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MOVIMENTO

Trabalhadores da BR resistem a assédio moral

RJ – MOVIMENTAÇÃO/PETROBRAS – GERAL – Movimentação em frente ao prédio da Petrobras localizado na Avenida Republica do Chile, n° 65, no centro do Rio de Janeiro, na manhã desta terça-feira (01). 01/04/2014 – Foto: ALE SILVA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Por: Natália Russo, do Rio de Janeiro, RJ

Após greve forte de cinco dias, trabalhadores são ameaçados por código específico de greve.  A BR é empresa símbolo da Petrobras responsável pela distribuição de combustíveis e derivados em todo o país. Sua venda significará o encarecimento e não distribuição em locais que não interessam ao mercado. A privatização será um grande retrocesso em direitos e na soberania nacional.

A greve foi forte e essa medida da empresa visa intimidar os trabalhadores e evitar que eles exerçam seu direito legítimo de protesto e greve. O sindicato da categoria, o Sitramico, encaminhou uma ação ao Ministério Público do Trabalho denunciando o assédio moral coletivo. Essa medida é uma provocação. Certamente, os trabalhadores irão responder no momento certo. Está sendo preparada em todo o país uma greve nacional, na qual os trabalhadores irão defender a soberania nacional contra a privatização e, portanto, mais direitos e empregos para a população brasileira.

Vários trabalhadores também encaminharam carta à ouvidoria denunciando o caso. Leia abaxo:

Prezado senhor,

Foi com muita surpresa que tomei conhecimento do novo código criado pelo RH da Petrobras Distribuidora para ser lançado no STIF dos trabalhadores e trabalhadoras que fizeram a última greve de cinco dias, ocorrida entre 15 e 19 de agosto de 2016.

No dia 11/08, esta egrégia Ouvidoria soltou um comunicado afirmando que o direito de greve seria respeitado. “Nenhum empregado será ameaçado ou discriminado se optar por aderir a movimentos grevistas”, afirmava o informativo.

Hoje, ao entregar o STIF, tive a ingrata surpresa da criação do novo código “Ausência por greve não justificada”, que todos os gerentes foram obrigados a lançar no STIF dos seus subordinados mediante instrução da GRH através de DIP.

Ora, o que significa a criação deste novo código, que qualifica a greve como “não justificada” e taxa o trabalhador como grevista irresponsável, marca que levará por toda a sua vida laboral na companhia? Por que a criação deste código agora, quando diversas outras greves já foram feitas e nunca se criou nenhum código específico para tal? Qual a autoridade que a BR tem em julgar um movimento grevista como não justificado? Há alguma decisão judicial que determina a ilegalidade deste último movimento grevista?

Ao que parece, tal atitude serve somente para ameaçar os trabalhadores e trabalhadoras que estão insatisfeitos com o processo de venda da BR. Tal atitude desrespeita os princípios do próprio Código de Ética do Sistema Petrobras, quando diz:

“A honestidade, a integridade, a justiça, a equidade, a verdade, a coerência entre o discurso e a prática referenciam as relações do Sistema Petrobras com pessoas e instituições, e se manifestam no respeito às diferenças e diversidades de condição étnica, religiosa, social, cultural, linguística, política, estética, etária, física, mental e psíquica, de gênero, de orientação sexual e outras.”

Ou ainda:”2.5 reconhecer o direito de livre associação de seus empregados, respeitar e valorizar sua participação em sindicatos e não praticar qualquer tipo de discriminação negativa com relação a seus empregados sindicalizados”.

Desta forma, gostaria de solicitar a esta Ouvidoria que analise o caso, que muito se assemelha a um assédio moral corporativo.