Nesta terça-feira, Associações de Docentes da Bahia convocam dia de luto contra repressão do governo Rui Costa (PT)

Nesta terça feira (30), estudantes e professores das Universidades Estaduais da Bahia estarão de luto contra a violência do Governo petista de Rui Costa. O Dia estadual de Luto, convocado pelas Associações de Docente (ADs) da UESB, UESC, UEFS e UNEB, é uma resposta à violência e ao grave ataque ao direito de livre manifestação ocorrido no dia 22 de agosto. Neste dia, os seguranças particulares do governador da Bahia, Rui Costa (PT), reprimiu com extrema covardia e violência o protesto de professores e estudantes da UESB durante a inauguração de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), em Vitória da Conquista.  Socos, pontapés e spray de pimenta foram o cartão de visitas para a comunidade acadêmica, que reivindicava investimento de qualidade para às Universidades Estaduais da Bahia (UEBA).

As cenas da agressão sofrida por docentes e estudantes em Vitória da Conquista chocaram as redes sociais ao longo da semana. Um dos professores, após ser espancado e arrastado pela segurança oficial, desmaiou e precisou ser atendido na UPA.  Outra professora foi covardemente agredida com um tapa no rosto e ofendida verbalmente com injúrias machistas por um dos seguranças do Estado.

 

Histórico de Repressão
Infelizmente, essa não é a primeira vez que o governo Rui Costa (PT) usa a violência como resposta àqueles que protestam contra o seu desmando.

Em 2015, após mais de dois meses em greve, os docentes das Universidades do Estado da Bahia (UEBA), com apoio do Movimento Estudantil, ocuparam a Secretaria de Educação para pressionar o governo a negociar. Nas duas primeiras noites, a ronda da polícia fortemente armada buscava amedrontar o movimento. Na terceira noite, a ordem era para que a PM desocupasse o prédio “utilizando os meios necessários”, segundo anunciava o Coronel da polícia mesmo sem o mandato de reintegração de posse. Quando a mesa de negociação finalmente foi instaurada, o governo colocou o Coronel, com uma câmera na cabeça, para mediar o acordo.

Meses depois, um conjunto de projetos de lei que retiravam direitos históricos de todo o serviço público foi encaminhado para votação na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), sem o menor diálogo com as categorias. Às vésperas do Natal, foi montado um forte aparato policial para garantir a aprovação dos projetos, apelidado como “pacote de Ruindades”. Entre os projetos, um Programa de Permanência Estudantil (PPE) que impõe restrições a já escassa política de assistência das universidades, que foi alvo de protesto estudantil. A resposta mais uma vez, coerção e violência física. Jovens, lutando em defesa dos seus direitos, criminalizados e reprimidos na Bahia administrada pelo PT.

Esses são apenas alguns dos exemplos da truculência do governo petista na Bahia. A falta de compromisso com as mínimas garantias da democracia formal, herdada do governo Jaques Wagner, também petista, vai ganhando contornos ainda mais perversos. Wagner foi intransigente com as greves de professores das universidades em 2011, e da educação básica em 2012, cortando salários e levando os lutadores e suas famílias ao adoecimento e fome. Também usou a Força Nacional com bombas de gás, spray de pimenta e bala de borracha contra familiares que cercavam a Assembleia Legislativa em apoio à greve e à ocupação da Casa pela polícia. Já Rui, começou o mandato declarando apoio à chacina de 12 Jovens no Cabula em Salvador, a que chamou de goleada.

PT, PSDB e DEM estão juntos pela Criminalização da luta e Militarização da vida
Essa violência coloca Wagner e Rui Costa (PT) ao lado de Geraldo Alckmin (PSDB) que usou a polícia contra os estudantes secundaristas em luta contra a máfia da merenda e o fechamento de escolas em São Paulo. Também nos lembra as ações de Beto Richa (PSDB) contra os professores do Paraná, e ao próprio DEM e a trajetória Carlista no governo da Bahia. São eles algozes de uma mesma herança: a criminalização da luta e a militarização da vida.

No Brasil, em especial na Bahia, temos observado com perplexidade o crescimento da criminalização das lutas e lutadores na medida em que se acirra a luta de classes. Os governos longe de responderem às reivindicações por direitos sociais, têm respondido com violência e tentativas cada vez mais abusivas de ataques aos ativistas. Também não podemos esquecer a farsa da guerra às Drogas, que mata cotidianamente a juventude negra, em números maiores que o massacre ao Oriente Médio.

Por outro lado, manifestações reacionárias que tomam às ruas com declarações que incitam o ódio à classe trabalhadora, aos negros e negras, mulheres e LGBTs, bem como ao ativismo de esquerda, são recebidos com abraços pela PM. Uma expressão clara de que os governos e a PM têm lado: o dos ricos.

É preciso combater e denunciar estes ataques aos direitos constitucionais de manifestação e organização política. Mas também avançar na discussão por outra politica de segurança pública. É urgente debatermos a desmilitarização da polícia e, paralelo a isso, a construção de uma polícia civil unificada, humanizada e livre das amarras do racismo, do machismo e da LGBTfobia imposta pelos interesses dos ricos.

Hoje, na Bahia, é dia de se vestir de preto em apoio a este Dia Estadual de Luto contra a violência do governo Rui Costa. Neste dia, ativistas também irão divulgar fotos com cartaz em apoio e solidariedade aos docentes e estudantes da UESB e em repúdio à este duro ataque à democracia.  Haverá ainda um ato em Vitória da Conquista para denunciar a repressão do governo, cobrar celeridade nas investigações e responsabilização do Estado.

Fotos: ADUSB