Cauê Campos, de Campinas
Há alguns dias comentamos que o quarterback do San Francisco 49ers, Colin Kaepernick, havia protestado contra a violência policial e social contra os negros norte-americanos não se levantando enquanto o hino nacional norte-americano era tocado. Apesar da repercussão, apoio e a projeção do atleta, Kaepernick começou a sofrer as primeiras represálias por seu ato político.
Primeiro, a Polícia de Santa Clara, cidade onde se localiza o estádio Levi’s Stadium dos 49ers, enviou uma carta a gerência do time informando que a corporação poderia não fornecer efetivo para segurança do estádio uma vez que os policiais optariam por não trabalhar em decorrência das declarações anti-policiais (sic) do quarterback. Assim a corporação exige que a equipe “discipline” o atleta, para que os atos não continuem a acontecer.
Contrariando completamente a realidade, a carta da Polícia de Santa Clara ainda afirmou que as declarações do atleta são “ofensivas, imprecisas e não possuem nenhum embasamento em fatos”. Aparentemente, a polícia de Santa Clara desconhece as posturas violentas e racistas que vitimam negros e latinos por todo os EUA e mundo. Estas ameaças da Polícia confirmam a postura racista dessa instituição e da sociedade norte-americana, mas não foi só com essas represálias que Kaepernick sofreu. Apesar de ser o quarterback mais jovem a levar um time ao Superbowl (o mesmo 49ers em 2012), a gerência do time ameaça dispensar o atleta por causa das polêmicas.
Parece-nos um caso exemplar de como a sociedade reage a um negro que se levanta contra o racismo: com mais violência policial e com represálias econômicas por partes dos patrões. Imaginemos quantos trabalhadores negros norte-americanos ou brasileiros foram demitidos e violentados por resistirem ao racismo institucional e social de empresas e chefes? Sabemos da postura privilegiada de atletas do nível de Kaepernick (ele recebeu R$ 38,62 milhões pela temporada 2015/2016 da NFL). Mas é preciso que o movimento negro, principalmente os outros atletas, cerquem de solidariedade Kaerpernick, pois ele é um exemplo de resistência para milhões de jovens negros por todo os EUA.
Comentários