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TV Brasil: O Assasinato de Trotsky (parte 2/2)

Waldo Mermelstein

Nada mais adequado, depois de uma semana intensa de lutas e greves pelo país, que ver a segunda e última parte do documentário sobre o grande revolucionário León Trotsky, no exato dia em que se recorda o seu assassinato por um agente de Stálin, há 75 anos.

As ideias de luta implacável e consciente contra a dominação capitalista, de crítica à degeneração burocrática da obra que ele próprio liderou na ex-URSS, seu exemplo de dedicação e sacrifícios na vida pessoal, assumem uma dimensão especialmente grande em épocas de crises gerais do sistema capitalista, como a atual. Novamente, o programa teve altos e baixos, mas o que fica é que se trata de uma personalidade que sobreviveu ao tempo, que além de ser um teórico marxista original e de primeira linha, tinha amplos interesses que transcendiam ao campo estrito da política, como a arte e a psicanálise.

Houve algumas afirmações infundadas e gratuitas. O exemplo mais claro, aberrante, foi de que o tenebroso regime do Camboja teve algo a ver com as ideias de Trotsky. O Camboja, após a derrota americana em 1975 na Indochina, viu a ascensão de um partido com base camponesa que executou uma política de esvaziamento forçado das cidades e que levou à morte de pelo menos várias centenas de milhares de pessoas de fome ou executadas. Em que isso se assemelha ao regime de democracia dos trabalhadores pregado por Trotsky é um enigma que o programa não se preocupa em desvendar. Houve várias explicações muito boas sobre a história dos trotskistas na década de 30 no Brasil, a referência à sua importância na criação do PT. Mas, ao se falar de uma corrente política como o trotskismo brasileiro, pode-se deixar de dar voz às correntes políticas que o reivindicam nos dias de hoje? De qualquer forma, ficam na retina as imagens do velho revolucionário que nos inspira há tanto tempo e o som da música com que termina o filme, a Internacional. Talvez seja isto mais o que fique do programa.