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Depois de 107 dias, termina greve dos professores estaduais do Ceará

Por: Professores do MAIS Ceará

No dia 09 de agosto, depois de 107 dias de greve, os professores do Estado do Ceará sofremos um duro golpe da diretoria governista do sindicato Apeoc.

Anizio Melo, presidente do sindicato, em conluio com o secretário de Educação, Idilvan Alencar, e o governador, Camilo Santana (PT), mobilizou não a categoria para dar continuidade à luta em defesa do reajuste do salário base de acordo com a inflação e por uma educação pública de qualidade, mas funcionários da Seduc, das Credes e gestores das escolas para acabar com a greve.

Além disso, a diretoria golpista da Apeoc cercou, mais uma vez, o local da assembleia com dezenas de bate-paus que agrediram indiscriminadamente estudantes e professores aos socos e pontapés. Depois de muita pancadaria, os estudantes e alguns professores que reivindicavam sua entrada furaram o bloqueio da segurança e entraram no ginásio Paulo Sarasate.

A votação da assembleia deu uma vitória nítida aos professores que defendiam a continuidade da greve, mas isso pouco importou à diretoria governista da Apeoc. Bastou uma minoria significativa votar pelo fim da greve, para Anizio Melo declarar o encerramento da paralisação. O golpe foi assim consumado.

A direção golpista da Apeoc ganhou segurança para trilhar esse caminho, porque depois de mais de cem dias de greve, após os professores encararem firmemente a intransigência do governo Camilo Santana, resistindo bravamente às sucessivas ameaças e ao terrorismo do governo do Estado, em particular contra os heroicos professores temporários, a categoria demonstrou-se cansada e uma parte significativa dela havia iniciado a volta ao trabalho em agosto.

Seria ridículo responsabilizar a categoria pelo resultado da assembleia de hoje. Da mesma forma, trata-se de uma leviandade afirmar que esse mesmo resultado se deve a uma suposta disputa artificial da oposição com a diretoria da Apeoc.

A categoria está de parabéns, porque levou esta greve nas costas contra o governo e a diretoria do sindicato. Desde a luta contra a portaria de lotação de 2016, quando cerca de 500 professores compareceram à Seduc em 05 de janeiro, passando pela ocupação da mesma Seduc durante a greve, até as assembleias de 06 e 30 de julho, quando a diretoria golpista da Apeoc foi fragorosamente derrotada pela base, fica nítido que a categoria impôs a greve contra a vontade dos gangsteres que dirigem hoje nosso sindicato.

Por outro lado, o Movimento de Oposição Sindical e a Rede de Zonais demonstraram na prática que é possível construir uma alternativa de direção para a categoria que seja democrática, de luta, independente e de oposição ao governo Camilo Santana. Saímos dessa greve com uma oposição unificada e com os zonais reconhecidos pelo conjunto dos professores como organismos combativos construídos desde a base.

Mais vale a tristeza de não ter vencido, do que a vergonha de não ter lutado. Podemos ter perdido uma batalha, mas a luta de classes continua. Se não possuímos poder político, se nos faltou força para derrotar o governo e a burocracia sindical, temos ainda a nossa disposição de luta, que precisará ser revigorada para as próximas batalhas. Esta não foi a primeira nem será a última greve em defesa dos nossos salários, de condições dignas de trabalho e por uma educação pública, gratuita e de qualidade. Por isso, devemos sair dessa greve de cabeça erguida, com a certeza de que seus ensinamentos nos ajudarão a arrancar alegria ao futuro.

É verdade que não conseguimos reajuste no salário base nem retroativo a janeiro. Também é verdade que não conquistamos a maior parte da pauta pedagógica. Mas o pouco, o muito pouco, que conseguimos não foi porque possuímos um sindicato hábil na negociação com o governo, mas obra de uma categoria valorosa que lutou até onde teve forças para enfrentar o governo e seus agentes infiltrados no sindicato. A rigor, lutamos mais para não perder do que para ganhar. Tratou-se de uma greve defensiva. E, como tal, devemos fazê-la de trampolim para as lutas futuras, para que façamos das pedras colocadas no nosso caminho os degraus de próximas vitórias e conquistas.

Voltar para as escolas, não pode significar calar-se e baixar a cabeça. Será preciso deixar nítido para nossos alunos, pais e comunidades que Camilo Santana, que é do PT, é inimigo da Educação e exterminador do futuro dos filhos dos trabalhadores que dependem da escola pública, em acordo com o Ajuste Fiscal do golpista Michel Temer, do PMDB. Será preciso desmistificar a mentira de que tivemos reajuste no salário base, explicar que faz anos que não temos aumento real, que somos os profissionais de nível superior com a pior remuneração. Mais ainda será necessário reafirmar que nossa greve não foi só por salário, mas em defesa dos professores temporários, de uma pauta pedagógica, da melhoria merenda escolar e da infraestrutura das escolas.

Não podemos esquecer de homenagear os valorosos estudantes que ocuparam quase setenta escolas em apoio não só à nossa pauta salarial, mas em defesa da Educação pública e gratuita de qualidade.

A luta tem que continuar
Mesmo voltando ao trabalho, nossa luta não poderá parar. Ela agora cobrará de todos nós o papel de formadores de opinião contra o Projeto Escola Sem Partido, que quer calar as críticas aos governos corruptos e ao capitalismo dentro da sala de aula. Também será preciso combater os PLs 257 e 241 que visam avançar na precarização, desmonte e privatização dos serviços públicos. E, junto com isso, será necessário denunciar o governo Temer e seu Ajuste Fiscal, bem como Camilo Santana como cúmplice de Temer e provedor de ataques sem precedentes ao funcionalismo público e à toda a classe trabalhadora cearense.

Não podemos esquecer de dar continuidade à campanha contra o assédio moral e em defesa dos nossos colegas temporários contra os núcleos gestores mais reacionários.

Devemos fazer um esforço para participarmos da manifestação contra o projeto Escola Sem Partido, junto com os professores da UECE que seguem em greve, demais professores da UFC e IFES, estudantes secundários e universitários.

O golpe da Apeoc pode ter acabado a greve. Mas, nossa luta continua mais viva do que nunca contra Camilo e Temer. Em defesa do salário, emprego, condições dignas de trabalho e de uma Educação pública, gratuita e de qualidade para todos. Se muito vale o já feito, mas vale o que será!

Marcado como:
Escola sem Partido