Por: Alexandre Giachetta, Beatriz Carvalho e Ricardo Alves, de São Bernardo do Campo
Na última semana, uma bomba atingiu a Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo. Sem nenhuma negociação efetiva com a comunidade discente ou grandes justificativas, o diretor da faculdade Marcelo Mauad apresentou a proposta de aumento da mensalidade em 11%. Com o reajuste, subiria de R$ 932 para R$ 1035. Tal medida abusiva é extremamente prejudicial para a permanência dos estudantes nessa instituição. Os alunos têm até semana que vem para barrar o aumento, o que não é à toa: o diretor comunicou ao Centro Acadêmico em cima da hora para não haver tempo hábil dos alunos se mobilizarem.
A FDSBC tornou-se, em sua história de mais de 50 anos, reconhecida na região do ABC paulista não apenas por sua excelência no ensino jurídico, mas também por ser uma faculdade supostamente acessível, com mensalidades abaixo dos valores praticados no mercado. Essa faculdade é uma autarquia municipal, ligada à administração da Prefeitura Municipal de São Bernardo do Campo. A instituição não tem como seu objetivo obter lucros com os valores das mensalidades, porém, ano após ano, tem obtido superávit entre o que arrecada com as mensalidades e os seus gastos correntes.
A Prefeitura de Luiz Marinho (PT) apoiou uma gestão da faculdade que praticou nos últimos anos sucessivos aumentos de mensalidade. Infelizmente, tal política tem contribuído para um processo de elitização dos alunos ingressantes e distanciamento do fim social a que a faculdade deveria servir.
O novo aumento, proposto na última semana, vem no pior momento possível. A região do ABC paulista sofre de maneira crítica com a crise econômica pela qual o país passa. O desemprego tem subido, os salários têm sido congelados – algum trabalhador obteve um aumento salarial de 11%? -, e as bolsas de estágio começaram a pagar cada vez menos. A crise econômica diminuiu a renda familiar de milhares de trabalhadores que terão que, se o aumento for aprovado, abandonar a faculdade e retirar seus filhos da instituição, no caso em que a mensalidade é paga pelos pais.
Existe esperança em derrotar o aumento: Mauad e Marinho não contavam com o ressurgimento do movimento estudantil na Direito São Bernardo. Na última quinta-feira(11), dezenas de estudantes participaram de uma reunião que debateu o tema e fundou um comitê de luta contra o aumento. Esses estudantes, em conjunto com o Centro Acadêmico, convocaram uma assembleia para terça-feira (16) e estão dispostos a enfrentar, com a força do movimento estudantil combativo, essa medida autoritária.
Os estudantes da Direito São Bernardo estão dispostos a falar em alto e bom som que 11% é uma piada, que a Faculdade Municipal não deve dar lucro e que educação não deve ser mercadoria.
Foto: Divulgação
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