Por: Altobelly Rosa, de Belém, PA.
Basta uma busca rápida na internet com as palavras “carro prata” e “carro preto” para surgirem centenas de notícias sobre assassinatos de jovens negros nas periferias de Belém. Se contarmos apenas do último semestre de 2015 até agora já foram noticiadas 13 mortes relacionadas aos tais carros. Esse período foi de terror para os pretos e pobres da Marambaia, Cabanagem, Terra-firme, Guamá, Barreiro, Jurunas e Telegrafo.
A violência em Belém é alarmante. A segurança pública se tornou pauta central para os candidatos a prefeito que discutem formas de deixar a cidade mais “segura”. Aumento de efetivo, mais rigor na punição, mais armamento, são muitas as propostas, entretanto, ninguém fala dessas execuções feitas por supostas milícias. O genocídio segue livremente nas vielas e becos de Belém.
Não é novidade a execução de jovens nas periferias por esses grupos em Belém e Região Metropolitana. Em 2006 Ananindeua, cidade vizinha à Belém, teve três de seus bairros sitiados e viu 21 jovens serem mortos após o assassinato de um Policial Militar. No ano de 2014 a Terra Firme, uma das maiores periferias de Belém, viveu noites de terror: após a morte de um soldado da PM foram pelo menos 11 mortes. Esse episódio brutal confirmou o que a maioria da periferia já sabia, a existência das milícias.
A atuação desses grupos foi alvo de uma CPI que conseguiu confirmar a existência de pelo menos 4 grupos no Pará. Sobre a chacina mais recente confirmou-se a conivência de policiais militares com as execuções.
Enquanto o Estado é omisso e conivente, a periferia resiste. Na última semana a população do Barreiro, uma periferia de Belém, fechou ruas e tocou fogo em pneus para denunciar outra morte. Raimundo, um artesão, perdeu a vida ao tentar chegar em casa, vítima do carro prata. Mas é preciso perguntar ao futuro prefeito de Belém, qual sua proposta para acabar com as milícias? Já basta do genocídio de negros e pobres nas periferias da Cidade das Mangueiras.
Foto: J.R Avelar/Diário do Pará.
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