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As campanhas salariais devem se transformar em uma verdadeira guerra em defesa dos direitos dos trabalhadores

André Freire

Historiador e membro da Coordenação Nacional da Resistência/PSOL

Por: André Freire, colunista do Esquerda Online

Nos meses de setembro, outubro e novembro, importantes categorias nacionais da classe trabalhadora brasileira estarão em campanha salarial, petroleiros, trabalhadores dos Correios, metalúrgicos em algumas regiões, entre outros. Os funcionários públicos também seguem em luta em defesa de direitos.

As categorias, que neste ano terão renovação dos seus acordos coletivos de trabalho, enfrentarão uma verdadeira guerra em defesa dos seus direitos trabalhistas. Por exemplo, já na semana passada, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos já cancelou vários direitos adquiridos e conquistados pelos seus trabalhadores, em anos seguidos de lutas e greves.

Estas campanhas salariais vão ocorrer num momento onde os patrões e seus governos querem ir para cima para ampliar o arrocho salarial e retirar direitos históricos da nossa classe. Na esteira da aprovação das reformas reacionárias propostas pelo governo ilegítimo de Temer, vão querer impor agora novos ataques aos trabalhadores.

Querem seguir o exemplo nefasto da famigerada reforma trabalhista e da lei que prevê a ampliação da terceirização para as atividades fins das empresas, aprovadas por este Congresso Nacional de maioria corrupta e reacionária.
A Federação das Indústrias de SP – FIESP já aumenta seu lobby para flexibilizar ainda mais os direitos trabalhistas. Infelizmente, contando para isso com o apoio velado de dirigentes de várias centrais sindicais, tais como a Força Sindical, CTB e UGT. É um gravíssimo erro negociar rebaixamento de direitos. A hora é de ampliar a resistência dos trabalhadores.

Frente única por nem um direito a menos
Nosso movimento deve repudiar desde já qualquer negociação de redução de direitos com os patrões e governos. Rebaixar direitos não garante os empregos, a única saída é apostar cada vez mais na mobilização.
Diante deste quadro de ataques dos patões e governos e de resistência dos trabalhadores, a saída é buscar a mobilização direta em defesa dos direitos e pelo justo reajuste dos salários.

O último dia de luta, em 14 de setembro, deve ser considerado apenas um primeiro passo. Os próprios limites deste dia de luta demonstram, mais uma vez, que os sindicatos e as centrais sindicais devem buscar cada vez mais a unidade de ação. É preciso romper também com o corporativismo de cada categoria. Só com a unidade do conjunto dos trabalhadores em luta, poderemos frear esta onde de ataques aos direitos e conquistar nossas reivindicações.
Na construção da unidade não devemos cair em disputas equivocadas de protagonismos entre as direções sindicais, o fundamental é fortalecer as lutas e ampliar a mobilização.

Por isso, as centrais sindicais e os sindicatos destas categorias que entrarão em luta neste momento devem marcar um novo dia nacional de lutas e paralisações, para acumularmos forças para a defesa dos nossos direitos e conquista do reajuste dos salários.

Unir os lutadores e lutadoras da classe trabalhadora e da juventude
Nas próximas semanas, se reúne o importante Congresso Nacional da CSP-Conlutas, entidade sindical e popular que buscou se construir como uma alternativa de luta e democrática às direções das demais centrais sindicais.

Esse Congresso deve tomar a iniciativa de propor ao conjunto dos movimentos da classe trabalhadora, da juventude, movimentos populares urbanos e do campo, movimentos de luta contra as opressões, a construção de um Grande Encontro Nacional, para debater uma alternativa do povo trabalhador frente à crise política, econômica e social em que vive nosso país e definir um plano de ação emergencial que busque impedir a retirada de direitos.

Em 2007, há exatos dez anos, se realizou um encontro como este, unindo a Conlutas, a Intersindical, a MST, o MTST e a Cobap, entre outras entidades, contando com cerca de seis mil presentes, em São Paulo. Ele definiu uma agenda de lutas contra as reformas neoliberais e, mesmo com todas as dificuldades, conseguiu derrotar ataques importantes do ex-governo Lula e do Congresso Nacional.

Os ataques atuais são ainda mais graves e a hora é repetir exemplos com estes. Neste momento, precisamos de uma unidade ainda mais ampla, buscando todas as entidades e movimentos que estão contra estes terríveis ataques e que se negam a entregar os direitos trabalhistas, independente de suas origens e direções políticas.
A tarefa fundamental é batalhar cada vez mais pelo fortalecimento das lutas da nossa classe, construindo uma verdadeira frente única dos trabalhadores e do povo contra os patrões e seus governos.