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08/03 – Dia internacional da mulher (breve histórico, para não falar só de flores)

Chico Alencar

Chico Alencar é professor de História graduado pela UFF, mestre em Educação pela FGV e doutorando na UFRJ. Tem 30 anos de experiência na política institucional, já tendo sido Deputado Federal por quatro legislaturas. Ganhou nove vezes o prêmio de “Melhor Deputado” do site Congresso em Foco e foi escolhido por jornalistas o parlamentar mais atuante do Brasil. Chico Alencar foi eleito em 2022 com 115.023 votos pelo PSOL-RJ para mais um mandato de Deputado Federal.

A ideia de um Dia Internacional da Mulher surge na virada para o século XX, no contexto da Segunda Revolução Industrial, quando ocorre a incorporação em massa da mão-de-obra feminina na indústria.

As condições de trabalho, insalubres e perigosas, eram motivo de protestos por parte das trabalhadoras. Também as limitações para votar e ser votadas eram alvo de denúncia das “sufragistas”.

Muitas manifestações ocorreram em várias partes do mundo, nas duas primeiras décadas do século XX, destacando-se Nova York, Berlim, Viena e São Petersburgo.

O primeiro Dia Internacional da Mulher foi celebrado em 28/02/1909, nos Estados Unidos, por iniciativa do Partido Socialista da América do Norte. Uma memória do protesto contra as más condições de trabalho das operárias da indústria do vestuário de Nova York. Já em 8/3/1857 dezenas de tecelãs tinham sido mortas na cidade, quando reivindicavam, em greve de ocupação, melhores condições de trabalho e direito ao voto.

Em 1910, houve a primeira Conferência Internacional de Mulheres, em Copenhagen, dirigida pela Internacional Socialista. Aí foi aprovada proposta da socialista alemã Clara Zetkin para a instituição do Dia Internacional da Mulher, embora nenhuma data tivesse sido especificada.

No ano seguinte, o Dia Internacional da Mulher foi celebrado, em 19/03, por mais de um milhão de pessoas, na Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíça.

Poucos dias depois, em 25/03/1911, um incêndio na fábrica da Triangle Shirtwaist mataria 146 trabalhadoras – a maioria costureiras. Este foi considerado o pior incêndio da história de Nova York.

A morte das trabalhadoras da Triangle se incorporou ao imaginário coletivo, e esse episódio é, com frequência, erroneamente, considerado como a origem do Dia Internacional da Mulher.

O 8 de março acabou prevalecendo graças à onda de protestos contra a fome e a Primeira Guerra Mundial – que tomaram conta da Rússia em 1917 – e que culminaria na Revolução Russa.

Um grupo de operárias russas saiu às ruas em 23 de fevereiro do antigo calendário russo — o equivalente a 8 de março no calendário gregoriano, que os soviéticos acabariam adotando em 1918, e que é utilizado pela maioria dos países do mundo hoje.

Finalmente, o Dia Internacional das Mulheres foi oficializado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1975.

Hoje, a data é cada vez mais lembrada como um dia de reivindicação de igualdade de gênero, com manifestações ao redor do mundo.

A luta continua, contra a exploração do trabalho, a privação de direitos, a violência, o feminicídio. E a misoginia, o machismo e o patriarcalismo (ainda introjetados em nós, homens). Nesse 8 M e em todos os dias.