Marx na América Latina

Alvaro Bianchi*

“No queremos, ciertamente, que el socialismo sea en América calco y copia. Debe ser creación heroica. Tenemos que dar vida, con nuestra propia realidad, en nuestro propio lenguaje, al socialismo indoamericano. He aquí una misión digna de una generación nueva.”  (Mariátegui, 1987, p. 249.)

Embora a presença de Marx seja incontornável em nosso subcontinente, a existência de um pensamento marxista latino-americano deveria surpreender dadas as dificuldades que Marx e Engels demonstraram para apreender a realidade da América Latina. Em alguns momentos chegaram até mesmo a adotar uma visada eurocêntrica que repercutia uma filosofia da história de corte hegeliano. Se bem fosse Engels e não Marx quem estivesse mais preso a essa filosofia, o que se evidencia nas repetidas vezes em que este fez referência aos “povos sem história”, ela não deixava de se fazer presente no autor d’O Capital.

Embora o volume de textos de Marx sobre a América Latina seja maior do que se pensava há algumas décadas, não é possível encontrar nesses textos senão indicações muito rudimentares para se pensar a América Latina. Nesse ponto contrasta, tanto pelo volume como pela originalidade, a atenção dedicada por Marx à análise da história dos Estados Unidos. Aí esta um ponto sobre o qual o pensamento crítico deveria se debruçar com mais atenção. A comparação entre as análises de Marx e Engels referentes aos Estados Unidos e à América Latina evidencia as dificuldades encontradas por ele para tratar desta última.

Essa dificuldade se expressa na diferença existente entre o tratamento dispensado por Marx ao presidente dos Estados Unidos Abraham Lincoln e a Simon Bolívar, libertador da América. Em uma carta a Lincoln redigida por Marx e publicada em dezembro de 1864, a Associação Internacional de Trabalhadores (AIT) congratulava “o povo americano pela sua reeleição por larga maioria”. E acrescentava: “Se a resistência ao Poder Escravista era a moderada palavra-de-ordem de sua primeira eleição, o grito de batalha triunfal de sua reeleição é Morte à Escravidão.” (MECW, 20, p. 19).[1] E concluía afirmando que os trabalhadores da Europa consideravam um “augúrio da época em que entramos que tenha correspondido a Abraham Lincoln, o determinado filho da classe trabalhadora, liderar seu país através de uma guerra sem precedentes com o propósito de resgatar uma raça acorrentada e reconstruir o mundo social.” (Idem, p. 20.) A admiração de Marx reaparece na carta que a AIT enviou ao presidente Andrew Johnson, após o assassinato de Lincoln.[2] A missiva concluía afirmando que o povo americano “ao iniciar a nova era de emancipação do trabalho (…) atribuiu as responsabilidades de liderança a dois homens do trabalho – o primeiro Abraham Lincoln e o outro Andrew Johnson.” (Idem, p. 100).

O contraste com sua apreciação de Simon Bolívar é imenso e chama a atenção. Ele se revela em toda sua amplitude em um artigo redigido em 1858, para The New American Cyclopedia no qual Marx não apenas ressaltou sua oposição à figura de Bolívar, como também a imagem negativa que fazia dos habitantes da América hispânica. Seu juízo era implacável:

“como a maioria de seus compatriotas [Bolívar] era incapaz de todo esforço de longo prazo e sua ditadura degenerou rapidamente em uma anarquia militar na qual o assuntos mais importantes ficavam nas mãos de favoritos que arruinavam as finanças públicas e logo recorriam a meios odiosos para reorganizá-las” (MECW, v. 18, p. 221-222).

Tão implacável era esse juízo que o editor Charles Dana objetou a Marx que ao contrário dos demais artigos da Cyclopedia, esse estava escrito em um “estilo partidário” e solicitou que deixasse claro quais eram suas fontes. Mas o autor do verbete deu pouca atenção a seu editor. Em carta a Engels, datada de 14 de fevereiro de 1858, Marx admitiu que seu estilo era mesmo partidário e carregou ainda mais nos adjetivos referindo-se a Bolívar como “o mais covarde, miserável e ignóbil dos canalhas” (MECW, v. 40, p. 266). A aversão a Bolívar é ainda mais surpreendente na medida em que ele, em mais de uma ocasião e com diferentes argumentos havia defendido assim como Lincoln o fim da escravidão.

É verdade que a visada eurocêntrica não explica totalmente essa aversão. O risco de os novos governos na América Latina assumirem formas bonapartistas preocupava Marx. Mas também nessa justa preocupação sua visada reaparecia, uma vez que a oposição ao regime de Luís Bonaparte, considerado como um obstáculo para o desenvolvimento da revolução européia era deslocada, de modo às vezes mecânico, para sua análise de Simon Bolívar (ver o argumento de Zea, 1983, p. 64).

Essa visada eurocêntrica se fez presente novamente na atitude de Marx e de Engels durante a guerra entre Estados Unidos e México. Ambos os autores tomaram partido decididamente pelo primeiro e Engels a esse propósito foi ainda mais efusivo do que seu companheiro. Já em 1847 escrevia ter “testemunhado a conquista do México e se regozijado com isso”. Evidenciava desse modo aquela filosofia da história à qual fizemos referência e erigia o progresso como medida da história e o identificava com o movimento de emancipação dos trabalhadores. Nessa perspectiva, esse autor escrevia ainda referindo-se ao México: “Quando um país que até então vivia encerrado exclusivamente em si próprio, perpetuamente dilacerado por guerras civis e completamente impossibilitado de desenvolver-se (…) quando tal país é arrastado forçosamente pelo processo histórico, trata-se de um progresso” (MECW, v. 6, p. 527).

Dois anos depois, o mesmo Engels voltaria à carga e ridicularizaria aqueles que lamentavam “que a esplêndida Califórnia tenha sido tomada dos preguiçosos mexicanos, os quais nada fariam com ela”. E depois de narrar a expansão das forças produtivas e do comércio que pela primeira vez teriam aberto o Oceano Pacífico à civilização, concluía:

“A ‘independência’ de uns poucos espanhóis californianos e texanos pode sofrer por causa disso e em alguns casos ‘justiça’ e outros princípios morais deverão ser violados; mas onde está o problema comparativamente a tais fatos de significação histórica mundial?” (MECW, v. 8, p. 365-366).

Analisando os escritos de Marx e Engels sobre a guerra dos Estados Unidos contra o México, Monjarás-Ruiz (1983, p. 108) apontou que o juízo mais acertado de ambos os autores a esse respeito foi a previsão de que a derrota deste último provocaria a subordinação do restante da América Latina à dominação estadunidense. Um olhar treinado pelas tragédias dos séculos XX e XXI, não deixa, assim, de se surpreender com o caráter positivo que atribuíam a essa dominação.

A dificuldade para compreender a América Latina era análoga àquela que Marx enfrentou para compreender a dominação colonial na Índia. No artigo “The British Rule in India”, publicado em 10 de junho de 1853 no New York Daily Tribune, Marx atribuiu um caráter claramente positivo aos resultados da dominação britânica no subcontinente asiático. Muito embora ele lamentasse os efeitos destrutivos dessa dominação, afirmava que esta havia destruído as “semibárbaras e semicivilizadas comunidades” que caracterizavam a vida social na Índia e promovido, desse modo, uma verdadeira revolução social (MECW, v. 12, p. 131-132). Assim, apesar de toda dor que essa dominação pudesse provocar e “quaisquer que sejam os crimes da Inglaterra, ela era uma ferramenta inconsciente da história para realizar aquela revolução” (idem, p. 132).[3]

Marx, entretanto, começou a mudar sua visada a partir da luta pela independência da Irlanda, a qual permitiu que uma atitude crítica do processo de expansão econômica e política do capitalismo ocupasse gradativamente lugar em sua obra.. A dominação inglesa havia promovido uma destruição da agricultura e da incipiente indústria irlandesa que em muito se assemelhava àquela ocorrida na Índia. Essa destruição não havia dado lugar, assim como na Índia, a novas e modernas formas de organização da economia. Mas a atitude de Marx para com o movimento nacional irlandês era muito diferente daquela que havia tido com relação ao subcontinente indiano.

Para Marx, a Inglaterra era  o baluarte da grande propriedade territorial e do capitalismo europeu”, mas era na atrasada Irlanda que esse baluarte poderia sofrer uma derrota decisiva porque “a luta econômica se concentra exclusivamente sobre a propriedade territorial, porque esta luta é ali ao mesmo tempo uma luta nacional, e porque o povo se manifesta mais revolucionário e mais furioso do que na Inglaterra” (MECW, v. 20, p. 119). Não era no concentrado e organizado proletariado fabril das cidades industriais inglesas que Marx depositava as esperanças da revolução e sim nas atrasadas massas urbanas e rurais da Irlanda. Sua conclusão era surpreendente: “No momento em que cesse a forçada União entre os dois países começará na Irlanda, ainda que sob formas antiquadas, uma revolução social” (idem, p. 119-120. Grifos meus).

Muito embora a revolução social na Irlanda pudesse ocorrer de modo diferente daquele esperado nos países nos quais o proletariado industrial encontrava-se concentrado e organizado, ou seja, muito embora a revolução social irlandesa pudesse assumir “formas antiquadas” e mesmo uma feição nacional Marx não apenas a apoiava como depositava nela a sua esperança, na medida em que a conectava com a revolução européia.[4]

Essa nova atitude, a qual se distanciava claramente de uma filosofia da história, expressou-se de modo ainda mais nítido na apreciação que Marx passou a fazer do desenvolvimento do capitalismo na Rússia. O tema o atraiu enormemente a partir de 1873 e para estudá-lo melhor dedicou-se à aprendizagem do idioma russo. O estudo dessa questão e sua interlocução com intelectuais desse país afastaram Marx gradativamente daquela filosofia da história que se deixava entrever em escritos anteriores. Essa nova perspectiva pode ser percebida em sua carta de 1877 aos editores da Otiechesviennie Zpiski. Na missiva Marx sumariava as idéias de Nikolay Gavrilovich Chernyshevsky, segundo Marx “um grande estudioso e crítico russo”, para o qual a Rússia ao invés de destruir a comuna rural para promover o desenvolvimento, poderia adquirir todos os seus frutos “sem sofrer seus tormentos, desenvolvendo suas próprias condições históricas”. “Eu partilho seu ponto de vista sobre esta questão”, afirmou Marx. E a seguir rejeitou toda tentativa de transformar sua análise do capital em uma filosofia na qual o curso da história universal fosse previamente traçado: “O capítulo sobre a acumulação primitiva não pretende mais do que traçar o caminho pelo qual na Europa ocidental a ordem econômica capitalista emergiu das entranhas da ordem econômica feudal.” (MECW, v. 24, p. 199. Grifos meus.)

Essa passagem de Marx, a qual enfatiza que sua análise se restringia à Europa ocidental, é relevante para compreender a nova visada assumida. De fato, ela lembra uma importante alteração feita alguns anos antes na edição francesa do texto de O Capital.[5] No capítulo sobre a acumulação primitiva, sobre o qual estava fundamentada toda a polêmica com os “marxistas” russos que se apropriavam do texto ao pé da letra, Marx decidiu alterar o texto da edição original alemã para enfatizar justamente o caráter historicamente circunscrito à Europa ocidental de sua análise. A comparação entre os textos evidencia a intenção de Marx:

“Na história da acumulação primitiva fazem época todas as revoluções que servem como ponto de apoio à nascente classe dos capitalistas e principalmente todos os momentos nos quais as grandes massas de homens são despojadas repentina e violentamente de seus meios de subsistência para serem lançadas no mercado de trabalho livre como proletários livres (vogelfreie). A expropriação que priva o produtor rural, o camponês, de sua terra serve de base a todo esse processo. Sua história apresenta uma modalidade diversa em cada país e em cada um deles recorre as diferentes fases em diferentes ordens e em diferentes épocas históricas. Apenas na Inglaterra, que aqui tomamos como exemplo, ela reveste sua forma clássica [Nur in England, das wir daher als Beispiel nehmen, besitzt sie klassische Form].” (Marx, 1990, v. 1, p. 876; MEW v. 23, p. 744.) “Na história da acumulação primitiva fazem época todas as revoluções que servem como alavanca ao avanço da classe capitalista em vias de formação e, principalmente, todas as que despojam as grandes massas de seus meios de produção e subsistência tradicionais, lançando-as imprevistamente no mercado de trabalho. Mas a base de toda essa evolução é a expropriação dos cultivadores. Ela não se completou de uma maneira radical senão na Inglaterra, país, que terá, então, um papel principal em nosso esboço. Mas todos os países da Europa ocidental percorrem o mesmo movimento, ainda que segundo o contexto ele mude sua cor local, ou se restrinja a um círculo mais estreito, ou apresente um caráter menos fortemente pronunciado, ou segundo uma ordem de sucessão diferente [Elle ne s’est encore accomplie d’une manière radicale qu’en Angleterre: ce pays jouera donc nécessairement le premier rôle dans notre esquisse. Mais tous les autres pays de l’Europe occidentale parcourent le même mouvement, bien que selon le milieu il change de couleur locale, ou se resserre dans un cercle plus étroit, ou présente un caractère moins fortement prononcé, ou suive un ordre de succession different] (Marx, 1872, v. 1, p. 315. Grifos meus)

O sentido dessa alteração torna-se ainda mais evidente no uso que Marx fez da edição francesa em sua troca de correspondência com Vera Zasulich em 1881, a respeito do destino da comuna rural russa. Nessa missiva, depois de citar a passagem de O Capital acima destacada, a qual afirmava que todos os países da Europa ocidental deveriam seguir o mesmo caminho de separação do produtor dos meios de produção e da consequente expropriação dos produtores agrícolas seu autor insistiu: “Portanto, a ‘inevitabilidade histórica’ desse processo está estritamente limitada aos países da Europa ocidental” (MECW, v. 24, p. 370).

A particularidade histórica russa era, assim, ressaltada, ao mesmo tempo em que era apontada uma via não-clássica (não-Ocidental) de modernização da sociedade russa. O caráter historicamente particular do desenvolvimento capitalista na Rússia fazia com que, para o autor de O capital, a comuna rural fosse nesse país “o ponto fulcral da regeneração social” (idem, p. 371). No primeiro rascunho a essa carta, Marx havia sido ainda mais enfático, escrevendo:

“Se a revolução vier no momento oportuno, se ela concentrar todas suas forças para permitir à comuna rural seu pleno desenvolvimento, esta poderá prontamente se desenvolver como um elemento de regeneração na sociedade russa e um elemento de superioridade sobre os países escravizados pelo sistema capitalista.” (Idem, p. 360.)

A reflexão marxiana sobre o desenvolvimento do capitalismo na Rússia parece ter alterado até mesmo seu juízo sobre o domínio colonial na Índia. Referindo-se justamente àquelas comunidades que uma vez havia descrito como “semibárbaras e semicivilizadas” e cuja destruição havia considerado um fator de progresso histórico, Marx escreveu:

“No que diz respeito à Índia oriental, por exemplo, todos com a exceção de sir Henry Maine e gente de sua laia, sabem que a supressão da propriedade comunal foi apenas um ato de vandalismo inglês que conduziu os povos nativos não para a frente e sim para trás.” (Idem, p. 365).

Essa nova perspectiva que Marx formulou a partir de sua reflexão primeiro sobre a Irlanda e depois sobre o desenvolvimento do capitalismo na Rússia representa uma ruptura decisiva com toda filosofia da história e assentou as bases para uma melhor compreensão da realidade latino-americana.[6] Mas trata-se apenas de pistas e não de uma resposta acabada a nossas indagações. Para os que vivem neste continente esse deslocamento de perspectiva é fundamental e deveria servir como um ponto de partida para apreendermos nosso desenvolvimento desigual e combinado. Pois do que se trata, para aqueles marxistas que não querem fazer uma filosofia da história, é justamente, de interpretar a particularidade do desenvolvimento capitalista na América Latina. Esse nunca foi um problema para os partidos comunistas de nosso continente, os quais procuraram justificar a política da Internacional Comunista para as colônias e semicolônias por meio de uma teoria que não era, senão, “calco y cópia”.[7]

Para aqueles que se colocavam em outra perspectiva histórica e política, interpretar a América Latina a partir da obra de Marx implicava um esforço criativo de estudo de sua obra, de construção teórica e de um reconhecimento, ao menos implícito, de que a fidelidade à sua dialética implicava, às vezes, no afastamento de seu texto. De fato, também muitas das idéias de Marx estavam fora de lugar em nosso continente. Apropriadas de modo dogmático não faziam senão erguer barreiras cognitivas à compreensão de nossa história. Interpretar essa história foi, assim, o primeiro desafio dos marxistas latino-americanos, dentre eles os brasileiros. Daí que a investigação sobre nossa formação, ou seja, sobre a construção histórica de nossa particularidade, tenha atraído algumas das melhores inteligências como Caio Prado Junior, com seu Formação do Brasil Contemporâneo, de 1942, Nelson Werneck Sodré, com Formação da Sociedade Brasileira, de 1944, e Formação Histórica do Brasil, de 1962, e Antonio Cândido, com a Formação da Literatura Brasileira, de 1957, ou ainda, fora do espectro do marxismo, mas em profundo diálogo com ele, Celso Furtado, com Formação econômica do Brasil, de 1959.

Referências bibliográficas:

DUSSEL, Enrique. El último Marx (1863-1882) y la liberación latinoamericana. México D.F.: Siglo XXI, 1990.

MARIÁTEGUI, José Carlos. Ideologia y politica. Lima: Amauta, 1987. (Obras completas, v. 13)

MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. Werke: Herausgege ben vom Institut für Marxismus-Leninismus beim ZK der SED. Berlin: Dietz-Verlag, 1956 ff. (Citado como MEW).

MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. Collected works. Nova York: International Publisher, 1976ss. (Citado como MECW).

ZEA, Leopoldo. Visión de Marx sobre América Latina. Nueva Sociedad, n. 55, p. 59-66, 1983.


* Uma versão completa deste artigo foi publicada em BIANCHI, Alvaro . O marxismo fora do lugar. Politica & Sociedade, v. 9, p. 177-204, 2010.

[1] A carta não deixava de saudar o nascimento em solo americano, um século antes da “idéia de uma grande República democrática”, da “´primeira declaração dos Direitos do Homem” e do “primeiro grande impulso à revolução européia do século XVIII”.

[2] Nela era ressaltada “a modéstia desse homem grande e bom que o mundo descobriu como herói quando já tinha caído como mártir” (MECW, v. 20, p. 99-100).

[3] Essa chocante opinião a respeito da dominação colonial britânica foi novamente sustentada no artigo “The Future Results of Brithis Rule in India”, de 22 de julho de 1853.

[4] As minutas da reunião do Conselho Geral da Associação Internacional dos Trabalhadores de 14 de dezembro de 1869 registram: “Ele [Marx] considerou a solução da questão irlandesa como a solução da inglesa e a inglesa como a solução da européia.” (MECW, v. 21, p. 413.)

[5] Enrique Dussel (1990, p. 255-256) chamou a atenção para essa mudança e para sua importância.

[6] Enrique Dussel (1990) destacou com ênfase a importância desse ‘último Marx” para a América latina.

[7] Construída após a afirmação de um programa, a sofrível interpretação da América Latina pelos partidos comunistas, elaborada a partir da década de 1920, não fazia senão reproduzir uma cultura de manuais na qual as diversas etapas do desenvolvimento econômico e social pelas quais a Europa supostamente teria passado eram universalizadas. Essa operação intelectual visava sustentar as políticas de alianças com a burguesia nacional e a afirmação de programas “nacional-populares”, “democrático-populares” ou “democrático-nacionais”.