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BRASIL

Voltará a classe operária a ter esperanças no PT?

Por Francisco da Silva, de Sapucaia do Sul, RS.

A história é mais ou menos assim: no segundo turno das eleições de 2014 os trabalhadores e as trabalhadoras da indústria já não viam a Dilma e o PT como um governo seu. Mas frente a certeza de que “Aécio não!” alguns no facebook fizeram campanha deliberada pelo voto na Dilma. E muitos apesar de não se engajarem diretamente na campanha da Dilma faziam campanha negativa à Aécio. Menos de 3 meses depois, o governo do PT/PMDB liderado por Dilma e Joaquim Levy começaram a aplicar um plano de austeridade nas contas públicas e ataques aos direitos trabalhistas de pensão por morte, seguro desemprego e auxílio doença, entre outros.

A primeira fase
Nesse momento houve uma explosão das relações do PT com a base operária. Os trabalhadores foram para a oposição ao governo. Se sentiam traídos pela Dilma e o PT e estavam dispostos à ir à luta contra Dilma. Tanto é que muitos foram arrastados para a primeira mobilização de massas de domingo. Em algumas fábricas a ala jovem dos trabalhadores chegaram a se organizar pra ir no protesto. Foi essa enorme pressão que fez a CUT se mexer e colocar em marcha um dia de paralisação nacional no dia 29 de maio. Depois do protesto aconteceu porém um início de desconfiança com essas mobilizações. Naquela época nós não vimos com claridade, mas os trabalhadores começaram a questionar um protesto feito aos domingos: “dia de descansar”, “dia sem impacto na produção e comércio” e que tinha muita gente bem de vida.

Mesmo assim, nesse momento a ruptura era tão forte que o sindicato dos metalúrgicos de São Leopoldo e região não ousava colocar nada em defesa da Dilma nos jornais do Sindicato. Muito mais impensável seria tentar mobilizar a classe contra o impeachmeant. Quando o processo de impeachmeant foi aberto a peãozada comemorou. Em resumo era de massas a ideia de “Fora PT! Queremos mudanças!”.

A segunda fase
A partir de conhecer melhor quem era Eduardo Cunha, o chefe do processo de impeachmeant, bem como toda aquela comissão enlameada até o pescoço na corrupção que liderava o processo de impeachmeant na Câmara, os operários começaram a se afastar da comemoração do impeachmeant. O peão olhava pra TV, coçava a cabeça e dizia “tamo ferrado. Dilma é uma merda mas esses político são uns safado.”

Mas o divisor de águas foi a partir do espetáculo da votação do impeachmeant na Câmara de deputados e a consolidação dos atos de domingo em atos contra o PT mas também contra os projetos petistas como PROUNI, PRONATEC, Bolsa Família e Minha Casa Minha Vida que o povão via como sendo seus projetos. A partir daí a classe se dividiu: começou a surgir uma ala de opinião que marca a próxima fase e a ala mais radical contra o PT perdeu força.

Em que pese o desemprego já estar enorme, a inflação alta, as condições de vida, trabalho e moradia piorando, ao não querer Dilma mas já desconfiar que do impeachmeant não viria coisa boa a classe operária se retirou. Sem uma alternativa a apostar, voltou-se à normalidade de apatia e omissão profunda. Essa segunda fase foi marcada pela indiferença da classe operária com o rebuliço que ocorria na vida política nacional.

A terceira fase
A terceira fase é essa que estamos vivendo agora no pós impeachmeant. Frente à destruição Temerista, pela primeira vez desde 2014 pode-se ver trabalhadores da indústria dizendo “eu sou petista, eu tava contra que tirassem aquela mulher de lá”. “Com aquela mulher lá tava ruim, mas esse cara é da elite.”. “Dá pra ver que ele só quer ferrar o povão. Só quer ajudar os empresários”.

Os mesmos trabalhadores que se possível eram capazes de agredir Dilma no início de 2015 tamanha era a fúria contra o PT, hoje estão envolvidos numa linha do PT como “o mal menor”. Não acreditam no PT, não parecem ter esperanças no PT. Mas afinal não tem esperanças em ninguém. Não conhecem a força da classe. E como só enxergam o mundo entre Temer e Dilma/Lula, são tão contra Temer que passaram a apoiar criticamente Dilma e o Lula novamente. Essa ala de opinião ainda é minoritária entre os operários, mas está se tornando cada dia mais influente. A maioria segue na segunda fase, indiferente portanto. E os remanescentes da primeira fase estão condenados há uma solidão tamanha que sequer interagem mais com o MBL e Revoltados Online nas redes. Pareceu ao conjunto de seus amigos, colegas e familiares que foram responsáveis por colocar o odiado governo Temer lá.

É cedo pra dizer pra onde vai a opinião da classe operária. O certo é que nessa terceira fase pós impeachmeant se abriu uma nova ala de opinião com força. E a medida que Temer e a burguesia mover a máquina de destruição os trabalhadores poderão ser jogados para essa ala. Os socialistas devem ficar atentos. Os trabalhadores se sentem traídos pelo PT, estão decepcionados. Mas ainda não tem alternativa.

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Classe operária / pt