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TEORIA

Antonio Gramsci em Curitiba

Lançamento de livro sobre as ideias do político italiano na capital paranaense contará com a exibição de um raro retrato seu, feito quando este ainda era vivo e prisioneiro do fascismo na Itália.

No dia 18 de outubro, sábado, o Museu de Arte Contemporânea do Paraná exibirá ao público uma importante relíquia da luta contra o fascismo que faz parte de seu acervo. Se trata de um desenho do intelectual e dirigente comunista italiano Antonio Gramsci (1891-1937), feito pelo gravurista brasileiro Lívio Abramo (1903-1992). O retrato, de 1932, será exibido durante o lançamento do livro Política e Literatura: Antonio Gramsci e a crítica italiana, da cientista política curitibana Daniela Mussi. O livro trata das ideias de Gramsci a respeito da arte, literatura e crítica literária.

O retrato feito por Lívio Abramo era parte de uma campanha pela libertação de Gramsci, o qual havia sido encarcerado pela ditadura de Benito Mussolini. Nesta época, Lívio, um brasileiro descendente de italianos, já atuava como desenhista e gravurista e era um ativista político na cidade de São Paulo. O desenho – um dos primeiros registros da “chegada” de Gramsci e de suas ideias no Brasil – foi feito no período em que muitas pessoas se organizavam ao redor de uma plataforma política de enfrentamento do integralismo, expressão brasileira do fascismo.

O “retrato ideal de Antonio Gramsci”, nome dado por Abramo ao desenho na época, é único do gênero no Brasil e um dos poucos no mundo, compondo um diminuto acervo de imagens e fotografias de Gramsci registradas durante sua vida. Ao longo dos 11 anos em que esteve preso na Itália, este pensador italiano registrou suas reflexões em uma série de cadernos, sobre história, arte, política, gramática, literatura e teoria. Estes escritos, publicados a partir dos anos 1940 e conhecidos por Cadernos do Cárcere, inspiraram milhares de leitores ao redor do mundo a respeito das ideias e da vida de seu autor.

O lançamento do livro de Daniela Mussi com a exibição do desenho de Lívio Abramo pretende reconstruir justamente a unidade entre as reflexões de Gramsci sobre a arte e a política. O evento convida o público a refletir sobre a cultura e engajamento político, seja na produção, seja na recepção literária. Em seus escritos, Gramsci buscou entender por que determinada literatura ou obra artística se torna popular, enquanto outras tantas passam despercebidas. E, ainda, por que os produtos culturais de determinado país, ou conjunto de países, é capaz de se expandir internacionalmente.

As respostas de Gramsci a esses questionamentos não o conduziram a uma teoria fechada ou dogmática sobre a arte e a literatura. Ao contrário, serviram para pensar a apreciação cultural como um processo sempre aberto e em disputa, impactado em seu desenvolvimento pela economia e pela política. E levaram a uma elaboração muito cara ao conjunto do seu pensamento: a ideia de que a história da formação do gosto popular moderno revela momentos importantes de iniciativa cultural entre as classes subalternas. O resultado é o principio pedagógico relacional no mundo da arte: o autor educa o leitor, e o leitor educa o autor.

Por fim, é importante registrar um agradecimento especial ao escultor argentino radicado no Brasil, Alfi Vivern, que chamou a atenção para a existência deste importante desenho e tornou possível este “encontro” entre a arte e a política.

Lançamento “Política e literatura: Antonio Gramsci e a crítica italiana”

Quando: 18 de outubro de 2014, sábado.

Horário: entre 11h00 e 15h00

Onde: Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC), em Curitiba

Rua Desembargador Westphalen 16 (em frente à Praça Zacarias)

Evento no Facebook: https://www.facebook.com/events/335891473254029/

O livro estará à venda no lançamento por R$ 38,00