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MOVIMENTO

Petroleiros protestam em frente a refinaria de Cubatão como parte de caravana nacional

Em protesto, categoria fez atraso de 2 horas para entrada nos grupos de turno e administrativo.
Mobilização é parte da campanha reivindicatória da categoria e foi marcada pelo Fora Temer.

Por: Leandro Olímpio, de Santos, SP

Espontaneamente, uma parcela importante dos trabalhadores puxa no encerramento do ato a palavra de ordem mais badalada de todo protesto no país: fora temer. Fugindo de uma negativa tradição, neste caso as intervenções restritas aos dirigentes sindicais, um técnico de operação da refinaria pede a palavra e resolve dar sua opinião sobre a situação dos petroleiros. Afirma que é preciso conscientizar a população sobre a importância do pré-sal, pede aos colegas de trabalho que valorizem as assembleias, chama a responsabilidade à base.

Os petroleiros da Refinaria Presidente Bernardes e da Unidade Termelétrica Euzébio Rocha, em Cubatão, demonstraram na manhã desta segunda-feira (5) que estão dispostos a lutar. Com um atraso de duas horas no início do expediente, a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) escolheu as duas bases do Litoral Paulista para dar o pontapé inicial à campanha reivindicatória da categoria. Através do que vem sendo chamado de Caravana Nacional da FNP, o objetivo é percorrer neste mês as unidades dos cinco sindicatos que compõem a entidade. Depois de Cubatão, base do Sindipetro Litoral Paulista, os sindicatos realizam novas mobilizações nas bases dos sindipetros São José dos Campos, Rio de Janeiro, Alagoas/Sergipe e Pará/Amazonas/Maranhão/Amapá.

A iniciativa ganha importância pela necessidade urgente de colocar a categoria em movimento. Afinal, a tarefa não é fácil. Juntamente com os trabalhadores dos correios e bancários, os petroleiros iniciam uma campanha repleta de desafios: lutar contra a completa entrega do pré-sal, através do projeto de lei 4567, de autoria de José Serra; barrar a privatização da Petrobras, iniciada com o desinvestimento de Dilma (PT) e aprofundada com a venda de ativos de Temer (PMDB); garantir que a palavra de ordem “nenhum direito a menos” se confirme na realidade através de uma forte greve nacional.

Pedro Parente, presidente da Petrobras indicado por Temer, deu os primeiros passos da batalha. Após receber a pauta de reivindicações da FNP, enviou diretamente à força de trabalho uma carta carinhosa na forma e cretina no conteúdo. Repetindo o discurso dos governos que pregam a necessidade de “sacrifícios coletivos” num momento de forte crise, deixa evidente que pretende conceder reajuste salarial abaixo da inflação e que não ficará nada feliz com a deflagração de uma greve.

O que ele não esperava, certamente, era uma resposta rápida e contundente na mesma medida. Algumas horas após o envio de sua nota para os trabalhadores, os próprios petroleiros resolveram “dialogar” com o presidente, encaminhando a ele e seus diretores uma resposta (leia aqui). Através dos sites das entidades da categoria e, principalmente, por meio das centenas de grupos de whats’app da categoria, a carta se alastrou rapidamente e serviu de contraponto à disputa ideológica que a direção da Petrobras tenta articular para derrotar os petroleiros.

Para Fabiola Calefi, dirigente do Sindipetro-LP e militante do Mais, há disposição de luta na categoria. “As direções dos 17 sindicatos têm sobre os seus ombros uma grande responsabilidade, que é articular nacionalmente um calendário de luta que coloque os trabalhadores em movimento. E parte dessa tarefa é construir um calendário unitário não apenas dentro da Petrobras, mas com outras categorias. A expectativa por uma greve junto com os bancários e trabalhadores de correios é muito grande na base. Essa tarefa é para ontem”.

Coincidência, ou não, este clima de confiança acontece um dia após o impactante protesto em São Paulo contra Temer, que reuniu mais de 100 mil pessoas nas ruas da capital paulista. Embora modesta, uma coluna de petroleiros da Baixada Santista subiu a serra com suas faixas e cartazes para protagonizar este momento histórico. Uma injeção de ânimo à altura dos desafios que se colocam para os petroleiros.

Veja galeria de imagens:

Fotos: Sindipetro-LP