O pré-sal não existe ou, na melhor das hipóteses, se existe não trouxe nenhum benefício para a população. Para alguns, tal afirmação pode soar absurda. Mas este é o sentimento de muitos brasileiros diante daquela que é considerada uma das riquezas mais estratégicas do país e que hoje tem a impressionante marca de 1 milhão de barris de petróleo produzidos por dia. Disposto a dialogar com essa percepção, mas sem a pretensão de soar imparcial, o Sindipetro Litoral Paulista acaba de lançar o documentário curta-metragem ‘Última província’.
A partir das expectativas e impactos da exploração do pré-sal na Bacia de Santos, por vinte minutos o curta discute o tema num momento oportuno e crítico. Uma das prioridades do governo Temer é a aprovação do PL 4567, de José Serra, que tira da Petrobras o seu papel de operadora única do pré-sal, assim como sua participação mínima obrigatória de 30% na exploração. Ou seja, se antes já cometíamos o crime de entregar 70% de nossas riquezas para os estrangeiros, com essa alteração será possível abrir mão de todo o pré-sal caso a direção da companhia “não considere interessante” participar da exploração dos campos localizados na província do pré-sal.
Preocupado em absorver as diversas percepções sobre o assunto, o curta não se resume a entrevistas com empregados da Petrobras e dirigentes sindicais. Gente comum, abordada nas ruas de Santos, um jornalista que escreveu durante quatro anos sobre o setor, um corretor que viu no pré-sal o sonho da ascensão empresarial, metalúrgicos de uma terceirizada da Petrobras que hoje engrossam as estatísticas de desemprego. Esses são alguns dos personagens do curta-metragem. Mateus Ribeiro e Fabíola Calefi, petroleiros que são militantes do MAIS, estão entre os entrevistados.
Leandro Olimpio, que também é militante do MAIS, foi o responsável por dirigir o curta. Para ele, os recentes escândalos de corrupção, a cobertura tendenciosa da grande imprensa e o looby político-empresarial sobre o petróleo é muito grande. Portanto, elementos decisivos para uma opinião pública cética sobre o pré-sal e negativa sobre a Petrobras.
“Há muita dúvida e frustração. Em um país desigual como o nosso, sem nenhuma transparência sobre a destinação dos royalties, por exemplo, é compreensível. E ignorar isso é deixar nas mãos da direita a resolução da atual crise, o que seria uma tragédia. Evitar o debate não nos ajuda. Fingir que nos governos do PT não houve corrupção na Petrobras e nem a continuidade de uma empresa orientada pela lógica do mercado, também não ajuda. Para resistir aos ataques do governo ilegítimo de Temer, que já se mostram mais intensos, é preciso antes de tudo honestidade. Por isso, no lugar de um monólogo restrito às nossas ideias, buscamos uma estrutura narrativa baseada no diálogo”, conclui.
Além do curta, o Sindicato também lançou outra frente de atuação: a campanha “Do pré-sal não abro mão”, que visa recolher assinaturas contra o projeto de lei de José Serra. Para assinar, basta acessar o site presalnaoabromao.com.
Assista ao curta metragem
Comentários