Por Martina Gomes e Pedro Silveira, professores e militantes do #MAIS Porto Alegre
Após o impeachment do dia 31/08, o Brasil vive novas ondas de atos, ainda não com a magnitude de Junho de 2013, mas são atos que reúnem milhares de pessoas, convocados por movimentos sociais ou de forma espontânea e que enfrentaram forte repressão do Estado. O que unifica os atos é o Fora Temer e as vésperas das eleições municipais estas manifestações exercem impacto direto nas disputas.
Na noite de 7 de setembro, foi divulgada a segunda pesquisa pós-inicio do processo eleitoral em Porto Alegre, realizada pelo Instituto Methodos, que indicou Luciana Genro (PSOL) com 19%, Raul Pont (PT) em segundo com 17,4%, Sebastião Melo (PMDB) com 17,2%, expressão da entrada de sua máquina eleitoral, e Nelson Marchezan Jr. (PSDB) com 13,4%. A margem de erro é de 4,9 pontos percentuais, para mais ou para menos, o que pode indicar um empate técnico entre os quatro primeiros colocados.
A pesquisa recém divulgada demonstra um grande equilíbrio na disputa, mas principalmente uma disputa pelo voto de esquerda entre Luciana (PSOL) e Raul (PT). Por este motivo, é muito importante uma reflexão sobre os projetos em debate e a forma mais consequente de lutar contra Temer, afinal, os processos se combinam.
É preciso construir uma alternativa de esquerda, vinculada aos trabalhadores para governar Porto Alegre apoiado nas mobilizações e organização independente da burguesia, e assim retirar as conclusões necessárias do projeto de conciliação de classes que teve como produto final o golpe parlamentar que retirou Dilma Roussef (PT) da presidência.
Por isto, o candidato do PT, apesar de publicamente defender o Fora Temer, segue sendo parte daqueles que não fizeram revisão alguma sobre os 13 anos de aliança com a burguesia no país. No país inteiro, o PT está coligado em mais de 1000 municípios com partidos golpistas, que votaram pelo impedimento de Dilma, só no estado do Rio Grande do Sul são mais de 200 municípios.
Raul Pont e o PT tentam capitalizar o rechaço a Temer, mas sabemos que seu partido o PT não rompeu com a lógica de um “governo para todos”, seja por se aliarem aos que lhes retiraram do poder, seja pela aplicação de projetos que já eram vinculados ao seu governo como a PL 257, seja pela aposta da direção do PT para as próprias mobilizações, que visa centralmente as eleições 2018, o que ficou nítido com a fraca resistência encapada pela CUT, UNE e MST no período que antecedeu o 31/08.
Portanto, para ser consequente na luta contra Temer, defendemos que a participação na disputa eleitoral deve estar vinculada às mobilizações mais importantes da conjuntura, como as greves de bancários e correios (que começará logo mais), as lutas na UFRGS, ocupações urbanas e rurais. Um governo dos trabalhadores em Porto Alegre é hoje “Primeiramente pelo Fora Temer” e é neste sentido que apoiamos Luciana Genro e fazemos um chamado à toda esquerda socialista, que se manteve independente dos campos burgueses nos últimos 13 anos, que se somem as mobilizações. Isso é importante pois as ilusões não morrem sozinhas. O projeto do PT não será superado se não disputarmos com eles diretamente o porque chegamos na situação atual e a luta é o melhor terreno para isso, ainda mais em meio ao processo eleitoral.
Por uma Frente de Esquerda nas lutas e nas eleições!
É necessário nesse momento fortalecer o campo da esquerda, as manifestações estão sendo construídas com a mais ampla unidade com todos os setores que reivindicam o Fora Temer, mas devemos articular os que concordam com a recuperação da estratégia socialista e revolucionária, organizar os ativistas de maneira democrática. MAIS, PCB, NOS, Alicerce, PCR, são organizações políticas que já participam desse processo e apoiam a candidatura de Luciana. O PSOL deve se somar conosco nas ruas, para unirmos forças contra Temer, por novas eleições, mas principalmente, para que construamos uma alternativa ao projeto desenvolvido pelo PT no Brasil.
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