Um novo ataque terrorista, o terceiro em menos de dois anos, abalou a França. Em meio às celebrações do feriado nacional francês, pelo menos 84 pessoas morreram atropeladas por um caminhão, que colidiu com a multidão em alta velocidade, na Promenade des Anglais, em Nice. Dezenas de pessoas ficaram feridas. O governo francês assegura que foi um “atentado terrorista”. Embora, até o momento, nenhum grupo tenha reivindicado a autoria do ataque, é provável que se trate de outro atentado do Estado islâmico ou de seus simpatizantes, no contexto de um aumento dos atentados concomitante com a dinâmica de recuo territorial do “Califado” que este grupo “fundou” no Oriente Médio.
Por: SI da LIT-QI
A LIT-QI condena energicamente este atentado e se solidariza com todas as vítimas e seus familiares. Tais ações não merecem nada além do repúdio categórico do movimento operário, social e de todos os partidos que se reivindicam de esquerda. Por mais que se tente justificá-los politicamente, o fato é que esses ataques não são dirigidos contra os governos europeus, os verdadeiros responsáveis pelas políticas de austeridade, pelos ataques contra a classe trabalhadora, pelo saque e as guerras coloniais no Oriente Médio, mas sim contra trabalhadores — muitas das vítimas eram crianças e imigrantes — que não têm nenhuma responsabilidade pelas políticas genocidas do imperialismo europeu e norte-americano. Pelo contrário, esses trabalhadores também são vítimas dessas políticas.
Este atentado é ainda mais reacionário devido ao momento político em que acontece. Faz meses que a classe operária organizada, em aliança com outros setores sociais, enfrenta a ofensiva do “socialista” Hollande, que pretende impor uma nova legislação trabalhista que elimina conquistas históricas da classe trabalhadora e da juventude precarizada. A derrota deste plano de ataques está na ordem do dia. A disposição de luta da classe é enorme. O principal obstáculo continua sendo a posição conciliadora e vacilante da burocracia sindical, especialmente da CGT. Neste contexto, este atentado, sem dúvida, será usado para tentar derrotar esta luta heroica, ao mesmo tempo em que favorece um possível fortalecimento, embora relativo, de Hollande e até mesmo de setores de extrema direita, como a Frente Nacional.
Neste sentido, nacionalmente o atentado serviu como desculpa para o governo imperialista de Hollande prorrogar por mais três meses o “estado de exceção”, que está em vigor desde os ataques de novembro em Paris. Isso significa mais cerceamento dos direitos democráticos elementares para a classe trabalhadora da França, cujas cidades estão sob “vigilância absoluta”, segundo o próprio presidente francês, com mais de 10 mil militares.
Ao mesmo tempo, no plano internacional, o ataque fornece oxigênio para a ofensiva francesa — aliada dos EUA, Reino Unido e Rússia — no Iraque e na Síria, cujo objetivo imediato é manter Assad no poder para assim sufocar a revolução síria e regional, em nome da “batalha global” contra o reacionário Estado Islâmico.
A LIT-QI enfatiza que os governos e o imperialismo são os verdadeiros culpados pelas catástrofes que vemos no Oriente Médio e nas fronteiras europeias. Os gabinetes da União Europeia são os responsáveis pelo crescimento da miséria e do desemprego entre os europeus. Este atentado, como os anteriores, será utilizado para desencadear uma nova ofensiva repressiva contra os trabalhadores que estão lutando por seus direitos históricos, contra os imigrantes, muçulmanos e refugiados.
Somente a mobilização independente dos povos e setores oprimidos, juntamente com a classe operária e os povos dos países europeus, será capaz de derrotar o Estado Islâmico e o imperialismo que promove guerras sanguinárias para defender seus interesses mesquinhos.
Repúdio aos atentados contra inocentes! Abaixo o Estado Islâmico!
Abaixo o estado de exceção de Hollande!
Abaixo a reforma trabalhista do governo francês e da UE!
Não à intervenção militar da França, EUA, Reino Unido e Rússia na Síria e no Iraque!
Pela vitória da revolução síria contra Assad-Rússia-Irã-Hezbollah, contra o imperialismo e contra o Estado Islâmico!
Tradução: Márcio Palmares
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