Por: André Freire
Primeiramente, Fora Temer. Essa frase tomou conta dos bate papos nos locais de trabalho e estudo, nas principais manifestações políticas e culturais brasileiras. Das muitas rodas de conversa de fim de semana entre amigos e familiares.
Existe um amplo sentimento, muito correto, sobre a necessidade imperiosa de unir todos que querem derrotar os ataques realizados pelo governo Temer / Meirelles contra o povo trabalhador, com o objetivo de acumularmos forças para colocá-lo diretamente para fora.
Vamos ter um momento inicial, mas muito importante, dessa unidade necessária, com a realização do dia nacional de mobilização, convocado pelas centrais sindicais, no dia 16 de agosto.
Cresce também, entre os que não aguentam mais esse governo, uma importante discussão sobre qual alternativa devemos construir, para não repetirmos os mesmos graves erros cometidos pelas administrações do PT e seus aliados também de direita, inclusive do próprio PMDB – Temer, Cunha, Renan, Sarney e cia.
As direções do PT e do PCdoB querem transformar os movimentos pelo Fora Temer em uma alavanca para a sua proposta de “volta Dilma”. Nós, do #MAIS, que estamos a favor de uma ampla unidade para derrubar Temer, não estamos de acordo que esse movimento independente seja atrelado à defesa dos governos de Lula e de Dilma. Essa postura só vai diminuir e dividir o justo movimento contra o governo ilegítimo de Temer.
Isso é assim, porque os governos do PT são indefensáveis. Foram governos fruto das mesmas alianças políticas do jogo sujo da burguesia e, no fundamental de sua política econômica, administraram de acordo com interesses das grandes empresa e bancos. E, para os trabalhadores e a maioria do povo, sobraram apenas as migalhas das políticas sociais compensatórias, tão limitadas, que já estão sendo questionadas diante da grave crise econômica que vivemos em nosso país.
Por isso, apresentamos um caminho alternativo. Gostaríamos muito que a força das mobilizações dos trabalhadores já fosse suficiente para construirmos uma saída por fora da falsa democracia dos ricos. Mas, infelizmente, saídas como a construção de conselhos populares, uma proposta programática essencialmente correta, hoje não é uma bandeira que realmente leve a maioria dos trabalhadores à mobilização.
Por isso, apresentamos como saída imediata a defesa das Eleições Gerais com novas regras. Uma eleição antecipada, não só para presidente da república, mas para todo o Congresso Nacional, marcado pela corrupção através, principalmente, do financiamento de campanha das grandes empresas, em especial das empreiteiras envolvidas nos escândalos da Operação Lava Jato.
Segundo a última pesquisa do Vox Populi, 61% dos entrevistados não querem nem Dilma nem Temer, e defendem a antecipação das eleições para presidente. Acreditamos que se o povo brasileiro fosse perguntado se também quer tirar esse Congresso corrupto e reacionário, o resultado não seria diferente. Provavelmente, o número fosse até maior por novas eleições também para deputados e senadores.
Sabemos que ela é ainda uma saída limitada, não rompe com a atual institucionalidade. Mas ela pode levar a um maior poder de mobilização da classe trabalhadora, da juventude e do conjunto dos explorados e oprimidos em defesa de uma saída para atual situação.
Por isso, nem um setor dos partidos da ordem ou mesmo da base do apoio dos governos do PT defende essa saída. A maioria quer a confirmação do impeachment e a consolidação do governo Temer, e outros a volta de Dilma. Somente uma extrema minoria de parlamentares defende novas eleições, mesmo assim só para presidente, e com as regras atuais, ou seja, respeitado a famigerada reforma eleitoral realizada por Eduardo Cunha e sua quadrilha.
Nós defendemos novas eleições com novas regras. Por exemplo, com financiamento público de campanhas, sem financiamento de empresas e empresários, com igualdade na distribuição de tempo de TV e rádio e na cobertura da mídia entre todos os candidatos e partidos, com revogabilidade de mandatos, o fim dos privilégios dos políticos e que todos os políticos ganhem o mesmo salário que uma professora.
O crescimento de um amplo movimento pelo Fora Temer e pela saída também desse Congresso corrupto e reacionário pode aprofundar a crise política entre os partidos representantes dos ricos e poderosos. Pode abrir caminho para um amplo movimento da classe trabalhadora que derrote as medidas do ajuste econômico e também fortaleça uma alternativa realmente do povo trabalhador, que lute por um verdadeiro governo dos trabalhadores e do povo.
A defesa das Eleições Gerais pode facilitar muito a construção e desenvolvimento de um campo alternativo da classe trabalhadora, da juventude e do conjunto dos explorados e oprimidos, oposto tanto ao governo Temer e da velha direita como também oposto aos governos de conciliação de classes do PT e seus aliados.
Portanto, nós, do Movimento por uma Alternativa Independente e Socialista (#MAIS), chamamos o conjunto dos movimentos sociais, especialmente chamamos a CUT, a CTB, a UNE e o MST, que abandonem a defesa do “volta Dilma”, e passem a defender as Eleições Gerias, com novas regras, como uma saída imediata para a crise política atual. Que não só defendam essa proposta, mas busquem construir ações independentes da classe trabalhadora e da juventude por essa alternativa.
Chamamos também outras organizações, como o PSOL e a maioria de suas correntes internas, que assumam a defesa das Eleições Gerais, afinal posicionar-se somente pelo Fora Temer e contra o golpe, e não apresentar uma alternativa concreta ao “fica Dilma”, acaba por fortalecer o discurso das direções do PT e do PCdoB.
Saudamos o MTST por agregar a palavra de ordem “que o povo decida” na convocação de suas mobilizações, especialmente no dia 31 de julho passado. Mas, propomos que avancemos juntos para a defesa das Eleições Gerais, com novas regras, pois ela concretiza não só a saída de Temer, mas também desse Congresso corrupto e reacionário.
Propomos a construção de um Encontro Nacional dos movimentos sociais combativos e da esquerda socialista pelo Fora Temer e Eleições Gerais já. Que seja um instrumento concreto para a ampliação das mobilizações contra os ataques de Temer e Meirelles e que apresente uma alternativa política para o país, de independência de classe, e um plano econômico dos trabalhadores diante da crise.
Comentários