Construir nas ruas a derrubada de Temer

A expectativa era animadora. Mas a realidade superou as previsões mais otimistas. No final de uma tarde cinzenta em São Paulo, uma onda tomou conta da Avenida Paulista. Foram 100 mil pessoas numa manifestação pela derrubada do governo Temer e pela convocação de eleições gerais.

O significado desse domingo (4) não se mede apenas pelo gigantismo numérico da passeata na Paulista. Todas e todos que estiveram lá sentiram soprar forte os ventos de Junho: a alegria da juventude, a espontaneidade na participação política e o pulso firme nos objetivos. Era uma multidão de mulheres e homens com espírito aguerrido e uma energia contagiante.

A composição do ato revelou uma rica diversidade. Os jovens predominaram, assim como em Junho de 2013. Mas eram muitos também os assalariados mais velhos, mulheres com crianças e famílias inteiras no ato. Havia uma maioria de trabalhadores, com destaque ao peso feminino.

Outro aspecto importante foi a marcante identidade ideológica da manifestação. Nesse sentido, houve uma diferença com Junho. A massa, ontem, se reconhecia como de esquerda, com interesses contrapostos aos da direita e da burguesia.

‘Fora Temer’ foi a principal bandeira
A palavra de ordem mais cantada no ato foi o ‘Fora Temer’. Os 100 mil presentes não tinham dúvida sobre qual era o alvo principal: derrubar o governo ilegítimo fruto da farsa do impeachment. Em segundo lugar, ecoou com muita força a proposta de ‘eleições gerais, já’, defendida pela coluna da esquerda, formada pelo MAIS, NOS, RUA, MES, LSR, 1º de maio e APS.

A posição do ‘volta Dilma’ foi bastante minoritária e teve pouquíssima aparição na manifestação. Muita gente crítica ao PT foi para as ruas porque está contra Temer e contra o impeachment.

Em contrapartida, a defesa do “fim da PM”, palavras de ordem contra o machismo e faixas em defesa dos direitos sociais e trabalhistas tiveram muito destaque.

Primavera para derrubar Temer?
Desde quarta-feira passada, com a votação final do impeachment, manifestações começaram a ocorrer em inúmeras cidades e capitais. Ali já se desenhava o potencial do movimento. Porém, o salto de qualidade veio com o domingo na Paulista: a mobilização adquiriu peso de massas e pode abrir um novo momento político no país.

Ainda não dá pra saber se estamos iniciando um processo similar ao de Junho de 2013, em termos de importância política. As próximas semanas dirão. Nesse momento, o importante é saber que se abriu uma valiosa janela de oportunidade. E ela não pode ser desperdiçada pela esquerda.

Massificar as manifestações pelo Fora Temer e pelas Eleições Gerais, já!
Nesta semana, estão agendados atos em diversas de cidades. É hora de jogar todas as forças para massificar essas manifestações.

Por outro lado, é fundamental derrotar o ajuste e as reformas que retiram direitos. É muito importante combinar as passeatas pelo ‘Fora Temer’ com as lutas dos trabalhadores por suas demandas concretas. Nesta terça-feira, começa a greve nacional dos bancários. Para este mês, está previsto também greves nos Correios e, possivelmente, em petroleiros. Tendo em conta essa realidade, é preciso articular as mobilizações de ruas com as greves e paralisações de trabalhadores, isto é, unificar as lutas rumo à greve geral.

Derrotar Temer nas ruas para mudar o país!
O PT e o PCdoB tentam aproveitar a impopularidade de Temer para alimentar ilusões no plano ‘Lula 2018’. Assim, a solução dos problemas do povo seria a volta do PT ao governo. Já sabemos no que deu o projeto de colaboração de classes.

É tempo de superar o petismo. Não queremos a direita e nem o PT. Por isso, é urgente construir a Frente da Esquerda Socialista nas lutas e nas eleições, com um programa de independência de classe, que priorize as ações diretas e retome a estratégia da revolução socialista brasileira.

Foto: Mídia Ninja