Por: Juliana Donato, bancária e representante dos trabalhadores no Conselho de Administração do Banco do Brasil
Neste segundo semestre, teremos importantes campanhas salariais, que devem colocar em movimento setores como petroleiros, metalúrgicos, trabalhadores dos correios e bancários. Os bancários têm sua data base em 30 de agosto. Os principais desafios, neste ano, serão garantir a participação ativa dos bancários e bancárias na mobilização e unificar a nossa campanha com as lutas das outras categorias para defender os direitos dos trabalhadores e as empresas estatais contra os ataques de Temer e do congresso nacional.
Os banqueiros, mesmo com a crise econômica, enchem os bolsos de dinheiro. Foi assim durante os governos de Lula e Dilma, do PT e, com certeza, se depender de Temer, continuarão lucrando. Para compensar o que perdem com a crise econômica, os bancos aumentam as tarifas, demitem trabalhadores, cortam direitos, terceirizam, aumentam o assédio moral, prejudicando tanto os bancários como a população em geral.
Desde 2003, os bancários fazem greve todos os anos, frente à intransigência dos banqueiros. Desde a posse de Lula, as greves dos bancários foram marcadas pela tentativa das direções governistas de negociar com os banqueiros e o governo pequenas migalhas e, a partir disso, tentarem manter o movimento sob o seu controle. Impôs-se o fenômeno da “greve de pijama”: o bancário adere à greve, mas não participa ativamente e, na prática, deixa a direção do sindicato conduzir o movimento.
Neste ano, os bancários enfrentarão uma realidade diferente no país. Se for mantida a lógica das greves dos últimos anos, não conseguiremos conquistar nem as migalhas das ultimas campanhas salariais. Os banqueiros e o governo tentarão impor reajuste abaixo da inflação e perda de direitos, jogando nas nossas costas o preço da crise.
A derrota deste plano depende da nossa capacidade de unificar as lutas das categorias que têm campanha salarial no segundo semestre.
Mas temos claro que essa unificação acontecerá somente derrotando a atual direção do movimento sindical, a Articulação Bancária/CUT, que, apesar do discurso, trabalha contra a unificação das categorias. Por isso, é fundamental construir uma unificação dos setores de oposição. Para isso, propomos a realização, no final do mês de agosto, de um Encontro Nacional das oposições, por um movimento sindical independente dos governos e patrões, com democracia e organizado pela base.
A vitória da oposição nas eleições do Conselho de Administração do BB, da CASSI (Caixa de Assistência dos Funcionários do BB) e os importantes resultados das eleições sindicais em Brasília, Pará e Piauí demonstram que a categoria quer construir uma nova direção para o movimento sindical. Mas, para que isso ocorra, precisamos apresentar uma alternativa unificada para a categoria.
A única forma de concretizar a mudança de rumo é garantir que a categoria participe da campanha salarial. É nosso dever de garantir as condições para que isso aconteça. Dessa forma, estaremos dando um passo importante para mudar os rumos do movimento sindical bancário.
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