O grito de protesto no futebol americano

Por: Ribamar Moreira, São Luís, MA

Uma iniciativa do quarterback do San Francisco 49ers, Colin Kaepernick, vem causando bastante impacto nos Estados Unidos. Desde o final de agosto, o jogador se nega a ficar de pé durante o Hino Nacional, como forma de protesto às injustiças raciais e à brutalidade policial no país.

A estranheza sentida por grande parte dos fãs do esporte atesta a importância do ato, pois desde as Olimpíadas de 1968 com o símbolo dos Panteras Negras no pódio do atletismo, praticamente não se observou manifestações de atletas estadunidenses na televisão, e em rede mundial.

Vale lembrar que desde maio de 2015, os Estados Unidos experimentam uma onda de protestos que escancaram e põem em xeque o racismo estrutural no país, há muito encoberto pela Propaganda imperialista.

Eco
Na liga profissional, a NFL, cerca de 68% dos jogadores são negros, por isso não demorou para que o protesto fosse repetido. Alguns dias depois, jogadores de quatro times diferentes aderiram à causa. Também houve resquícios na Liga Universitária.

Ainda assim, o pioneiro afirmou que poderia haver mais adeptos. “Há jogadores em todo o país, não só na NFL, mas de outros esportes, que não gostam de abordar esta questão de que as pessoas de cor são oprimidas e tratadas injustamente. Não sei por que é assim ou do que eles têm medo, mas isso precisa ser falado”, disse.

Repercussão
Se por um lado a camisa de Kaepernick virou a mais vendida das últimas semanas, por outro, o jogador vem sofrendo retaliações e até mesmo ameaças de morte. Segundo ele, “as ameaças não foram feitas apenas em redes sociais, mas também de outras maneiras”.

Várias personalidades estadunidenses se pronunciaram quanto ao assunto. O Comissário da NFL, Roger Goodell, classificou o protesto como falta de patriotismo. O famigerado candidato à Presidência, Donald Trump, arrogantemente sugeriu que o jogador procurasse outro país para morar. Em resposta, o quarterback afirmou que “não ficará em pé e mostrará orgulho pela bandeira de um país que oprime o povo negro”. Já para Barack Obama, atual Presidente, foi “um gesto sincero, algo que deve provocar conversas numa democracia”.

O fato é que o protesto dos atletas configura mais uma arma na resistência dos negros e negras estadunidenses. Como pessoas públicas e formadoras de opinião, é de grande feito terem se posicionado politicamente. Que essa ação dê mais fôlego e mais incentivo aos movimentos populares. É preciso rebelar-se. Vidas negras importam.

Foto: AP