Por: Fausto Hilário, de São Bernardo do Campo, SP
Após todo processo de mobilização, a empresa e o sindicato dos metalúrgicos do ABC chegaram a um acordo que cancela as demissões e abre um Programa de Demissão Voluntária (PDV) com um incentivo de R$ 100 mil para cada trabalhador que aderir ao programa. Com isso, a empresa espera atingir uma adesão de 1400 trabalhadores. O acordo também prevê que a empresa se utilize de todos os mecanismos existentes para evitar mais demissões, como Lay Off, suspensão no contrato de trabalho, o PPE, que reduz a jornada de trabalho e os salários, férias coletivas, entre outras medidas.
Esta situação iniciou após anúncio da Mercedes Benz de demitir dois mil trabalhadores da planta em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. O sindicato realizou paralisações na produção. A empresa de caminhões decidiu, assim, dar licença remunerada para todos os trabalhadores dos setores produtivos e, no dia seguinte, começou a enviar cartas informando a demissão a milhares de operários.
O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC iniciou um processo de luta contra as demissões, mobilização que envolveu muitos setores da sociedade e organizações do movimento. O Movimento por Uma Alternativa Independente e Socialista (MAIS) do ABC esteve presente em várias delas. Apoiou, se solidarizou com os trabalhadores e fortaleceu a luta contra os patrões e a ganância destes.
A reversão das demissões transformada em PDV foi fruto das mobilizações e da resistência dos trabalhadores aos ataques da Mercedes. A empresa foi obrigada a recuar da decisão inicial. Esta vitória parcial evitou a demissão sumária e abriu espaço para o acordo. Deve-se considerar que a pressão para a adesão ao PDV é um fator de chantagem com requintes de crueldade com os trabalhadores que receberam a carta de demissão. Outro aspecto negativo deste acordo está relacionado ao fechamento de milhares postos de trabalho na fábrica, o que reflete também nos fornecedores e prestadores de serviço, aumentando ainda mais o desemprego na região.
A crise econômica tem afetado de forma devastadora a indústria e, principalmente, o setor automobilístico. Acordos com retirada de direitos e fechamento de postos de trabalho estão acontecendo em praticamente todas as empresas deste setor. A luta dos bravos e corajosos operários da Mercedes Benz mostra a necessidade de extrapolar os limites de apenas uma fábrica. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, um dos principais do Brasil, filiado à CUT, teria condição de impulsionar a necessária unidade das lutas de toda classe trabalhadora e dos setores oprimidos, para derrotar as medidas por parte dos patrões e dos governos, que estão retirando os empregos e direitos.
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