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MOVIMENTO

Na ressaca das demissões, metalúrgicos da Usiminas aprovam proposta patronal, em Cubatão, SP

Por: Leandro Olímpio, de Santos, SP

Com mais de três mil demissões desde o aprofundamento da crise na Usiminas, os trabalhadores da siderúrgica em Cubatão, na Baixada Santista, aprovaram a proposta patronal para a campanha reivindicatória 2015/2016. O acordo enterra qualquer chance de luta neste ano.

Diante do quadro econômico do país e da empresa, de forte recessão e ameaça de novos cortes, o sentimento de impotência da categoria acabou falando mais alto. A proposta, aprovada por mais de 75% dos metalúrgicos, foi apreciada em assembleias realizadas na porta da empresa nos dias 24 e 25 de agosto. O acordo prevê reajuste de 7.34% para 2015, que não cobre nem a inflação real, e 0% de reajuste para 2016. Como compensação, será pago em duas parcelas um abono de R$ 4 mil.

Com este acordo, a categoria aceitou abrir mão de uma disputa na Justiça que se arrastava desde o ano passado. Em 2015, a Usiminas havia se recusado a conceder aumento para a categoria. A direção do Sindicato dos Metalúrgicos, com aval da base, entrou com dissídio coletivo na Justiça e, via TRT, conquistou 8.34%, índice do INPC. A empresa recorreu da decisão, levando a disputa até o  Tribunal Superior do Trabalho (TST), que estipulou reajuste de 7.34% até o julgamento do dissídio. No entanto, o reajuste foi suspenso.

“O processo que determinava o reajuste de 7.34% foi extinto em abril desse ano. Com isso, a Usiminas retirou esse percentual dos salários em maio. Ou seja, desde maio os trabalhadores recebem 7,34% a menos. A proposta que foi aprovada agora nada mais é que o retorno desses 7,34%, mais o abonol”, explicou Maicon Moreira, diretor do sindicato, cuja direção é formada majoritariamente pela Alternativa Sindical Socialista (ASS).

De acordo com o sindicato, boa parte da categoria que votou pela aprovação não concordava com o conteúdo da proposta, porém manifestou pouca confiança na capacidade de arrancar um acordo melhor. “Muitos disseram ser justa a posição do sindicato, de ser contra, mas acabaram aceitando a proposta”, explicou um dos dirigentes.

Outro ingrediente, já esperado, foi a chantagem exercida pelos cargos de chefia. Claudinei Rodrigues Gato, presidente do sindicato, afirmou que “eles incentivaram a aprovação da proposta, sob a alegação de que a Usiminas enfrenta dificuldades em razão da crise no aço”.

Polo de Cubatão registra mais de 10 mil demissões
O polo industrial de Cubatão é uma das áreas mais afetadas pela crise que atravessa o país. Além de filas diárias de demitidos na frente do Posto de Atendimento ao Trabalhador da cidade, recentemente foram organizadas passeatas contra o desemprego. A estimativa é de que sejam mais de 10 mil demitidos neste setor, muitos deles ex-terceirizados da própria Usiminas.

Foto: assembleia de 10 de dezembro de 2015, por Victor Martins, do sindicato dos metalúrgicos