Por Natália Russo
Hoje é dia da independência. Comemoramos o dia em que nos libertamos de Portugal. Teoricamente, esse dia representaria um grande salto no desenvolvimento social e econômico. No entanto, o cerne econômico do Brasil colônia não foi rompido. Seguimos até hoje com uma economia altamente dependente e agrário-exportadora.
Principalmente agora, diante do golpe parlamentar que colocou Temer no poder, muitos ativistas imaginam que os governos de Lula e Dilma teriam representado um avanço na nossa soberania nacional.
Infelizmente, não foi assim.
O colapso econômico que se encontra hoje o Brasil não tem a ver com gastar mais do que arrecada, como tentam dizer a direita conservadora. O problema não foi o excesso de Bolsa-família, pois mesmo nos tempos áureos da economia esse benefício não consumia nem 2% do orçamento.
A explicação econômica reside na dependência do capital estrangeiro, que ao contrário de ter diminuído aumentou nos últimos anos.
Conforme ocorria a queda do preço das commodities – minério, petróleo e outros produtos primários – diminuía também o fluxo de capital entrando no país. O efeito disso foi a apreciação do dólar, o encarecimento do crédito, além da diminuição do investimento estatal.
Tudo isso, somado à diminuição da taxa de lucro, foram os ingredientes para o mais longo período e recessão econômica da nossa história.
A dependência em números
Em 10 anos, de 2003 a 2013, enquanto o investimento estrangeiro dobrou, a remessa de lucros para o exterior quadruplicou. Ainda por cima, em 2005 Lula sancionou a Lei 9.245 que isenta de imposto de renda a remessa de lucros.
As transnacionais dominam boa parte da economia brasileira. Inclusive a venda de participações se tornou muito comum nesses últimos anos.
Em 2009, por exemplo, foi vendido 30% das ações do Banco do Brasil. A Petrobras em 2012 já tinha 55% do seu capital em propriedade privada: a maioria capital estrangeiro de fundos de investimento e grandes bancos americanos.
Essa realidade do capital internacional eleva a concentração de capital nos grandes centros mundiais como EUA e Alemanha. Um estudo suíço de 43 mil transnacionais chegou à conclusão que 147 companhias controlavam 40% da riqueza mundial.
O ajuste fiscal que Temer quer aprofundar agrava ainda mais o problema dependência, pois pretende fazer sobrar mais dinheiro para compor o superávit primário. Esse nome difícil nada mais é do que reserva de dinheiro do orçamento para pagar a dívida pública.
Ou seja, o ajuste visa aumentar a transferência da riqueza nacional para os especuladores internacionais, nos tornando ainda mais dependentes.
O pré-sal é o ouro do nosso século
A descoberta de campos gigantes de petróleo abriu novas perspectivas para o Brasil. A soberania energética e a possibilidade de desenvolvimento da indústria de óleo e gás e naval encheu a todos esperança.
Mas não somos os únicos a ter o controle pré-sal como fator estratégico. Por isso as multinacionais investem em lobbies para que senadores como José Serra, do PSDB, apresentem a PL 4567-16. Esse projeto retira o papel da Petrobras e operadora única do pré-sal e possibilita campos do pré-sal com controle 100% estrangeiro.
Independência na contramão dos planos de Temer
A independência do Brasil, portanto, só pode de dar no enfrentamento aos interesses do capital internacional e de seus representantes no país. Esses representantes, no momento, apostam suas fichas no governo Temer.
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