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EDITORIAL

100 mil na Marcha Federal contra o “ajuste” em Buenos Aires

Por Renato Fernandes,

Operários, professores, juventude: essa foi a base social das mobilizações que ocorreram em Buenos Aires, Argentina, convocadas pela Central de Trabalhadores Argentinos (CTA) e por alguns sindicatos da Central Geral dos Trabalhadores (CGT). De acordo com o jornal Clarín, Página e os organizadores da marcha, estiveram presentes mais de 100 mil trabalhadores de todos os cantos do país.

A mobilização se iniciou na quarta-feira, 31/08, em províncias do interior, e culminaram com uma grande marcha na capital na última sexta-feira, 2 de setembro. Estiveram presentes os principais setores políticos do Partido Justicialista (peronista), como o ex-candidato a presidente Daniel Scioli, mas também os principais sindicatos combativos do país. As forças que impulsionaram a marcha contaram com a presença das correntes de esquerda.

As coisas não vão bem

Desde que assumiu a presidência, Macri realizou um conjunto de ataques: aumento das tarifas dos serviços públicos (transporte, água, gás, etc.), além de ter uma política de repressão dos movimentos sociais, cujo o símbolo atualmente é a prisão da dirigente Milagro Salas que está presa por lutar desde janeiro de 2016.

Durante o governo Macri, o desemprego chegou a 10,5%, com demissões em massa, inclusive no setor público, e fechamento de fábricas; a inflação e a desvalorização do peso argentino foi brutal: de junho/2015 a maio/2016, a inflação foi de 40,6%. Considera-se que para uma família de Buenos Aires, com 4 pessoas, para sobreviver dignamente, se necessita de mais de 19 mil pesos argentinos (aproximadamente 4.130 reais) por mês. O salário mínimo vai subir e deve chegar a pouco mais de 8 mil pesos em janeiro de 2017.

Essa alta no custo de vida é acentuada pela política de Macri. Sob o discurso de que seu objetivo é aumentar a “competitividade”, o que pretende de fato é economizar com os serviços públicos e salários para pagar a dívida externa para burguesia imperialista.

Uma nova conjuntura

A Marcha Federal demonstra a disposição de luta de diversos setores sociais para derrotar o ajuste que Macri está impondo. Os professores, por exemplo, no dia da marcha fizeram uma importante paralisação. Outro indicador é que uma das palavras de ordem mais cantadas durante a manifestação foi a exigência de uma “greve nacional”.

Por outro lado, tudo indica que a estratégia das principais centrais sindicais – as duas CTA’s e a CGT reunificada – e do peronismo não é de fato derrotar o ajuste. Seu objetivo é desgastar Macri para apresentarem-se como alternativa eleitoral.

As movimentações na Argentina sejam no plano da economia e do ajuste implementado pelo novo governo a pouco tempo eleito, mas também das mobilizações, parecem abrir uma nova conjuntura de polarização na luta de classes no país.