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EDITORIAL

Unir-se ao PT para evitar a vitória da direita?

Muitos se perguntam: a esquerda não deveria se unir para impedir o triunfo dos conservadores e reacionários no primeiro turno das eleições? Não seria correta uma aliança entre Erundina (PSOL) e Haddad (PT) em São Paulo, entre Marcelo Freixo (PSOL) e Jandira Feghali (PCdoB) no Rio e entre Raul Pont (PT) e Luciana Genro (PSOL) em Porto Alegre?

O portal Carta Maior, em seu editorial de 27 de setembro, afirma, por exemplo, que é necessário “um pacto progressista para evitar o horror em SP”. Nas redes sociais, há uma intensa campanha do PT pela retirada da candidatura de Luiza Erundina e o voto útil em Haddad.

O apelo pela unidade eleitoral das “forças progressistas” contra a ofensiva da velha direita parece um argumento poderoso, quase irrefutável. Porém, se examinado com mais atenção, releva-se como uma armadilha do PT para impedir o fortalecimento da esquerda independente e atenuar sua crise política.

Quem é a esquerda que a direita gosta?

A justificativa da “aliança das esquerdas”, propagada pela direção petista, não resiste à prova dos fatos. Em quase dois mil, dos 5570 municípios brasileiros, o PT está em coligações com partidos golpistas, sendo que em 648 cidades, apoiam candidatos do PMDB de Michel Temer e Eduardo Cunha.

Tampouco a realidade em São Paulo e no Rio de Janeiro difere muito do quadro nacional. A coligação de Fernando Haddad abarca partidos fisiológicos e conservadores como o PR, PROS e o PDT. O vice é Gabriel Chalita (PDT), que foi secretário da educação do governo Alckmin (2002-2005) e íntimo aliado de Michel Temer no PMDB.

A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB), que disputa a capital fluminense, já teve cargo no governo Eduardo Paes. Compunha, até bem pouco tempo atrás, junto ao PT, a base de apoio do PMDB no estado.

Fortalecer a esquerda independente

A obsessão do PT pela conciliação com as elites políticas e econômicas abriu portas para o avanço da direita. Mais de uma década de alianças espúrias com partidos reacionários como o PSC de Feliciano e Bolsonaro, a recusa em realizar reformas estruturais, o estelionato eleitoral de 2014 e a aplicação do duríssimo ajuste de Levy estiveram na raiz do processo que levou ao golpe parlamentar.

Embora a burguesia tenha rompido o pacto com PT ao patrocinar o impeachment de Dilma, o PT não abandonou a estratégia de conciliação de classes. Hoje, o discurso do partido de Lula acena à esquerda, mas seu programa e prática continuam a jogar à direita.

A reconstrução da esquerda anti-capitalista passa por recuperar o princípio da independência de classe, o programa socialista e a estratégia da luta direta para a transformação social. Em outras palavras, abrir caminho à superação do petismo pela esquerda é tarefa inadiável.

Nesse sentido, tem muita importância o fortalecimento das candidaturas independentes da esquerda nessas eleições. O voto em Marcelo Freixo, Luciana Genro, Luiza Erundina e demais candidatos do PSOL, PSTU e PCB, indica a possibilidade de uma esquerda quer não quer repetir os erros do PT. Apenas isto poderá derrotar a ofensiva da direita.

Foto: site Brasil 247. 11 de outubro de 2012.

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eleições 2016 / psol