindicações, entre elas as promessas do prefeito. Naquele momento havia uma ação judicial que proibia os professores de comer nas escolas, ou seja, não havia vale-alimentação e nem a possibilidade de comer a merenda escolar. O resultado foi que a prefeitura sufocou a greve cortando o ponto dos professores, deixando-os sem o salário por um mês inteiro, mesmo após o cumprimento das aulas fora de horário.

O PT foi um partido forjado nas greves, nos sindicatos, nas lutas sociais e teve naquele momento uma ação pior do que teriam diversos partidos de direita. Uma ação digna dos sindicatos patronais nas mesas de negociação, um desserviço prestado a classe trabalhadora e um desserviço às políticas de esquerda.

Pelos motivos expostos não deve-se considerar a chapa PT/PMDB como algo novo a cidade, apesar das repaginadas bandeiras e símbolos.

Foto: Diego da Rosa/GES