Juiz considera prisão de jovens irregular

Familiares e amigos dos jovens aguardavam por notícias em frente ao Fórum

Por: Carolina Burgos, da Redação*

Os detidos antes do protesto de domingo (4) contra o presidente Michel Temer (PMDB), em São Paulo, foram liberados após audiência de custódia realizada nesta segunda-feira (5). O Juízo do Departamento de Inquéritos Policiais decidiu pela liberdade do grupo por considerar prisão irregular.

“Vivemos dias tristes para nossa democracia. Triste do país que seus cidadãos precisam aguentar tudo de boca fechada”, afirmou o Juiz na decisão.

Os jovens chegaram ao Fórum do Tribunal de Justiça Barra Funda no final do dia, após passarem mais de 12 horas detidos.  A detenção teria ocorrido às 16h, antes mesmo da manifestação que reuniu cem mil na Av. Paulista ter iniciado. Eles passaram por audiência de custódia com a defensoria pública, na qual caberia ao juiz decidir se procedimento teria sido, ou não, ilegal.

Antes da audiência, a equipe do Esquerda Online conversou com advogada Carol Freitas, que estava em frente ao Fórum acompanhando o caso. Ela explicou que caso o juiz julgasse o flagrante ilegal, os jovens poderiam ser soltos. Caso entendesse que foi legal, poderiam, ou não, responder em liberdade.
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Momento em que os jovens chegaram ao Fórum Barra Funda

Ao todo, 27 pessoas teriam sido detidas no domingo, entre eles pelo menos seis menores de idade. Todos foram encaminhados ao Departamento De Investigações Sobre Crime Organizado (Deic).

De acordo com a advogada Carolina Freitas, os procedimentos sofridos pelos jovens da noite de domingo até a segunda foram completamente fora da legalidade. Em entrevista ao Esquerda Online, ela explicou alguns dos motivos. “Foi uma série de ilegalidades. Eles estavam em uma reunião pacífica e foram presos. Isso já é ilegal. Foram para o Deic, entre pessoas de 18 anos e menores de idade, todos muito jovens. Ficaram no Deic que é um lugar que eles não poderiam ir. Os advogados e os defensores não puderam entrar e a prerrogativa máxima de um advogado é poder entrar para falar com o cliente e não puderam fazer isso. Os pais não puderam falar com eles também, mais uma coisa ilegal. Os menores de idade foram para a Fundação Casa hoje depois de ficarem a noite inteira no Deic e os maiores foram liberados só agora para virem para cá”, descreveu.

Para Freitas, o tratamento aos jovens não é comum nem em repressão a protestos. “Foi muito ilegal o procedimento como um todo. Inclusive uma coisa até nova em relação aos procedimentos com manifestações”, considerou.

No domingo (4), as 27 pessoas estavam em reunião no Centro Cultural São Paulo, quando foram detidos e levados para o Deic, responsável por investigações de crime organizado. Ficaram a madrugada inteira na delegacia sem contato com advogados e familiares. Apenas às 1h30 da madrugada, com a visita de Paulo Teixeira e de Eduardo Suplicy houve permissão para os familiares verem os filhos e para os advogados poderem conversar com detidos. A acusação era de que eles seriam todos black blocs. Com eles só foi encontrado apenas gazes e instrumentos de prevenção a acidentes com gás lacrimogêneo, utilizado pelos policiais nos protestos.

Apreensão entre os que esperavam por notícias no Fórum
Apreensão entre os que esperavam por notícias no Fórum

*Com informações direto do Fórum Barra Funda