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TEORIA

Comissão Trilateral: uma Internacional para o capital (parte 1)

Rejane Carolina Hoeveler

Nos últimos dias ocorreu em Berlim, na Alemanha, o encontro anual da Comissão Trilateral, organização fundada em 1973 por David Rockefeller e Zbigniew Brzezinski. No primeiro dia da reunião, a presença mais destacada foi a de Angela Merkel, que proferiu conferência seguida de debate entre os comissionários. Em artigo no New York Times, 15 de março, Jean-Claude Trichet, presidente do Banco Central Europeu e Comissão Trilateral na Europa, disse que uma “governança de confiança” de uma Europa diante da crise global é um dos pontos em discussão no encontro.[1] O receituário de Trichet segue o “ajuste resoluto e corajoso” que vem sendo adotado pelos países em desequilíbrio, e ressalta a importância do que vem sendo chamado de “Macroeconomic Imbalance Procedure” (algo como “Regra de Desequilíbrio Macroeconômico”), para “monitorar a competitividade” desses países. No coração desta forma de administração da crise, estaria uma maior união dos bancos, além das “indispensáveis reformas estruturais”. A união política da Europa deveria ser aumentada pelo reforço de poderes do Parlamento Europeu (que terá eleições em 2014) como forma de calcular a compactação fiscal. Nas palavras de Trichet, “não há tempo para complacência”. Do lado de fora do hotel em que estavam reunidos, estourava a crise em Chipre.

Organização internacional das frações dominantes do capital, a CT reúne os maiores conglomerados capitalistas do mundo e representantes da maioria esmagadora dos governos da Europa e América do Norte. Empresas como Citigroup, Pirelli, Heinecken, HSBC, Grupo Rothschild, Ducati, Unilever, Repsol, Fiat, Allianz, Santander, entre centenas de outras.

Se pode haver algo como uma Internacional capitalista, a Comissão Trilateral é, certamente, forte candidata ao posto.

Os quadros da CT

Podemos encontrar no time da CT os representantes das maiores corporações capitalistas do mundo, da indústria, das finanças, da mídia, inúmeros presidentes de Bancos Centrais e ministros de Estado, todos, sem exceção, membros de importantes instituições acadêmicas. A lista, de cerca de 300 no total, é significativa, já que todos os membros da CT ocupam altos cargos em postos estatais, empresariais e acadêmicos.[2]

Dos EUA, temos por exemplo nomes como Paul Volcker, presidente do FED entre 1979 e 1987 e atual conselheiro para recuperação econômica de Barack Obama; Condoleezza Rice (que depois da Guerra ao Iraque dispensa maiores apresentações); Henry Kissinger (principal nome da política externa americana desde os anos 1960, que dirigiu a guerra do Vietnã e se converteu ao trilateralismo em 1975) e Joseph S. Nye, presidente do National Intelligence Council e Secretário-assistente de Defesa, atual presidente da CT.

Além desses pesos-pesado, são atualmente membros da CT inúmeras figuras de proa do governo Barack Obama, entre eles, o Secretário do Tesouro; dois Secretários de Estado; o porta-voz da Câmara dos Deputados; o Secretário de Defesa; o Comandante-em-chefe do Comando do Pacífico (a maior divisão militar do país); o Presidente e Chefe Executivo do Federal Reserve Bank of New York; o presidente e um diretor do Conselho Econômico de Obama; o Diretor de Planejamento de Políticas do Departamento de Estado e Presidente do Council on Foreign Relations [3], além do embaixador dos EUA na ONU e no Iraque (e um dos principais nomes no planejamento e execução da invasão ao Iraque em 2003); [4] para não mencionar aqueles que são figuras influentes no Estado, mesmo sem ocupar cargos oficiais, como o próprio Rockefeller, Brzezinski, C. Fred Bergsten, etc. O Canadá participa do mesmo Comitê Executivo com Roy MacLaren, Ministro do Comércio Internacional, entre outras inúmeras figuras empresariais e acadêmicas.

Alguns personagens centrais no atual governo do México, como o Secretário de Comércio e Desenvolvimento Industrial; o ministro da Saúde; o Secretário de Transportes e Comunicações, e o diretor do fundo mexicano do NAFTA (e secretário de finanças do México entre 1984 e 1996, no auge da neoliberalização do país), [5] estão na Comissão.

Do significativo elenco europeu, fazem parte da atual liderança da CT, além do já mencionado Trichet, o ex-primeiro ministro italiano Mário Monti, conselheiro da Goldman Sachs; Lucas Papademos, ex-primeiro-ministro da Grécia, (vice-presidente do Banco Central Europeu de 2002 a 2010 e membro da CT desde 1998); Peter Sutherland, presidente da Goldman Sachs e diretor da British Petroleum, entre outros cargos [6]; Michael Fuchs, diretor de uma série de associações empresariais na Alemanha, entre elas a Confederação dos empregadores alemães, e chefe do CDU-CSU[7] (coalizão política de Merkel, majoritária) no Parlamento Alemão; Jorge Braga de Macedo, ex-ministro das Finanças de Portugal; Edmond Alphandéry, ex-ministro da Economia e Finanças da França e presidente da Electricité de France (EDF); e Marek Belka, primeiro-ministro, ministro das Finanças e presidente do Banco Nacional da Polônia, e ainda Diretor do Departamento Europeu do FMI.[8]

Como membros do Comitê Executivo da CT pela Europa, temos ainda os Primeiros-ministros da Finlândia, Romênia e Irlanda; o Presidente da República da Bulgária; o Presidente do Banco Nacional da Hungria; o Presidente do Conselho de Diretores do Banco Nacional da Dinamarca; o Ministro de Estado e Diretor do Banco Nacional da Bélgica; o ministro da Defesa da Noruega; o secretário-geral da Convenção Européia e também membro da Câmara dos Lordes da Inglaterra; e a ministra de Assuntos Europeus e Internacionais da Áustria.[9]

Representando o Pacífico e a Ásia, estão os presidentes das maiores corporações japonesas e asiáticas, como Fuji-Xerox, Sony e Nippon; o dono do maior grupo de mídia da Coréia do Sul, o JoongAng Media Network, e ainda, o conselheiro-sênior do Banco de Tokyo-Mitsubishi (o maior do Japão) e o Secretário de Finanças das Filipinas.[10]

Inicialmente abarcando apenas as elites dos países trilaterais, a CT foi, como previsto em seus planos originais, alargando seu elenco pelo mundo. Foi pioneira em estabelecer contatos dos capitalistas ocidentais com a China e a então URSS, atuando de forma estratégica na implantação do neoliberalismo nestas regiões; conta, ao menos desde 2008 (formalmente), com participantes da China e da Índia; e também com um expressivo representante do capital financeiro brasileiro, o presidente do Banco Itaú, Roberto Setúbal.

Origens e atuação da Comissão

As primeiras sementes para o nascimento da Trilateral foram lançadas ainda em 1970, com a publicação do livro de Zbginiew Brzezinski, Entre duas eras, no qual o futuro homem forte do governo Jimmy Carter proclamava que a “comunidade emergente de nações desenvolvidas requereria alguma expressão institucional”.

Em 1971, o então professor da Universidade de Columbia funda o Tripartite Studies, pela Brookings Institution – um conhecido think-thank para administrações democratas – o qual estabeleceu contrapartes no Japanese Economic Research Center e Institute of University Studies da Comunidade Européia. Os Tripartite Studies impressionaram e convenceram David Rockefeller para uma perspectiva “trilateralista”. No ano seguinte, Rockefeller já discursava diante de fóruns americanos e europeus do Chase Manhattan, a favor do que ele estava chamando de “Comissão Internacional para a Paz e a Prosperidade”. Ainda em 1972, a dupla apresentou a idéia num encontro do Bilderberg Group, organização fundada em 1954 pelo Príncipe Bernhard, da Holanda, que cumpriu tarefa fundamental de entrelaçar as elites de EUA e Europa Ocidental sob o paradigma do “atlanticismo”.[11]

O que promoveu grande impulso à adesão à plataforma trilateralista, entre os círculos empresariais e burocráticos nos EUA, foram os famigerados “choques de Nixon”, de 1971. A súbita e unilateral decisão de desvincular o dólar do ouro, gerando uma desvalorização da moeda americana para equilibrar a balança comercial, foi encarada pelos CEOs das corporações globais como uma atitude “neomercantilista” que poderia levar a uma “onda protecionista”. No prazo de meses, diversos membros da administração Nixon renunciaram a seus cargos e se engajaram na CT.

Porém, mais importante que este dado conjuntural, era o cenário mais amplo vivido no mundo ocidental entre o fim dos anos 1960 e início da década de 1970: a vaga revolucionária que sacudiu o mundo, culminando em 1968; e os indícios cada vez mais fortes de uma crise econômica mundial, que seria agravada pela crise energética. Era necessária uma estratégia em termos globais para restaurar a qualquer custo (mesmo de uma recessão controlada) o poder de classe da burguesia, e, como se sabe, essa estratégia foi o neoliberalismo.

A Comissão Trilateral foi um dos principais fóruns de formulação das políticas monetaristas, como fica claro em seus relatórios de meados dos anos 1970. Não por acaso partiu do trilateralista Paul Volcker o “choque” de 1979 que gerou automaticamente um aumento exponencial nas dívidas externas de países capitalistas periféricos como o Brasil.[12] Os trilateralistas admiravam o laboratório implantado no Chile no mesmo ano do nascimento oficial da Comissão, embora o cenário de um golpe militar não fosse o preferido como enquanto método para a disseminação da receita neoliberal. A CT optava pela formatação de “democracias restritas”, tal como ficou explícito no famigerado relatório de Samuel Huntington (um conhecido cientista político de Harvard, que planejara em 1968 o programa de “urbanização forçada” para o Vietnã), intitulado Crisis of Democracy. Na opinião de Huntington, o problema das democracias contemporâneas era o “excesso de participação” permitida pelos regimes democráticos; a receita, portanto, era diminuir a democracia – para salvar a democracia da própria democracia! A noção foi estendida, no fim dos anos 1970 e início dos 1980, aos inúmeros países que viviam o fim de longas ditaduras militares, tanto na América Latina, quanto no sul da Europa (Portugal, Espanha e Grécia).[13] Huntington, aliás, tinha feito suas passagens pelo Brasil de Médici, prescrevendo um receituário para uma descompressão política controlada, e que serviu de base para os planos de liberalização “lenta, gradual e segura” de Geisel.[14]

A primeira vitória concreta da CT, porém, foi a eleição, em 1976, do pupilo de Brzezinski – o democrata Jimmy Carter, cujo alto staff era praticamente todo formado por comissionários.[15] Desde o governo Carter até hoje, todas as administrações dos EUA, republicanas e democratas, contaram com inúmeros elementos de peso da Trilateral. Também em outros países, especialmente na Europa, inúmeros membros da CT alcançaram altos postos governamentais e parlamentares no mesmo período. Em síntese, o trilateralismo passou a ser o credo de uma verdadeira classe dominante internacional.

O conservadorismo das visões obscurantistas

Grande parte dos artigos sobre a CT que circulam na internet divulga uma visão “conspiracionista”, de conteúdo obscurantista e ultra-nacionalista; basta uma clicada para ver como uma quantidade não desprezível dos comentários veiculados na rede sobre este organismo é totalmente absurda, associando a CT a algum tipo de “conspiração judia” e/ou “marxista-comunista” (!?), aos “Illuminatti”, e coisas deste tipo. Embora evidentemente impossível de ser levado a sério por qualquer leitor minimamente atento, esse tipo de desinformação colabora para difundir uma mistificação conservadora.

Em primeiro lugar, a CT não é uma organização secreta, que confabula seus planos numa sala escura e escondida; muito ao contrário, a Comissão faz também aquilo que poderíamos chamar, em termos gramscianos, de construção de consenso e “disputa de hegemonia”. (Claro que não dirigido diretamente a um grande público, mas sim às próprias burguesias). Por exemplo, divulga seus relatórios, se faz noticiar na grande imprensa, os locais de seus encontros são antecipadamente conhecidos, assim como seus membros, e a maior parte dos relatórios (os Task Forces Reports), dos boletins (Trialogues) e das agendas (incluindo falas de membros) de todos os encontros desde 1973 está disponível ao público em seu site (www.trilateral.org). Obviamente, esses encontros não são abertos, mas assistidos apenas por jornalistas “confiáveis” (ligados aos grupos de mídia que participam da própria CT), e são evidentemente blindados contra quaisquer tipos de manifestação, tanto quanto qualquer encontro de fóruns como o G-7, o G-20, o Fórum Econômico Mundial, o Banco Mundial, o FMI, etc. Por sinal, a CT reúne membros proeminentes de todos estes organismos, agindo por isso como um verdadeiro “Estado-Maior” do capital.

Para avançar na análise de tais organismos ligados ao capital a partir de uma perspectiva marxista, é fundamental, no entanto, ter em conta que eles não são e nem poderiam ser onipotentes; são apenas instrumentos forjados por uma fração de classe de acordo com interesses comuns, mas que (infelizmente para eles, felizmente para nós) não têm o poder de controlar ou de anular a luta de classes, sequer de dirimir os (por vezes explosivos) conflitos intra-capitalistas. Em outras palavras, por mais organizados que estejam, eles não podem simplesmente decretar o “fim da História”, como tentou fazer em 1989 um simpatizante da CT, Francis Fukuyama.

Portanto, para escapar de impressionismos em relação a estes órgãos, mas ao mesmo tempo dimensionar sua real importância para a manutenção da ordem capitalista e imperialista, devemos ter claro que existem limites históricos mesmo às suas ações, colocados basicamente pela resistência, real ou potencial, do proletariado. Um exemplo bastante atual é a persistente resistência dos trabalhadores europeus à aplicação das nefastas políticas da Troika,[16] composta, aliás, por proeminentes membros da Comissão.

Controvérsias teóricas e implicações políticas

Há controvérsia, no atual debate marxista, se existe uma classe ou uma fração de classe capitalista transnacional, tal como defendem autores chamados neogramscianos. Marx fez menções, ainda no Manifesto Comunista, à existência de uma classe burguesa internacional; e n’O Capital, sua Magnum opus, afirmou categoricamente a tendência expansionista, universalizante, do modo de produção capitalista. Por outro lado, a própria concorrência, característica do mercado mundial, representaria sempre um entrave para uma ação de classe entre os capitalistas à escala internacional. Afinal, é possível uma união duradoura entre os capitalistas? Pode ter a burguesia consciência de classe? Até onde vai o “internacionalismo” capitalista?

O debate no início do século XX entre Lenin e Kautsky sobre a possibilidade de uma coalizão internacional do capital, que levasse a uma paz duradoura entre as nações no coração do sistema, já tinha voltado a levantar interessantes debates entre os marxistas que procuraram caracterizar o sistema interestatal do pós-Segunda Guerra.[17] O fenômeno ainda mais recente de capitais provenientes de nações periféricas (brasileiros entre eles) agindo internacionalmente (como o próprio Itaú de Setúbal, nosso ilustre comissionário trilateralista!) adiciona ainda mais complexidade a este debate fundamental para os marxistas.[18]

A questão do Estado também volta a ganhar importância central para o marxismo a partir dos novos fenômenos históricos: com os ventos dos discursos “globalizantes”, parte da esquerda foi ganha para a ideia de que de fato teria diminuído a importância do Estado Nacional, em face de um todo-poderoso mercado; nada mais falso, pois sem Estado, simplesmente não há mercado, e nem capitalismo. A confusão acabou por trazer, pela porta dos fundos, velhas esperanças stalinistas em um capital nacional que se oporia a um “grande capital estrangeiro”…

O fato inegável é que o processo irreversível de internacionalização do capital levou a um empenho, por parte das frações burguesas mais internacionalizadas e “conscientes”, para uma atuação política mundial unificada. Esse processo, por um lado, nos leva a refletir sobre as mudanças nas formas de expansão e reprodução do capital nos dias de hoje, assim como de suas organizações políticas estratégicas, que certamente, diferem em muito do que era o cenário encontrado por Lenin há quase cem anos. Mas, por outro lado, certamente reafirma, de forma contundente, a premente tarefa da classe trabalhadora de se organizar internacionalmente, já colocada desde Marx e enfatizada posteriormente por Lenin e, de forma dramática, por Trotsky.

De qualquer forma, a esquerda revolucionária deve acompanhar os passos dos estrategistas do capital, pois estes certamente acompanham os da classe trabalhadora.

Referências bibliográficas:

ASSMAN, Hugo; SANTOS, Theotônio dos; CHOMSKY, Noam (orgs.). A Trilateral – nova fase do capitalismo mundial. Petrópolis: Vozes, 1979.

BRZEZINSKI, Zgbiniew. Entre duas eras. América: laboratório do mundo. Rio de Janeiro: Artenova, 1971.

COLLIER, Peter & HOROWITZ, David. The Rockefellers. An American dinasty. Bantham, 1977.

CROZIER, Michel; HUNTINGTON, Samuel P.; WATANUKI, Joji. The crisis of democracy: report on the governability of democracies to the Trilateral Commision. New York: New York University Press, 1975.

FONTES, Virgínia. O Brasil e o capital-imperialismo. Teoria e História. Rio de Janeiro: EdUfrj-Fiocruz, 2010.

GILL, Stephen. American Hegemony and the Trilateral Commission. Cambridge: Cambridge University Press, 1990.

LENIN, V.I. O imperialismo, fase superior do capitalismo. São Paulo: Centauro, 2005.

PETRAS, James. Class, State and Power in the Third World. New Jersey, Allanheld, Osmun & Publishers, 1981.

SKLAR, Holly. Trilateralism: the Trilateral Commission and Elite Planning for world management. Boston, South and Press: 1980.

Este artigo é em parte resultado de pesquisa de mestrado em curso no âmbito do Programa de Pós-Graduação em História Social (PPGHS) da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Notas:


[1] O artigo pode ser acessado em: http://www.nytimes.com/2013/03/16/opinion/global/the-euro-zone-and-the-global-crisis.html.

[2] Por motivos de espaço, citamos apenas alguns desses nomes e apenas alguns de seus respectivos cargos (dados de março de 2013 retirados do site oficial da CT).

[3] Antecessor da CT, criado em 1919 nos EUA.

[4] Respectivamente, C. Fred Bergsten; Strobe Talbott e Madeleine K. Albright; Thomas S. Foley; Graham Allison; Adm. Dennis B. Blair; William C. Dudley; Austan Goolsbee e Lawrence H. Summers; Richard N. Haass e John D. Negroponte.

[5] Respectivamente, Herminio Blanco Mendoza; Julio Frenk; Luis Téllez Kuenzler e Jaime Serra.

[6] E que “coincidentemente” foi condecorado por FHC com a Ordem de Rio Branco, em 1996.

[7] Siglas em alemão para União Democrata Cristã e União Social-Cristã, conhecidas no Bundestag como “a União”.

[8] A Polônia foi um dos mais brutais casos de aplicação planejada da receita neoliberal no Leste Europeu: em 1990, a OCDE, FMI, BM, e uma série de think-thanks, bancos e empresas transnacionais, (incluindo um assessor do sindicato Solidariedade, o professor Jeffrey Sachs, de Harvard) se reuniram para produzir um pacote de medidas que visava liberalizar do dia para a noite a economia polonesa, que depois foi o modelo adotado na Rússia.

[9] Respectivamente: Esko Aho, Mugur Isarescu e John Bruton; Petar Stoyanov; György Surányi; Nils Bernstein; Luc Coene; Grete Faremo; Lord Kerr of Kinlochard; e Ursula Plassnik.

[10] Respectivamente, Yotaro Kobayashi, Hong SeokHyun, Toyoo Gyohten e Roberto F. de Ocampo.

[11] Que também existe até hoje, mas cujos encontros são, estes sim, secretos, ao contrário da Trilateral.

[12] Que era líder no ranking das maiores dívidas externas em meados dos anos 1980.

[13] Para uma caracterização destas democracias pós-transições, ver artigo recente de DEMIER, Felipe. “Democracias blindadas dos dois lados do Atlântico: dominação político-social e contrarreformas no tardocapitalismo (Portugal e Brasil)”, acessível em http://www.editoraufjf.com.br/revista/index.php/libertas/article/view/2064/1500.

[14] Desenvolvemos este tema em “Samuel Huntington e a transição gradualista no Brasil (1972-1974)” e em “A distensão gradualista: elaboração civil e militar no projeto estratégico de Golbery e Geisel (1972/1973)”, este último disponível no link: http://www.encontro2012.rj.anpuh.org/resources/anais/15/1338429251_ARQUIVO_Adistensaogradualista.pdf.

[15] Incluindo o vice-presidente, o secretário de Estado, o embaixador para a ONU, o secretário de Defesa, e o presidente do FED, Paul Volcker; Huntington foi nomeado para o Conselho de Segurança Nacional.

[16] Termo usado para referir-se à união entre o Banco Central Europeu, FMI e Comissão Européia. Seus três chefes desde 2011 são da CT: Jürgen Kröger (C.E.), Rasmus Rüffer (BC), Poul Thomsen (FMI) – este último membro desde 1998.

[17] Estamos nos referindo ao debate entre os chamados “neokautskistas” como Harry Magdoff, Martin Nicolau e Pierre Jalée, e aqueles que deram continuidade à interpretação de Lenin sobre o imperialismo, principalmente E. Mandel e, posteriormente, J. Petras e R. Rhodes, entre outros.

[18] No Brasil, um esforço para a compreensão deste fenômeno é desenvolvido pela historiadora Virgínia Fontes (2010).