Esta quinta-feira (01) foi marcada pela repressão e violência da polícia militar baiana contra os estudantes da Universidade Estadual da Bahia (UNEB). Inconformados pela manobra parlamentar consolidada no dia anterior, cerca de 70 estudantes tomaram as vias em frente à Universidade para protestar contra o governo de Temer. Mas, esse protesto foi duramente reprimido logo em seu início.
Enquanto os estudantes protestavam pacificamente, munidos apenas de palavras de ordem e alguns cartazes, a polícia militar baiana chegou com duas viaturas para por fim à manifestação. Desceram dos carros com armas em punho. Empurraram e agrediram a todos. Prenderam um estudante arbitrariamente e, com toda força, cinco policiais o jogaram no camburão.
Os manifestantes não deixaram isso barato. Novamente se juntaram e conseguiram abrir o camburão e o estudante preso por lutar conseguiu sair. A PM ficou ainda mais violenta. O comandante da operação estava literalmente com sangue nos olhos. Empurrou com muita violência várias mulheres que estavam no ato e colocou a arma que portava na testa de uma estudante. Eles foram pra matar.
O comandante achou insuficiente suas duas viaturas e acionou outra força da Polícia Militar, a Companhia de Polícia de Proteção Ambiental (COPPA). A missão legal dessa polícia é “exercer com exclusividade o policiamento ostensivo fardado, preventivo e repressivo, visando à preservação da vida no meio ambiente em todo o estado da Bahia”. Obviamente, estava lá para reforçar a repressão e criminalizar estudantes. Esse braço da PM chegou com muita truculência no ato. Lançaram spray de pimenta em vários manifestantes. Eles miravam nos olhos e disparavam. Muitos estudantes precisaram de atendimento médico.
Toda essa truculência aconteceu também porque a Universidade é localizada no Cabula, bairro conhecido pela chacina que matou treze jovens negros no ano passado. A UNEB fica na frente do bairro da Engomadeira, bairro marginalizado pelos governos. Um fato notório da Universidade é que a maioria dos estudantes é negra. Na manifestação não foi diferente. A maioria era negro e negra.
“É muito importante não esquecermos que essa polícia comandada por Rui Costa (PT) é a mesma polícia que foi aplaudida pelo governador do Estado ao matar nossos treze do Cabula. É muito importante também não esquecermos que essa força repressora é principalmente comandada pelo Governo Federal, agora de Michel Temer, que pretende intensificar essas repressões. Mas também não devemos deixar o governo de Dilma fora dessa história, pois esse governo é responsável pela Lei Antiterrorismo, que nos enquadra como criminosos quando nos manifestamos contra a ordem, a ordem dos ricos e privilegiados desse país”, lembrou Priscila Costa, estudante da UNEB.
Cerco na Universidade
Após a repressão, os estudantes se reuniram na Reitoria e realizaram uma plenária de avaliação e para traçar os próximos passos. Enquanto ocorria a reunião, os policiais cercaram a Universidade. Os estudantes ficaram presos dentro da UNEB até aproximadamente 21h para não sofrer novas prisões e mais repressão. “Dizemos à Prefeitura Municipal, ao Governo do Estado e ao Governo Federal que os estudantes da UNEB vão resistir”, prometeu Priscila. Até o momento, só a reitoria se posicionou publicamente contra os ataques de violência do Estado. “Ontem nos mobilizamos pelo Fora Temer. Pela desmilitarização da PM, pelo fim dessa polícia racista. Hoje, nos mobilizaremos de novo com mais força. Amanhã também. E depois, e depois. Porque nenhum governo vai nos calar. Nenhuma repressão vai nos intimidar. Nada vai impedir que a juventude e os trabalhadores tomem as ruas”, concluiu.
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