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Evento no Rio de Janeiro discute quem lucrou com a ditadura militar

Rejane Hoeveler e Demian Melo

O cinquentenário do golpe de 1964 têm suscitado uma porção de debates sobre causas, conseqüências e desdobramentos daquilo que é hoje majoritariamente encarado como um dos períodos mais terríveis da história recente do Brasil. A instalação, já há quase dois anos, da Comissão Nacional da Verdade, e de suas respectivas contrapartes estaduais e municipais, além de em entidades da sociedade civil, como universidades, sindicatos e algumas sessões estaduais da OAB, certamente contribuem para o desencadeamento de um debate extremamente frutífero. Independentemente das limitações estruturais impostas aos trabalhos da CNV, e das críticas levantadas a sua composição, função, etc, os debates fomentados pela própria existência da mesma têm gerado desdobramentos muito interessantes.

Mas além de 50 anos do golpe empresarial-militar que depôs o governo de João Goulart, 2014 marca também uma conjuntura quente no Brasil. Os contrastes entre gastos visando a realização de mega-eventos esportivos e o escandaloso sucateamento da saúde, da educação e dos direitos sociais em geral, a reformatação elitista das cidades, os problemas com o transporte público, além, é claro, da violência à qual a população das periferias é constantemente submetida, estiveram no bojo dos processos vividos desde junho de 2013. Junto com as respostas burguesas à crise tivemos um recrudescimento da coerção político-social, principalmente através das polícias militares, mas também um processo de criação de legislações draconianas como a lei “anti-terrorista” e a Garantia de Lei e Ordem (GLO).

Com esses processos muito se evidenciou das continuidades existentes da ditadura na atual democracia, em muitos aspectos. Um deles, que tem sido levantado pelo Coletivo Mais Verdade, um grupo interdisciplinar de pesquisadores que vem se reunindo no Rio de Janeiro desde meados de 2013, é o das empresas que muito investiram e lucraram com a ditadura, e que se tornaram grandes grupos econômicos com descomunal poder ideológico e político hoje, como Globo, Itaú e Odebrecht, só pra citar os mais conhecidos.

Já desde os anos 1980 René Dreifuss apontava para o sentido empresarial-militar da ditadura implantada a partir de 1964 – classificação que vem sendo cada vez mais usada para compreender o sentido de classe que tinha aquele regime. No entanto muito há que se dizer ainda sobre como a ditadura militar favoreceu a criação dos grandes conglomerados que estão no centro da concentração proprietária no Brasil atual. Essa é a enorme tarefa a que se propõe o grupo, que convida para debate que ocorrerá nesta quarta-feira, 26, no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) na UFRJ.

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