Enfrentar a direita nas urnas e nas ruas

As eleições municipais entraram em sua última e decisiva semana. Daqui seis dias, no dia 2 de outubro, ocorre o primeiro turno.

O cenário é bastante preocupante. Os números sinalizam para a possibilidade de uma vitória expressiva de candidaturas da velha direita na grande maioria dos municípios. Se se confirma esse quadro, os partidos conservadores e fisiológicos que sustentam o governo Temer no Congresso serão os principais beneficiados.

O que dizem as pesquisas?

Em São Paulo, maior cidade do país, o milionário empresário João Dória (PSDB) assumiu a primeira colocação com 25%, segundo o Datafolha; seguido de Celso Russomano (PRB), da igreja Universal, com 22%. Marta Suplicy (PMDB) aparece com 20%.

O PT, que desde 1988 sempre disputou com força a capital de SP, amarga apenas 10% com Haddad. Erundina (PSOL), como 10 segundos na TV, marca 5% das intenções de voto.

Em Belo Horizonte, os três primeiros colocados também são da direita tradicional, com os tucanos à frente.

No Rio, o bispo Crivella lidera com 31%. Marcelo Freixo (PSOL) ocupa a segunda posição com 10%, mas é seguido de perto por Jandira (PCdoB) e Pedro Paulo (PMDB) que marcam 9%. O filho do Bolsonaro aparece com 7%.

Em Porto Alegre, de acordo com o Ibope, Sebastião Melo (PMDB) está na frente com 29%. Na segunda posição, aparecem empatados Raul Pont (PT) e Nelson Marchezan (PSDB), com 17%. Luciana Genro (PSOL) é a terceira colocada, com 12% das intenções de voto.

Em Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT) lidera com 34%, e é seguido de perto pelo Capitão Vagner (PR) com 28%. Na cidade de Salvador, ACM Neto (DEM) deve ser eleito em primeiro turno com larga vantagem. Em Recife, quem lidera é Geraldo Júlio (PSB) com 38%; em segundo lugar está João Paulo (PT), com 28%.

Como uma exceção à regra, em Belém, Edmilson (PSOL) aparece na frente com 36%; seguido por Éder Mauro (PSD) com 24%.

 Voto útil é na esquerda socialista!

Como podemos observar, o cenário eleitoral aponta para um avanço da direita tradicional, hoje unificada em torno ao apoio a Temer. O PT, por sua vez, deve colher seu pior resultado eleitoral desde 1985, expressando, dessa forma, seu declínio e crise política.

Embora minoritário, o PSOL ocupa um espaço significativo à esquerda; porém, seu avanço é contido pela legislação eleitoral e pela conjuntura nacional adversa.

Neste contexto, as eleições expressam e fortalecem, ainda que de modo distorcido, tendências da realidade política e social. Por isso, é muito importante, nessa semana final, batalhar pelo voto nas candidaturas da esquerda socialista. Cada voto que saí da Direita e do PT e vai para as candidaturas do PSOL, PSTU e PCB é uma conquista política na batalha pela consciência dos trabalhadores e da juventude.

O PT e o PCdoB, com o discurso da “unidade contra a direita”, querem fechar as portas para aparecimento de uma esquerda alternativa com peso de massas. O petismo, que está coligado com partidos da direita – PMDB, PSDB, PR, etc. – em mais de 1800 municípios, não tem legitimidade para falar em nome da esquerda.

Portanto, levar Marcelo Freixo e Luciana Genro ao segundo turno tem muito valor. Do mesmo modo, Luiza Erundina obter uma votação significativa em São Paulo, assim como Toninho em São José dos Campos, Vera em Aracaju, Vanessa Portugal em Belo Horizonte, e as demais candidaturas do PSOL, PSTU e PCB em tantas outras cidades, é importante para a construção uma terceira via, em contraposição à direita e ao petismo.

Da mesma forma, é necessário batalhar pelo voto nas candidaturas a vereador da esquerda socialista em cada cidade. Como sabemos, as eleições, controladas pelo poder econômico, não são o espaço para a real transformação social que o país precisa. Porém, ter nas Câmaras Municipais mandatos comprometidos com a luta dos trabalhadores e da juventude, de modo que eles sejam um ponto de apoio às mobilizações sociais, tem importância.

Nas ruas e nas greves, fortalecer a resistência! Todo apoio à paralisação nacional dos metalúrgicos no dia 29

Sem pausa para o processo eleitoral, os ataques do governo de Michel Temer aos direitos do povo trabalhador estão a todo vapor. A Reforma da Previdência deverá ser enviada ao Congresso essa semana. A reforma do ensino médio, feita numa canetada, já está valendo por meio de uma medida provisória. As privatizações, retiradas de direitos trabalhistas e a PEC 241 (que congela gastos sociais por 20 anos) já estão no forno.

E não para aí. A situação de vida dos trabalhadores está cada vez pior. O desemprego não para de crescer, já mais de 11,8 milhões de desempregados. O salário médio segue diminuindo e as empresas querem ainda mais arrocho.

Por isso, é necessário fortalecer os processos de luta. Apenas a força da mobilização social pode derrotar os planos do governo Temer.

Nesta quinta, dia 29, ocorre um dia nacional de paralisação dos metalúrgicos em defesa dos direitos dos trabalhadores. É fundamental dar todo apoio ativo a esse dia de luta operária, que pode ser um primeiro passo rumo à greve geral. Nesse sentido, também, tem muita importância o apoio à greve nacional dos bancários e à mobilização dos petroleiros.

Para começar a virar o jogo contra Temer e toda direita, é preciso fortalecer a resistência nas ruas e nas greves.