Por: Isabel Fuchs, de Campinas, SP
Durante essa semana, uma pesquisa feita pelo DATAFOLHA trouxe à tona números chocantes, que escancaram a realidade da cultura do estupro no Brasil. Segundo a pesquisa, um a cada três brasileiros, cerca de 42% dos homens entrevistados acreditam que as vítimas de estupro no país são responsáveis pela violência que sofrem.
Na mesma pesquisa, o número de mulheres que temem sofrer violência sexual também é alarmante, são cerca de 85% de mulheres que vivem sob o medo constante de sofrer algum tipo de abuso, ou violência sexual. Essa é a realidade do Brasil, onde a cada 11 minutos uma mulher é estuprada.
Em Campinas, na mesma semana que tivemos contato com os dados da pesquisa, mais um caso de estupro foi denunciado. No último dia 16, uma estudante da UNIP foi estuprada no estacionamento do hipermercado Extra Abolição, em plena luz do dia.
Diante dos constantes casos de violência que ocorrem na região, três estudantes do curso de Comunicação Social e Jornalismo, Diomara Dourado, Gabriela Furlan e Isabelle Mancini resolveram organizar uma manifestação, nesta sexta-feira (23), às 19h15, em frente ao mercado onde ocorreu o estupro.
Segundo Diomara, os casos de violência na região são recorrentes. “Esses acontecimentos, como roubo, já se tornaram comum nas redondezas da faculdade, porém um caso como o dessa jovem não pode ser mais um a ficar no esquecimento. Sempre dizem que vão resolver e nunca resolvem. Já presenciei nesses anos de UNIP uns 20 assaltos perto do Extra e em volta da faculdade. Só que agora isso ficou sério demais, não foi um simples roubo e sim uma violência sexual a luz do dia. Se eles não conseguem monitorar e cuidar disso na parte da manhã, a noite o descaso é maior, então chegou a hora de ir atrás de soluções”, explicou.
Alguns alunos denunciam ainda que o mercado Extra está tentando abafar os casos de violência, com o intuito de ‘não manchar’ o nome da rede de hipermercados.
Assim como acontece em diversas cidades do país, as mulheres estão se organizando para lutar contra a cultura do estupro, os ventos da primavera feminista seguem soprando e há muita resistência. Essa manifestação é mais um exemplo disso. “O protesto é um meio de reivindicar nossos direitos à algo, e a união faz a força. Acredito que tenham muitos alunos que já devem ter pensado nisso antes, mas faltava um incentivo maior. Nós, como mulheres e alunas nos sentimos na obrigação de exigir dos responsáveis mais segurança. Queremos ser ouvidas e que nos dêem soluções que realmente possam mudar essa triste realidade”, contou Diomara.
Esse é o momento de fortalecer a luta das mulheres contra a cultura do estupro e os milhares de casos de violência sexual no país.
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