A possível venda da malha de gasodutos da Petrobras e seus primeiros impactos negativos
Publicado em: 8 de setembro de 2016
Por Daniel Tomazine, Petroleiro de Duque de Caxias – RJ
Na tarde dessa terça-feira (06/09), O Globo anunciou que existe um acordo para compra de 90% da malha de gasodutos da Petrobras, pela quantia de U$ 5,2 Bilhões. Seria mais uma etapa dos planos de desinvestimentos, iniciados pela Gestão Bendine (Dilma) e levada adiante por Parente (Temer).
Trata-se de uma ação mortal para a soberania da companhia brasileira. A Petrobras produz a maior parte do Gás consumido no país (uma parte importante vem da Bolívia). Os gasodutos são a garantia da capacidade de operação do sistema, que se inicia da extração do gás em alto mar e termina nas fábricas de fertilizantes (FAFENs) e nas mais de duas dezenas de Usinas Termoelétricas.
Além disso, se utiliza o gás natural para diversos outros processos e produtos, tendo a Petrobras como a maior fornecedora dessa matéria prima/fonte de energia. Assim, a capacidade da Petrobras em determinar quanto de gás que ela mesmo produz será destinado para as suas necessidades internas, teria que passar a contar com a anuência de um agente externo. Além de ter que se pagar o lucro de um terceiro – o que hoje não ocorre, pois só se contabiliza os custos da operação, incluídos no preço final -, a companhia terá a sua logística dependendo de um grupo de agentes econômicos que são seus competidores em nível internacional.
Isso representa deixar toda a operação envolvendo o gás natural nas mãos de grupos econômicos que, por exemplo, podem resolver que para atender a seus interesses, o gás brasileiro deve subir de preço e cobrarem um valor maior da Petrobras. Além disso, as malhas de gasodutos e oleodutos podem ser utilizadas pela Petrobras como fonte suplementar de renda, ao destinarem essas linhas para transmissão de cabos de fibra ótica, por exemplo.
Portanto, a máscara do desinvestimento como forma de socorrer o fluxo de caixa livre da Petrobras cai por terra. A venda da malha de gasodutos representará um aumento significativo da operação de gás natural no Brasil – e isto não só prejudica a estatal, como toda a população, que verá os preços de energia elétrica, combustíveis e alimentos aumentarem. O lucro da Petrobras irá diminuir no médio e longo prazo. Outro ponto, é que a construção de boa parte desses gasodutos se deu com financiamento subsidiado do BNDES. Com a venda, a dívida de 30 anos permanecerá com a Petrobras, enquanto a Brookfield receberá um sistema já operando e custeado pelo tesouro nacional.
Top 5 da semana
colunistas
A esquerda radical deveria apoiar Lula desde o primeiro turno. Por quê?
editorial
Mulheres vivas: Contra a barbárie do feminicídio, ocupar as ruas
brasil
O orçamento em jogo: a reforma administrativa cria falsos vilões para esconder os verdadeiros algozes
brasil
ALESP realiza reunião do Conselho de Ética
colunistas










Movimentos de juventude de Minas Gerais cobram Tadeu Leite que não paute a ‘PEC do Cala Boca’