Está no Facebook e o vídeo fala por si. Victor Martins, jornalista que filmava a saída das urnas do processo eleitoral do Sindicato dos Servidores de São Vicente, litoral de São Paulo, no dia 25 de agosto, é agredido e tem sua máquina fotográfica danificada e roubada. Os agressores são os conhecidos bate-paus contratados por dirigentes que, há anos no controle dos aparatos sindicais, temem perder o poder.
A agressão aconteceu em 25 de agosto, um dia antes do encerramento do pleito. Imersa em uma série de denúncias de irregularidades, a eleição teve como resultado a vitória da Chapa 1, ligada à Força Sindical e da atual gestão que comanda a entidade há cerca de 20 anos, com 73,79% dos votos.
Mas com tantas evidências de que lisura não foi o forte dessa eleição, as estatísticas são secundárias. De acordo com a Chapa 2, de oposição à gestão e composta por independentes e pela Unidade Classista, os nomes dos mesários indicados por eles foram impedidos de participar do processo. Além disso, os fiscais indicados pela Chapa 2 foram proibidos de embarcar nos veículos que conduziam as urnas, inviabilizando a correta fiscalização do processo. Ou seja, o que ocorreu foi uma eleição controlada pela chapa da situação.
Diante disso, a oposição iniciou um trabalho de denúncia junto à categoria que envolvia o pedido de boicote à votação. Com a confirmação do veto à participação dos mesários da Chapa 2 nas urnas, ela se retirou do processo. Além da denúncia aos trabalhadores, também foram coletadas provas de todas as irregularidades que, posteriormente, foram encaminhadas à Justiça. O objetivo é anular a eleição.
A repetição do golpe no ABC
Essa não é a primeira vez e, certamente, não será a última que chapas de oposição combativas no movimento sindical são impedidas de disputar plenamente as eleições de entidades controladas por direções patronais.
No ABC, por exemplo, a chapa de oposição ao Sindicato dos Servidores de São Bernardo do Campo, controlado pela CUT, luta há quase um ano pelo direito à uma eleição sem golpes. Na primeira eleição, realizada em setembro de 2015, a atual direção do Sindserv foi derrotada e mediante manobras jurídicas forçou a realização de uma nova disputa, manchada até mesmo por furto de urnas.
O Ministério Público Federal (MPF) anulou a terceira eleição, novamente após identificar fraudes. Segundo o MPF, “percebe-se que, de fato, não há condições de permanência da diretoria atual à frente da entidade nem há clima para que haja condução das eleições por comissão eleitoral interna. Melhor seria comissão autônoma, com poderes amplos de definir todos os detalhes do processo eleitoral”. A expectativa é de que em São Vicente a Justiça tome a mesma decisão.
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