Por: Eliana Penha, de São Paulo, SP.
A cidade de São Paulo tem nestas eleições candidatos da burguesia e Frente Popular mal feita que tentam a todo custo apresentar soluções mirabolantes para os problemas da população pobre, mal empregada, desempregada e despossuída. Todos/as dizem que resolverão os problemas de moradia, transporte, saúde e educação. Até aí, nenhuma novidade, eles sempre fazem isto. Desta vez porém o candidato Celso Russomano caprichou no absurdo e propôs as “creches verticais”.
Sua proposta é bem simples: utilizar o terreno das creches já construídas e superlotadas para levantar prédios que seriam as “creches verticais”. Sem levar em consideração que o aprendizado e a saúde das crianças em idade de 0 a 3 anos passa por ela freqüentar os diversos espaços pedagogicamente pensados da sua creche. Isto significa que a criança precisa passar pela sala de aula, cantinho do sono, banho de sol no parque, refeitório, banheiros, etc., e que deve ter um limite máximo de alunos para que todos estes espaços possam ser vivenciados em toda sua plenitude. Outro aspecto desta ideia absurda é não levar em conta a idade dos pequenos que teriam que ser transportados no colo de um andar para outro, o que causaria desconforto e dificuldades de locomoção aos mesmos e as funcionárias ou mães. Ou será que Russomano acredita que uma criança com esta idade tem condições de subir e descer escadas sozinhas?
As creches construídas pela prefeitura foram pensadas para atender à estas e outras necessidades das crianças. O problema é que os/as prefeitos/as que claramente escolheram o lado dos ricos e poderosos para governar não investem na educação para esta faixa etária, tratando a creche como “um lugar” para as mães “deixarem” os filhos enquanto trabalham, esquecendo-se que, tanto o ECA, quanto a LDB, deixam explícito que esta instituição faz parte da rede pública de educação e que deve atender totalmente todas as crianças, ou seja, é um direito delas. E o não atendimento além de retirar este direito garantido por lei é uma violência à mulher que fica impedida de estudar e trabalhar ou acaba deixando os filhos com a avó, tia ou as/os filhas/os mais velhos.
Precisamos romper com esta situação e exigir que se invista pelo menos 10% do PIB nacional em educação, por exemplo, e que seja investido os 30% da receita do município em educação que Marta diminuiu para 25% quando foi prefeita. É preciso taxar os imóveis de luxo e desapropriar os que ficam abandonados esperando a especulação imobiliária para que o dinheiro seja revertido para a educação, moradia e saúde. Enfim é preciso pensar a cidade para quem de fato a constrói que são as trabalhadoras e os trabalhadores. Não existe “governar para todos”, não existe “neutralidade” quando se trata de política nesta sociedade de classes e a nossa vida de trabalhadoras e trabalhadores é a maior prova disso. Vamos exigir o que é nosso de direito, vamos exigir que nossa cidade seja realmente nossa, que os serviços públicos sejam de qualidade para nós e nossas famílias.
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